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Domamos o UTV com motor 1.0 que anda mais rápido que um Porsche

Mais potente que um Polo GTS, Polaris RZR Pro XP Ultimate oferece desempenho invejável na terra. Mas nem pense em levá-lo para o asfalto...

Por Gabriel Aguiar
Atualizado em 4 set 2020, 15h27 - Publicado em 30 mar 2020, 07h00
Não é montagem: o UTV (quase) sobe em paredes (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Aonde você chegaria em 1h20min de viagem? Com avião, daria para viajar de São Paulo a Florianópolis (SC). Só que, no meu caso, serve apenas para cruzar os 25 km que separam minha casa da Editora Abril. Todos os dias.

E garanto que dirigir, até para nós, apaixonados por carros, pode ser bem entediante.

Mas que tal fugir dessa rotina de trânsito, estresse e até dos motoristas que não dão seta? Pois saiba que o Polaris RZR Pro XP Ultimate talvez seja o veículo ideal para fazer essa terapia de desintoxicação urbana.

Um monstro no off-road: 90º de ângulo de entrada e altura livre do solo de 36,8 cm (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Ele é um dos brinquedos mais surpreendentes que já experimentei. No asfalto, tive a chance de dirigir Mercedes-AMG GT-R e Porsche Taycan Turbo S, que, para mim, são dois dos veículos mais divertidos à venda – ambos com 0 a 100 km/h abaixo de 4 segundos.

Também já disputei ralis de regularidade e estive a bordo de uma Mitsubishi L200 Triton Sport de corrida comandada pelo piloto Guiga Spinelli, pentacampeão do Rally dos Sertões.

Mas quer saber? Nada se comparou à experiência de acelerar nas trilhas estreitas da Serra do Japi, em Jundiaí (SP).

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Andando rápido, o consumo de gasolina do motor de 184 cv pode baixar a 2 km/l (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Esse foi meu primeiro contato com um UTV (Utility Task Vehicle, ou veículo utilitário multitarefa). Por isso, passei alguns minutos me familiarizando com cada comando da cabine.

Tudo bem que o painel tem a simplicidade de um fora de série dos anos 80, só que não faltam central multimídia sensível ao toque, quadro de instrumentos com tela digital (e mostradores analógicos), som da grife Rockford Fosgate com 400 W, cintos de seis pontos e até botão de pânico para a suspensão. Mas falarei disso depois…

(Christian Castanho/Quatro Rodas)

O motor turbo de 925 cm3 – menor até que aqueles usados por Renault Kwid e VW Up!, ambos com 999 cm3 – rende absurdos 184 cv de potência e 16,3 mkgf de torque. É muito mais do que um esportivo como o Polo GTS, com 150 cv.

E tudo isso com apenas dois cilindros! Com somente 795 kg (seco), não é de estranhar que o Polaris acelere brutalmente e, ainda que a empresa não diga oficialmente, fontes ligadas à marca garantem que o “esportivo das trilhas” chega aos 100 km/h em apenas 4,6 segundos.

É o mesmo índice alcançado por um Porsche 718 Boxter ou um Macan S atuais, e abaixo de versões básicas do Cayenne.

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Dá para comprar para-brisa e portas fechadas como acessórios (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Engraçado é pensar que os UTVs surgiram na América do Norte como veículos para trabalho. E, ainda que existam modelos dedicados a tarefas brutas de fazendas e obras em locais quase inacessíveis, os mais caros têm até iluminação de leds e coluna de direção com ajustes de altura e profundidade (inéditos no segmento).

Se o espaço de carga é limitado e só leva duas pessoas, pelo menos o RZR Pro XP tem o melhor desempenho da família Polaris.

Apesar dos vários itens de série, a cabine possui materiais simples (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Não espere para-brisa, janelas ou portas completamente fechados. Por isso, capacete e blusa com manga comprida são itens (quase) obrigatórios para quem pretende aproveitar com esse veículo pelas trilhas sem sofrer arranhões.

Posso garantir, por experiência própria, que só não fui atingido por um galho quando estava a mais de 120 km/h por conta dos equipamentos de proteção. E, em caso de chuva, fique tranquilo que a cabine é impermeável e tem ralos para ajudar a escoar a água.

Volante concentra os ajustes da suspensão (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Não é nada simples tentar definir essa mistura inusitada de natureza quase inexplorada, ruído do motor gritando acima dos 6.000 rpm logo atrás dos bancos e velocidade inacreditável para tais condições. 

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Talvez eu nunca tenha experimentado uma direção com respostas tão diretas. Ou foi só minha mente, que jamais imaginou tamanha agilidade nas curvas de terra. De qualquer forma, a tecnologia atua de maneira discreta, só para te fazer sentir com as habilidades de um piloto de rali profissional.

Tela de 7 polegadas é sensível ao toque, reconhece outros Polaris no mapa (Christian Castanho/Quatro Rodas)

A tração integral atua sob demanda e envia força às rodas quando você precisar – isso inclui deixar a traseira suficientemente solta para arrancar sorrisos. Até o criticado sistema de câmbio CVT parece ter encontrado seu lugar: a aceleração constante parece de um kart (muito) rápido.

Após minutos ao volante, é fácil desafiar os próprios limites para dirigir cada vez mais rápido. E, mesmo provocando, não levei sustos, já que cada reação é incrivelmente previsível.

(Christian Castanho/Quatro Rodas)

Só que o principal protagonista desse utilitário é o sistema de suspensão ativa. O conjunto merece o parágrafo à parte porque, além dos cursos de 50,8 cm na dianteira e 55,9 cm na traseira – que se adaptam a qualquer buraco quase sem transmiti-lo à cabine –, é possível escolher entre três níveis: Comfort, Sport e Firm.

Há até um botão no volante apenas para emergências, que eleva ao máximo a rigidez dos amortecedores para evitar danos em caso de crateras.

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Quadro de instrumentos indica rodas tracionadas (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Mais que levar apenas um brinquedo para casa, o comprador do RZR Pro XP (ou qualquer outro da marca) acaba se tornando parte de um grupo. Isso porque, além de existirem grupos de clientes que organizam passeios, esse UTV é capaz de reconhecer outros Polaris com uma antena de rádio e mostra onde eles estão no mapa do GPS da central multimídia.

Apesar de atuar em um nicho, a Polaris tem representação oficial no Brasil e vendeu cerca de 1.000 unidades em 2019. Foram 12% de aumento em relação ao ano anterior e, desse total, aproximadamente 60% eram UTVs (também há os quadriciclos, um tipo de moto de quatro rodas, com guidão).

Todos os comandos da cabine são à prova d’água (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Segundo a empresa, que pretende chegar a 35 revendas neste ano, os maiores mercados por aqui são o Ceará e cidades do interior de São Paulo. Há até uma competição com cinco etapas que (por enquanto) é exclusiva do nosso país.

Antes de pensar em comprar esse Polaris, é preciso ficar atento a alguns probleminhas. O maior deles é o preço: R$ 127.990. Mas há o modelo RZR S 900 EPS, com só 75 cv, que custa R$ 65.990. Por ser um UTV, a legislação não permite que ele seja licenciado e, portanto, não pode circular em vias públicas.

Câmbio CVT tem alavanca com acionamento difícil (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Além disso, as revisões são definidas por horas de uso, a garantia é de só seis meses e não há plano de financiamento. Por fim, não espere nenhum conforto – até a alavanca do câmbio é difícil de mover.

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Já deu para perceber que não é uma diversão fácil e nem barata, né? Mas, se você puder, tenha a certeza de que ele é garantia de muita diversão no fim de semana e um relaxante retorno ao trabalho na segunda-feira.

Veredicto

Este Polaris mostrou-se muito divertido e sensorial como poucos carros da atualidade poderiam ser, mas ainda é um brinquedo caro e com uso restrito

Ficha técnica

RZR Pro XP Ultimate
Preço:
R$ 127.990
Motor: gasolina, central traseiro, transversal, 2 cilindros em linha, turbo, 925 cm³; 8V, 9:1, 184 cv a 8.000 rpm, 16,3 mkgf a 5.700 rpm
Câmbio: automático CVT, tração integral
Suspensão: braço duplo arqueado (diant.); braço direto (tras.)
Freios: disco ventilado (diant. e tras.)
Direção: elétrica
Rodas e pneus: 30 10-14 Maxxis Carnivore
Dimensões: compr., 320 cm; larg., 163 cm; alt., 182 cm; entre-eixos, 244 cm; peso, 795 kg (seco); tanque, 45l; caçamba, 136 kg; ângulo de ataque: 90º; ângulo de saída, 90º, altura livre do solo, 36,8 cm; altura de travessia na água, 76,2 cm

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