PRORROGAMOS! Assine a partir de 1,50/semana

Carro mais vendido do mundo em 2023 é um elétrico — e é só o começo

Tesla Model Y roubará posto do Toyota Corolla e, daqui em diante, um EV no topo será a regra. Mas ainda há muitas revoluções por acontecer

Por Eduardo Passos
Atualizado em 5 jan 2024, 12h02 - Publicado em 5 jan 2024, 11h16
Tesla Model Y pode superar a rara marca de um milhão de unidades vendidas em um ano, ao fim de 2023
Tesla Model Y é um dos elétricos mais vendidos pela marca norte-americana (Divulgação/Tesla)
Continua após publicidade

O dia 13 de março de 2020 foi minha última sexta-feira normal. Naquele dia, fui à última aula presencial na Universidade de São Paulo e ao último dia de escritório no meu primeiro estágio, em uma gravadora de rock.

Logo depois, veio a pandemia de Covid-19, anos caóticos e o acaso de um “novo normal” que me levaria à QUATRO RODAS – primeiro como estagiário e, alguns meses depois, como repórter. Também foi nesse 13 de março que o primeiro Tesla Model Y foi entregue.

Enquanto o planeta começava seu calvário, o SUV ganhava volume para fazer história: os números ainda não estão fechados, mas ele tende a ser o automóvel mais vendido do mundo em 2023.

É a primeira vez que um elétrico ocupa esse posto, roubado do Toyota Corolla.

Parece que aprendemos sobre lockdown e Sars-CoV-2 há mil anos. Mas essa distorção temporal também vale para os carros elétricos, que, globalmente, superarão os 10 milhões unidades vendidas neste ano – crescimento superior a 400% se comparado com 2020.

Como outras tecnologias revolucionárias, os EVs engatinharam por muito tempo até começarem a decolar. As dificuldades de fabricar veículos aos milhões explicam por que essa indústria é dominada por marcas centenárias, que trabalham com máxima previsibilidade. É uma revolução que jamais ocorreria sem muitas pressões externas.

Continua após a publicidade

Primeiro, Elon Musk teve um de seus grandes acertos e, em 2009, quando basicamente não existiam elétricos à venda no mercado, lançou o Tesla Roadster.

É provável que, em 31 de dezembro, o Model Y tenha superado a marca de 1 milhão de unidades vendidas no ano. É um feito exclusivo de Ford Model T, Toyota Corolla e Volkswagen Fusca

Nos anos seguintes, Musk persistiu e provou aos gigantes que o desafio era possível, derrubando uma velha desculpa. Além disso, constatamos a emergência climática em sua real magnitude: os transportes estão em segundo lugar entre os maiores emissores de gases do efeito estufa e, como sempre ressalto para amigos nos meus 20 e poucos anos, transporte público é útil para metrópoles, mas os carros seguirão indispensáveis no “mundão”.

Lado bom: os automóveis existirão por muito tempo ainda. Lado (possivelmente) ruim: se você não gosta de elétricos, é bom se acostumar.

Continua após a publicidade
Em julho de 2023, a fábrica da Tesla na China produziu sua milionésima unidade do Model Y. Mas a concorrência local vem roubando bastante clientela da norte-americana
Em julho de 2023, a fábrica da Tesla na China produziu sua milionésima unidade do SUV (Divulgação/Tesla)

Com tudo acontecendo ao mesmo tempo, a transição é difícil de fato. Os elétricos são mais caros, mas governos entenderam que subsídios não eram gastos, e sim investimentos na sobrevivência. Agora países ricos começam a assumir sua responsabilidade maior na poluição e a ajudar os mais pobres nessa mudança.

Afinal de contas, o aquecimento global não respeita fronteiras e a salvação só vem coletiva e forçadamente – nesse caso, incluindo leis que fixam regras cada vez mais rígidas de emissões. Com a realidade posta, as montadoras centenárias sacaram que, quanto antes gastassem parte do “suado” lucro dos acionistas em Pesquisa & Desenvolvimento, melhor. Quem adiar a prova de adaptação às novas energias pagará a conta com juros (ou com a falência).

Continua após a publicidade
Elon Musk Tesla Roadster
Há 14 anos, Elon Musk não tinha fama nem polêmicas, mas apostou tudo nos carros elétricos — e ganhou (Michael Kelley/Superinteressante)

Por ter largado na frente, agora a Tesla surfa na onda: o Model Y agrada por ser um SUV com boa performance, aproveita enquanto os subsídios não acabam e teve sua fabricação priorizada ao máximo. Musk sacou a oportunidade e ainda deu descontos agressivos ao utilitário, capturando imensa parcela do segmento na Europa e China.

É provável que, em 31 de dezembro, o Model Y tenha superado a marca de 1 milhão de unidades
vendidas no ano. Até então, um feito exclusivo do Corolla, Ford Model T e Volkswagen Fusca, dando a dimensão do que isso representa. Mas a transição energética deve estar completa só daqui a uns 20 anos, então muita coisa mudará.

BYD Seagull tem preço de Renault Kwid, na conversão direta
O desafio agora é criar elétricos mais baratos e com carregamento menos complexo. A China lidera essa corrida (Divulgação/BYD)
Continua após a publicidade

Enquanto isso, ainda aprendemos a produzir baterias que poluem menos, sejam mais baratas e tenham mais autonomia. Também descobriremos como lançar elétricos que atendam a pessoas com muito menos que os US$ 40.000 de um Model Y básico.

Tal como as vacinas, que vieram em tempo recorde, a perseverança humana deve funcionar, e os próximos cinco anos prometem avanços gigantes nesses aspectos. E o mesmo vale para a origem da eletricidade em si, um aspecto no qual o Brasil já faz bonito e também pode
fazer bastante dinheiro.

Todavia, é bom que a Tesla não relaxe na liderança e aprenda com suas próprias reviravoltas. Há alguns anos, Musk era aclamado pelos progressistas da Califórnia dada sua aposta nos elétricos; agora o bilionário se aventura no Twitter e em pautas que atraíram o extremo oposto no espectro político.

Tesla Cybertruck blindagem
Nova Cybertruck vai contra muito do que a Tesla sempre pregou (Reprodução/Tesla)
Continua após a publicidade

Seu foco difuso e o gosto pela polarização, inclusive, levaram à queda intensa nas ações da marca, cuja imagem
é extremamente atrelada ao “pai”. Também chegou, com muito atraso, a picape Cybertruck, que largou o mantra de eficiência e abraçou uma excentricidade extrema, que pode atrapalhar a capacidade produtiva enxuta da Tesla.

Já os chineses não param de avançar no mundo e principalmente em casa, onde entendem os consumidores como ninguém. E não descarte a reinvenção das marcas tradicionais de EUA, Europa e Ásia, cuja expertise jamais pode ser descartada.

ABRE-LEAF-x-BOLT-1FLP0378
Fabricantes ocidentais e japonesas estão bem atrás da China, mas ainda faltam muitos capítulos nessa história (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Ainda estamos no início de uma corrida longa e recheada de externalidades. Ainda veremos gigantes caindo, novatas crescendo e um rearranjo intenso na indústria mais consolidada e concentrada da Terra. Acompanhar pessoalmente a importância histórica desse momento, inclusive, é o que mais gosto no meu trabalho na QUATRO RODAS.

Carro mais vendido do mundo em 2023 é um elétrico — e é só o começo

A única certeza é que, em 2024, os elétricos venderão muito mais que em 2023. Em 2025, muito mais que em 2024 e assim por diante. Para desespero dos CEOs, a previsibilidade não existe nesse futuro. Sorte é nossa, pois o ser humano ainda não perdeu a capacidade de evoluir quando pressionado.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Quatro Rodas impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.