O Toyota Bandeirante ficou famoso por sua grande capacidade de atravessar qualquer estrada, até por isso que seu nome original é Land Cruiser — cruzador terrestre, em tradução livre. Mas o que esses australianos conseguiram fazer vai muito além do que os projetistas japoneses poderiam imaginar.
Eles conseguiram o feito de atravessar um canal de 7 km debaixo d´agua, no porto de Darwin, na Austrália, submersos a uma profundidade de 30 m, estabelecendo um novo recorde mundial. O feito atual foi inspirado na tentativa falha que aconteceu no final da década de 1970, onde um outro grupo, também dirigindo um Bandeirante, tentou atravessar o canal com um snorkel de 60 metros, mas empacou depois de percorrer cerca de 3 km submerso.
Mais de quarenta anos depois e a nova tentativa foi um sucesso. Os rapazes iniciaram às 9 da manhã, no horário local e atravessaram o porto, chegando na praia de Mindil um pouco antes das 21h. Embora o Land Cruiser 1978 Série 40 fosse o carro ideal para essa tarefa, ele precisou de algumas mudanças para suportar a pressão da água.
“Ele (o Land Cruiser Série 40) é perfeito para isso. Não precisa ser registrado e não precisamos de nenhum item de segurança, porque estamos dirigindo muito devagar… 1 a 3 quilômetros por hora.”, conta Glen Summers, um dos responsáveis pelo feito.
A principal delas foi a troca do motor a combustão por um sistema elétrico. O irmão japonês do Toyota Bandeirante se transformou em um carro solar e, tanto controlador, como motor elétrico e a bateria de óleo de silício tiveram que ser especialmente projetadas para lidar com a pressão dos 60 m de profundidade do canal. Para isso, a equipe juntou anos de experiência trabalhando com veículos solares na faculdade com a inspiração nos ROVs (veículo subaquático operado remotamente).
“[…] o primeiro trabalho de hardware que fizemos no projeto foi construir uma câmara de pressão e testar diferentes células de bateria; também testamos capacitores que estavam no controle do motor”, explica Summers.
Alteração mais simples, mas bem importante, foi encher os pneus com água para que aguentassem a pressão e também melhorar a tração embaixo d’água. Mesmo confiantes no trabalho, a equipe só conseguiu testar o bandeirante uma vez antes da travessia oficial.
Felizmente, a travessia foi um sucesso, mas isso não significa que houveram perrengues. Na verdade, ao invés de 12 horas, a equipe estimava que levaria apenas sete para concluir o percurso. No meio do caminho eles tiveram que lidar com atolamentos, que foram resolvidos com a ajuda de balões de ar, explica a rede de televisão ABC News.
Além disso, os 30 pilotos — todos mergulhadores comerciais — tiveram que se revezar a cada 15 minutos, já que a pressão é muito grande no fundo do mar. A equipe também teve problemas para passar por um gasoduto, fora o perigo iminente de encontrar com algum tubarão ou crocodilo de água salgada. Afinal, é a Austrália.
Mas todo o esforço foi recompensado. No final do trajeto, várias pessoas aguardavam na praia de Mindi para ver o Bandeirante Mudcrab emergir do mar e comemorar o recorde com a equipe.