Deveria ser uma reportagem para mostrar os dois novos pontos de recarga rápida da Tesla nos estados americanos de Dellaware e Connecticut. Mas a viagem de John Broder acabou se transformando em uma grande polêmica alimentada via Twitter. A bordo de um Model S cedido pela fabricante, o jornalista pretendia dirigir pouco mais de 2.600 quilômetros, indo de Washington a Boston – trecho que, exatamente graças aos novos pontos de recarga no meio do caminho, deveria transcorrer sem maiores problemas.
Segundo o relato de Broder, não foi bem isso que aconteceu. A chegada até o primeiro ponto de recarga transcorreu normalmente – a distância é de 321 quilômetros, o que garante uma boa margem para os 426 quilômetros de autonomia declarada para o Model S com bateria de 85 kWh, mesmo com uma possível variação na autonomia, de acordo com o ritmo de condução do veículo.
Os problemas começaram após a recarga de 49 minutos em Dellaware. O jornalista deixou o local com 389 quilômetros remanescentes informados pelo computador de bordo. Mas, após 24 quilômetros, a autonomia estimada começou a cair de forma desproporcional – 136 quilômetros de autonomia foram embora após apenas 109 quilômetros rodados efetivamente.
Broder disse ter feito contado com o serviço de assistência da Tesla e uma das atendentes teria até sugerido o desligamento do computador de bordo (recomendação que os próprios executivos da Tesla reconheceram ser incorreta). Além de seguir as recomendações para economia de energia, como ajustar a velocidade do ar-condicionado para “low”, ele também começou a dirigir a 86 km/h – abaixo dos 104 km/h de limite rodoviário -, mas a queda na autonomia continuou.
O problema chegou a níveis alarmantes quando a autonomia ainda indicava 129 quilômetros (Broder estava a 117 quilômetros do próximo ponto de recarga). Pouco depois de rodar 30 quilômetros, a autonomia já estava em apenas 16 quilômetros para, muito em breve, surgir o aviso de “Recarregue Agora” no painel de instrumentos. Felizmente, o posto de recarga estava a poucos quilômetros de distância e Broder conseguiu chegar ao local em segurança para fazer uma nova pausa.
A disparidade entre a autonomia informada e os quilômetros rodados continuou mesmo depois de retirá-lo da tomada. Após a recarga, o Model S indicava autonomia de 297 quilômetros no painel, número que, após 127 km rodados, caiu para apenas 144 km. Após uma noite parado na garagem, na manhã seguinte, o display supostamente indicava apenas 40 km. Da assistência técnica, Broder relatou que ouviu a recomendação de deixar a ventilação interna do carro ligada por meia hora – mas o jornalista afirma que de nada adiantou: em vez de aumentar, a autonomia caiu para 30 quilômetros.
Após ser informado da existência de um ponto de recarga a 17 quilômetros, Broder foi até lá e fez uma carga rápida, até a autonomia subir para 72 quilômetros restantes. Mas o Model S teria literalmente “apagado” poucos quilômetros depois, sendo obrigado a encostar e aguardar pelo resgate.
Diante dos problemas, Broder usou sua conta no Twitter para relatar o ocorrido. Em pouco tempo Elan Musk, CEO da Tesla, respondeu dizendo que a história do repórter era “falsa”, pois ele não teria seguido as instruções para recarga nos pontos existentes e também não teria seguido o roteiro programado. Em resposta, o motorista afirma que fez uma breve parada em Manhattan quando estava se dirigindo a Connecticut, acrescentando apenas três quilômetros ao trajeto final. Broder também afirma que a sugestão de testar os novos pontos de recarga e até o roteiro partiram da própria Tesla.
Após mais algumas farpas trocadas na rede, Musk procurou a reportagem do The New York Times para se desculpar pelo ocorrido, e ofereceu uma nova chance de testar o veículo assim que novos pontos de recarga forem inaugurados ao longo da Costa Oeste norte-americana. Tanto o diário quanto o jornalista aceitaram o convite. Será que teremos segundo round?