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Rolls-Royce com motor V12 de avião causou discórdia e agora vai a leilão

Motivo de um longo processo, The Beast usa motor de caça da Segunda Guerra Mundial e conseguiu ser registrado como Rolls-Royce apesar da origem incomum

Por Eduardo Passos
6 mar 2023, 16h22

Há “clássicos” e clássicos. Quem entra nesse site britânico de leilões, por exemplo, logo encontrará muito do primeiro tipo, com a nata do luxo britânico no século passado à venda e com lances abertos. Mas também encontrará “A Besta” (The Beast, em inglês), nada menos que um “Rolls-Royce” (a explicação das aspas está abaixo) com motor de avião de guerra e que marcou história no Reino Unido.

Atual carroceria é a segunda, construída após um incêndio em 1975
Atual carroceria é a segunda, construída após um incêndio em 1975 (Divulgação/Car and Classic)

Construído a partir de 1966, o modelo é fruto da imaginação do engenheiro Paul Jameson. Britânico orgulhoso, Jameson criara seu primeiro chassi quando decidiu equipá-lo de maneira modesta, instalando um propulsor V12 27.0, oriundo das forças armadas locais.

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Biposto tem escapes laterais
Biposto tem escapes laterais (Divulgação/Car and Classic)

Batizado de Meteor, esse motor, na verdade, é uma versão do icônico Rolls-Royce Merlin, uma das façanhas de engenharia mecânica que equipavam o caça Spitfire, determinante para a resistência britânica contra os nazistas na Segunda Guerra Mundial. Enquanto o Merlin tinha um supercharger, entretanto, o Meteor era naturalmente aspirado, com potência estimada entre os 750 cv e 950 cv

Com o motor instalado no chassi, foi a hora de um especialistas em transmissões, John Dodd, entrar em cena. Dodd comprou a bugiganga e adaptou um câmbio automático de três velocidades da General Motors ao projeto, que ainda ganhou transeixo e freios da Jaguar e suspensão de um Austin A110 Westminster.

Motor do carro teve origem na Segunda Guerra Mundial
Motor do carro teve origem na Segunda Guerra Mundial (Divulgação/Car and Classic)

Em seguida, o especialista encomendou uma carroceria de fibra de vidro e, dado que o motor era da Rolls-Royce, achou uma boa ideia colocar uma grade idêntica à dos carros da marca, incluindo o Espírito de Êxtase no capô. Em uma ironia tipicamente inglesa, Dodd ainda conseguiu registrar The Beast legalmente como um RR nos órgãos de trânsito locais, causando grande irritação na marca.

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Documento que atesta a Rolls-Royce como fabricante da Besta
Documento que atesta a Rolls-Royce como fabricante da Besta (Divulgação/Car and Classic)

Em 1975, a Besta pegou fogo, e com o dinheiro do seguro foi possível aproveitar o chassi e, utilizando um outro V12 Meteor, reconstruir a carroceria, que se mantém até hoje. Em uma imensa novela, a Rolls-Royce processou John Dodd por uso indevido do seu nome e símbolos, levando-o a até perder sua casa no processo. O carro, entretanto, não foi recolhido e apenas trocou os emblemas originais pelas iniciais “JD”.

Processo da Rolls-Royce levou a mudanças na grade frontal
Processo da Rolls-Royce levou a mudanças na grade frontal (Divulgação/Car and Classic)

Após tantos entraves, a criação viveu seus dias glória: em 1977, o livro dos recordes da Guiness certificou a Besta como o carro mais potente do mundo, oficializando seus números em 761 cv e 105,0 kgfm. Desde então, o modelo foi estrela de diversas revistas e programas de TV, como o Top Gear. Em uma dessas aparições, chegou a atingir 293 km/h.

Interior está em bom estado
Interior está em bom estado (Divulgação/Rolls-Royce)

À venda

“Tão racional e prático quanto colocar um cachorro no comando de usina nuclear”, é a forma que a casa de leilões define comprar a bizarrice para uso no cotidiano. A Besta segue no nome de John Dodd, que faleceu no ano passado, e sua família parece disposta a vendê-lo para quem compreende a importância do carro.

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Revistas estreladas pelo modelo vêm junto
Revistas estreladas pelo modelo vêm junto (Divulgação/Car and Classic)

A casa afirma que o licenciamento venceu em 2018 e que Dodd fazia questão de emiti-lo regularmente, se deliciando ao ver “Rolls-Royce” no campo que indica o fabricante no documento.

Esse é, oficialmente, um Rolls-Royce, que sobreviveu ao tempo, às chamas e à Justiça. Para tê-lo na garagem, basta dar seu lance a partir do dia 9 de março.

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O legado da Besta continua
O legado da Besta continua (Divulgação/Car and Classic)
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