Finja surpresa; mas quando descobrimos que essa dupla chegaria ao mercado nacional você sabia que esse comparativo era questão de tempo. Pode ser culpa do acaso ou de algum alinhamento cósmico, mas o fato é que Honda e Toyota estão trazendo para o Brasil, pela primeira vez, seus hatches mais potentes e ao mesmo tempo.
O Honda Civic Type R e o Toyota GR Corolla também estão alinhados em desempenho e preço. É um momento histórico. Os carros taxados como chatos serviram de base para os dois hot hatches mais desejados do mundo na atualidade, ainda que dos carros que vemos nas ruas possam ter sobrado apenas o painel e o nome. Ambos são fabricados no Japão quase artesanalmente em linhas dedicadas, e chegam ao Brasil em quantidade limitada a preços astronômicos e com câmbio manual de seis marchas.
Desta vez não há como fazer uma escolha racional, até porque o Honda Civic Type R custa a partir de R$ 429.990, mas todos os carros do primeiro lote têm monitor de pontos cegos e alerta de tráfego traseiro que elevam o preço para R$ 434.990. O Toyota GR Corolla ainda não tinha preços oficiais até o fechamento desta edição, mas a fabricante nos antecipou que os valores devem variar entre R$ 420.000, na versão Core, e R$ 465.000, na versão Circuit. As semelhanças param por aí.
O raro Civic Hatch chega com 297 cv e 42,8 kgfm, além de interior charmoso em vermelho e recordes importantes: é o carros de tração dianteira mais rápido nas pistas de Nürburgring, na Alemanha, e Suzuka, no Japão. O Corolla, por outro lado, leva vantagem pelos 304 cv e fica um pouco atrás nos 37,7 kgfm, mas tem tração integral. Seu interior, entretanto, é bem mais rústico e simples. Quem leva a melhor nesse duelo que é a capa da edição de julho de QUATRO RODAS?
E tem muito mais!
RAM RAMPAGE – Se a Fiat Toro mostrou ao brasileiro (e ao mundo) que picapes não precisam ser tão grandes e podem ser práticas como um SUV, agora a Ram Rampage leva a estratégia a outro patamar. A primeira Ram desenvolvida e fabricada no Brasil, Ram Rampage reforça como as picapes já deixaram de ser carros de trabalho.
Além disso, traz motor muito mais potente, é mais equipada e tem acabamento muito superior ao das picapes médias pelo preço de suas versões básicas.
ASTON MARTIN DBX 707 – Após 110 anos e sete falências na conta, a Aston Martin parece ter se encontrado novamente. Como tantas outras fabricantes de esportivos, a marca precisou entrar no segmento de SUVs para aumentar suas vendas e melhorar o fluxo de caixa.
Mas o Aston Martin DBX707 defende muito bem a história da fabricante britânica: além de ser um dos mais rápidos, também é o SUV mais potente do mundo, e levamos ele para a pista.
CHEVROLET BOLT EUV – O Chevrolet Bolt EUV nasceu em 2021 como o primeiro SUV elétrico da marca. No Brasil, o modelo estreia agora, em 2023, já em clima de despedida: ele deixará de ser produzido nos Estados Unidos ainda este ano.
Em compensação, há preço atraente: serão oferecidas apenas 200 unidades e por R$ 279.990, R$ 50.000 a menos do que o Bolt EV convencional, de menores dimensões. Será que mesmo assim vale a pena?
VOLKSWAGEN VIRTUS HIGHLINE X HONDA CITY TOURING – O Volkswagen Virtus recebeu importantes mudanças neste ano, com três motores diferentes e missões variadas. Coincidência ou não, o mesmo aconteceu com o Honda City, que inclusive segurou as pontas da marca japonesa enquanto o novo Civic não chegava.
O Virtus Highline custa R$ 133.990 e é equipado com o motor 200 TSI (128/116 cv e 20,4 kgfm) enquanto o City Touring, que sai por R$ 137.000. traz o 1.5 DOCH VTEC (126 cv e 15,8/15,5 kgfm). O porte de ambos é o mesmo e a diferença de peso é de apenas 53 kg, mas o City é equipado com motor aspirado e o Virtus com motor turbo, e essa é uma distinção importante no dia a dia, porque muda o comportamento do carro. Motivos excelentes para esse comparativo.
FIAT 500E ABARTH – A receita para qualquer versão esportiva de um carro que já existe é bastante similar: suspensão mais firme, pneus de perfil baixo, direção recalibrada para ser mais direta e freios reforçados, além do estilo externo e interno com visual característico. Foi justamente isso que a Abarth, divisão esportiva com status de marca da Stellantis, fez com o Fiat 500e.
Mas estamos falando do primeiro carro elétrico da marca do Escorpião e, nesse caso, não existe receita pronta. O desafio resultou em soluções interessantes, que envolvem até mesmo um gerador de ronco que imita com muita fidelidade um motor a gasolina.
A distribuição às bancas e assinantes de todo o Brasil começou hoje (7/7), mas o prazo de chegada pode variar dependendo da região.
Carta ao Leitor: Jogo Jogado
Carro é um assunto tão fascinante quanto futebol – para você, nosso leitor, deve ser até mais empolgante. Assim como no esporte, os interessados por carros formam verdadeiras torcidas, que se encontram em clubes, ou simplesmente se reconhecem por afinidade.
Existem fãs de determinadas marcas. Há os que torcem por segmentos específicos ou carros fabricados em certos períodos. E esse tipo de admiração direcionada é uma fonte de prazer importante para os aficionados.
Mas, para um veículo de comunicação (revista, site, TV etc.), nem sempre é possível satisfazer todas as torcidas ao mesmo tempo. Enquanto uma revista especializada em futebol consegue sempre notícias, se não de todos mas da maioria dos times, com temas que interessam não só aos fãs de futebol em geral, mas a torcedores com interesses particulares; nós, especializados em automóveis, dependemos da indústria para trazer um conteúdo variado.
Jogos, transações de jogadores e técnicos, campeonatos de diversas categorias sempre rendem boas reportagens. Mas no caso dos automóveis nem todo dia se tem o lançamento de um novo carro ou de uma nova tecnologia.
Diante disso, é natural que alguns leitores-torcedores se sintam desatendidos e nos escrevam protestando. Além das queixas frequentes, quando o carro ou a marca do coração perde um comparativo, há vaias contra o sumiço das peruas do mercado, o excesso de SUVs, a escassez de sedãs médios, a fartura de picapes e a abundância de elétricos, em nossas páginas.
Claro é também que quem gosta de SUVs, picapes e elétricos se sinta feliz com esse menu. Para esses, é como se o time deles estivesse em boa fase. Este mês, haverá os que desaprovarão o excesso de reportagens sobre importados, que são a maioria nesta edição. Mas o conteúdo está bem variado e, entre os nacionais, trazemos o lançamento da Ram Rampage, a primeira picape da marca feita aqui; a nova Ranger, que é fabricada na Argentina, mas com dupla cidadania, por conta do Mercosul, e o comparativo entre Honda City e VW Virtus, sem falar no Longa Duração com o trio: Citroën C3, Fiat Strada e Jeep Compass.
De nossa parte, os torcedores podem ficar sossegados, que sempre nos esforçamos para contentar a todos, assim como tenho certeza de que nossos colegas da Placar se empenham ao cobrir todos os times de futebol. Afinal, se eles escreverem apenas sobre Flamengo, Corinthians e Palmeiras, conseguirão agradar às maiores torcidas do país, mas desagradarão a todos os torcedores de outras agremiações.
Boa leitura,