Em março, o Governo dos Estados Unidos e a EPA, a agência ambiental do país — equivalente ao Ibama brasileiro — divulgaram um novo plano de medidas que busca diminuir a emissão de gases poluentes de veículos leves (de passageiros) e médios (comerciais leves).
As novas regras propõem que entre 2027 e 2032 as montadoras reduzam as emissões de suas frotas em aproximadamente 50%. A EPA tem como meta uma média de toda a indústria de apenas 85 gramas de CO2 por milha para veículos leves, enquanto as frotas de veículos médios devem atingir a marca de 274 CO2 até o ano limite.
O anúncio do plano, porém, não agradou e está fazendo com que antigos inimigos se juntem para se opor ao governo de Joe Biden. É o caso do American Petroleum Institute (Instituto Americano do Petróleo) e do National Corn Growers Association (Associação Nacional dos Produtores de Milho), que representam os produtores dos combustíveis fósseis e de etanol, respectivamente.
Além das duas entidades citadas, revendedores de automóveis, comerciantes de combustíveis e proprietários de lojas de conveniência também se colocaram contra o EPA e o governo americano.
Ambos consideram que as propostas estão forçando, de maneira ilegal, as montadoras venderem mais veículos elétricos, de modo que elas só consigam atingir as novas metas se mudarem para uma linha totalmente elétrica. Desse modo, diminui a procura por seus produtos, como a gasolina, diesel e etanol.
Vale ressaltar que as regras impostas não impõem uma cota mínima de veículos elétricos para cada fabricante. Porém, o EPA estima que entre 30% e 56% da linha de veículos leves de uma montadora e entre 20% e 32% de sua linha de veículos médios precisarão ser elétricos para cumprir com seus regulamentos de emissões.
Eles também acusam a EPA de estar levando em consideração somente os gases emitidos pelos escapamentos dos carros, ignorando completamente a forma como a energia para os carros elétricos é gerada ou outros impactos ambientais causados na produção desses modelos.
“O Congresso não autorizou a EPA a proibir efetivamente a venda de novos carros a gasolina e diesel e a reformar a economia dos EUA de uma forma tão importante”, disse Chet Thompson, presidente da Associação Americana de Fabricantes de Combustíveis e Petroquímicos, em declarações à Bloomberg.
Em sua defesa, os opositores alegam que as regras ignoram o potencial que os combustíveis renováveis de baixo carbono e alta octanagem, como o etanol, têm de alcançar reduções significativas de CO2. O próximo movimento do grupo será entregar uma petição para a Corte de Apelações dos Estados Unidos para o Circuito do Distrito de Colúmbia, uma das 13 Cortes de apelações do país.
O certo é que esse assunto ainda está longe de ser resolvido e certamente se tornará debate durante as eleições presidenciais dos Estados Unidos, que acontecem no mês de novembro. Donald Trump, possível candidato do partido Republicano e adversário de Joe Biden à reeleição, já declarou que, se eleito, irá eliminar as novas regras.