Porsche 930 (911 Turbo): fôlego de atleta
Em um mundo de carros anêmicos e sem personalidade, ele foi um sopro de esperança para os supercarros. Assim, manteve viva a lenda do 911
Os anos 70 tinham tudo para ser um fiasco para os modelos de alta performance: a crise energética pegou o mundo desprevenido, de tal forma que só se falava em carros cada vez menores e econômicos. Foi nesse cenário que surgiu um dos maiores ícones esportivos: o Porsche 930.
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Estrela do Salão de Paris de 1974, ele era visivelmente mais agressivo que o 911 Carrera, graças ao defletor dianteiro, aos para-lamas alargados e ao enorme aerofólio. Rodas e pneus maiores indicavam que havia algo especial nele. E havia: o turbocompressor KKK K26.
O turbo já havia sido usado no Oldsmobile Jetfire, Chevrolet Corvair e BMW 2002, mas a falta de fôlego em baixa rotação e as reações súbitas do turbo afugentaram o público. A Porsche aproveitou sua experiência nas pistas e criou um turbo mais dócil no dia a dia, mas brutal quando exigido a fundo.
Como o 3.0 de seis cilindros boxer gerava 260 cv de potência e 35 mkgf de torque, a embreagem foi redimensionada e o câmbio de cinco marchas do 911 Carrera foi substituído por outro mais robusto, de quatro.
Os requintes tecnológicos estavam na lubrificação por cárter seco e na injeção eletrônica Bosch K-Jetronic. Mesmo com 1.195 kg, atingia 246 km/h e acelerava de 0 a 100 km/h em apenas 6,1 segundos. Com suspensão e freios retrabalhados, o 930 era o carro de produção em série mais rápido do mundo.
Em números absolutos, não havia um rival direto. Nos EUA, o Chevrolet Corvette era cada vez mais estrangulado pelas leis antipoluentes. Entre os europeus, a concorrência se resumia a Aston Martin Vantage, Ferrari BB 512 e Lamborghini Countach, todos com enormes motores V12 e V8 e bem mais caros.
Com entre-eixos curto e motor atrás do eixo traseiro, ele mantinha o comportamento arisco do 911, exigindo muita habilidade no limite de aderência. Apesar de potente, a resposta do motor era letárgica abaixo de 3.000 rpm. O turbo soprava forte só a partir de 4.000 rpm, sustentando seu ímpeto até 6 000.
Em 1978, o motor passaria a 3,3 litros e, com a adição do intercooler, gerava 300 cv e 42 mkgf, suficientes para ir a 264 km/h e chegar a 100 km/h em 5 segundos. É o caso do exemplar das fotos, que per tence ao acervo da loja Garage Imports, de Santo André (SP). O 930 deixou os EUA em 1980, vitimado por rígidas normas de emissões. Restrito à Europa, ele alcançou os 330 cv em 1983: 275 km/h de máxima e 0 a 100 km/h em menos de 5 segundos.
Os americanos precisaram recorrer a importadores independentes até 1986, quando ele voltou aos EUA com a nova injeção Bosch Motronic. Três anos depois, ele enfim recebeu o câmbio de cinco marchas, que encerrou com chave de ouro os 14 anos de produção, totalizando 21 589 unidades.
Se o Porsche 911 sobreviveu à ação do tempo, boa parte do mérito se deve à versão 930, que manteve aceso o carisma e a paixão dos amantes da marca.
AMARELOU!
Em 1987, o 930 serviu de base para um dos mais lendários superesportivos, o CTR Yellowbird. Produzido pela alemã Ruf, seu motor rendia 469 cv, o bastante para acelerar de 0 a 96 km/h em apenas 3,7 segundos e chegar aos 340 km/h.
Motor | 6 cilindros contrapostos (boxer) turbo de 3,3 litros |
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Potência | 261 cv a 5 500 rpm |
Torque | 40,2 mkgf a 4 000 rpm |
Câmbio | manual de 4 velocidades |
Carroceria | fechada, 2 portas, 2+2 lugares |
Dimensões | comprimento, 431 cm; largura, 161 cm; altura, 132 cm; entre-eixos, 227 cm; |
Peso | 1290 kg |
0 a 100 km/h | 5 segundos |
Velocidade máxima | 264 km/h |