A paixão por automóveis do paulistano David Padrão, 37 anos, começou na infância. Mais precisamente por carros de pedal, como eram conhecidos na década de 80.
“Quando criança, tive uma imitação de jipe Toyota Bandeirante e de Porsche”, conta Padrão. Na mesma época, ele adorava visitar a oficina de um amigo do pai, onde começou a aprender o ofício.
Até que, aos 21 anos, uniu as duas paixões: inaugurou sua primeira oficina especializada em minicarros, principalmente aqueles com motor a combustão. “Após um tempo só consertando e restaurando, resolvi me dedicar à construção dos minicarros do zero.”
Ele começou a produzir em fibra de vidro réplicas fiéis de antigos, sempre na escala 2:3. “Fazia também minibugues e outros modelos mais simples, mas o que me encantava eram os clássicos em miniatura”, diz ele, que já vendeu 2.000 unidades, que vão de R$ 3.500 a R$ 12.000.
Um dos seus projetos preferidos é uma versão reduzida de um Ford 1931 hot rod, com mecânica completa. É equipado com motor 400 cm³, câmbio CVT, tração nas rodas traseiras e sistema hidráulico de freios a disco. “Ele chega a 70 km/h. E ainda tem bancos de couro e pintura que usa a mesma tinta utilizada pela Porsche.”
Além do Fordinho, há outras duas obras que moram no seu coração. “A Kombi é inspirada no modelo 1961. Até comprei um carro em tamanho real para montar a versão reduzida. Acabou virando um presente para duas meninas – às vezes até o pai usa, para vender açaí na praia. Já o jipe foi baseado em um Bandeirante e recebeu um motor de 212 cm³ de 7 cv.”
Padrão admite que a maioria dos seus clientes compra as miniaturas para uso próprio. “A desculpa é para dar ao filho ou sobrinho, mas na realidade quem brinca são os adultos.”
No entanto, ele entende a razão: “A sensação de dirigir um deles é viciante. Como não tem teto, você sente como se estivesse em uma moto e entra completamente na frequência do motor. É emocionante”.
Bagunça Organizada
Sua oficina foi instalada na garagem de sua casa, num bairro nobre de São Paulo. Porém, dos 600 m2 de área construída, metade é ocupada caoticamente por oficina e estoque.
São carcaças de fibra de vidro, chassis, carros não terminados, quadriciclos. Além de garagem e quintal, David ainda usa todo o andar de cima do sobrado para armazenar peças – há carrocerias até no telhado. Ele gosta de dizer que é uma “bagunça organizada” e que sabe encontrar tudo quando precisa.
Olhando com calma, é possível ver que há carros de verdade no meio de tudo isso, alguns que são joias automotivas, todos ainda sem restauro.
Entre eles, há Mercedes 190 1993, Porsche 911, BMW 2800 1970, Volvo 460 1991 e até um nacionalíssimo Miura 1979. “Mas os clássicos alemães é que são minha preferência.”
Ele confessa que não tem tempo de restaurar sua coleção e acaba se concentrando nas miniaturas. Essas, sim, sua enorme paixão.