A Oldsmobile entrou nos anos 50 como uma das divisões de maior prestígio da GM, graças ao desempenho fenomenal de seu motor V8 Rocket. Dez anos depois, a situação era diferente: os Olds eram automóveis insossos, típicos da entediada classe média americana, mais caros que os Chevrolet, menos esportivos que a Pontiac e sem o mesmo prestígio de Buick e Cadillac.
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Ciente de que a marca precisava atrair consumidores mais jovens, o presidente Jack Wolfram ordenou o desenvolvimento de uma versão esportiva do modelo Cutlass para 1964. A solução foi disponibilizar ao público o pacote policial B09: molas e amortecedores mais firmes, barras estabilizadoras nos dois eixos, rodas mais largas e um comando de válvulas que aumentou a potência de 290 para 310 cv. Isso obrigou a troca da transmissão automática Jetaway por uma manual Muncie de quatro marchas. O marketing da Olds aproveitou a nova especificação e rebatizou o pacote policial como 4-4-2 (quatro marchas, carburador de quatro corpos, escapamento duplo).
O sucesso só não foi maior por acaso: no mesmo ano John DeLorean, executivo da Pontiac, lançou o GTO, um LeMans (que usava a mesma base do Cutlass) com um V8 de 6,4 litros, sem aprovação da cúpula da GM. Apesar do notável comportamento dinâmico e do 0 a 100 km/h de 7,5 segundos do novo Olds, ele vendeu bem menos que o rival da Pontiac.
Ciente da disputa entre o engenheiro-chefe da Olds, John Beltz, e DeLorean, a GM permitiu em 1965 que seus modelos intermediários usassem motores de até 6,6 litros. Assim foi adotado um V8 6.6 de bloco grande de 350 cv: agora 4-4-2 denominava o pacote com motor de 400 polegadas, carburador quádruplo e escape duplo. A potência saltou para 360 cv em 1966, com os três carburadores Rochester de dois corpos.
Completamente redesenhado, o 4-4-2 tornou-se um modelo independente do Cutlass em 1968: mais curta, sua carroceria abandonou os três volumes em favor do estilo fastback, caracterizado pela queda suave e contínua do teto, exceto na versão conversível, como este modelo 1969 restaurado por Pedro de Souza Neto, da PJS Restaurações Especiais.
Parceira de longa data, a Hurst Performance desenvolveu por conta própria um Cutlass com um V8 7.5 doado por um Oldsmobile Toronado: John Beltz ficou sabendo da experiência e logo propôs uma parceria, que culminou com o lançamento do lendário Oldsmobile Hurst/Olds. A concorrência do 4-4-2 agora vinha de dentro da própria divisão.
O enorme sucesso do Hurst/Olds fez a GM perceber a rentabilidade dos muscle cars, decretando o fim do limite de cilindrada. Então, em 1970, o 4-4-2 recebeu o V8 7.5 de 370 cv: ia de 0 a 96 km/h abaixo de 6 segundos – o carro foi escolhido carro-madrinha das 500 Milhas de Indianápolis daquele ano. A Olds conseguia, enfim, redefinir sua imagem.
Vitimado pelo boicote das seguradoras e pela legislação de emissões cada vez mais restrita, o 4-4-2 voltou a ser um mero pacote de opcionais em 1972. Um V8 5.7 marcou o retorno às origens, embora o V8 7.5 ainda fosse opcional. O pacote 4-4-2 deixou de ser oferecido em 1980 e até chegou a ser reeditado de 1985 a 1987, mas agora sem o brilho do carro que mudou a imagem da Oldsmobile.
DE VOLTA AO TRABALHO
Os 4-4-2 mais raros deixaram a linha de montagem no primeiro ano de produção para o público: são oito unidades do sedã de quatro portas. Consta que alguns deles acabaram servindo como viaturas policiais em Lansing, sede da Oldsmobile.
Motor | 8 cilindros em V |
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Cilindrada | 6,6 litros |
Potência | 350 cv a 4 800 rpm |
Torque | 60,83 mkgf a 3 200 rpm |
Câmbio | manual de 4 marchas, tração traseira |
Dimensões | comprimento, 516 cm; largura, 193 cm; altura, 134 cm; entreeixos, 284 cm |
Peso | 1 684 kg |
0 a 100 km/h | 5,9 segundos |
Velocidade máxima | 185 km/h |