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O que você precisa saber antes de blindar seu carro

Entenda os custos e o processo de blindagem de um carro

Por Priscilla Yazbek, de Exame.com
Atualizado em 9 nov 2016, 12h13 - Publicado em 11 jan 2013, 10h09
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    Blindar um carro é um procedimento de alta complexidade e por isso bastante caro: os custos podem facilmente equivaler ao valor do carro e não raramente o superam. Dados da Molicar, empresa que pesquisa os preços efetivamente praticados no mercado, mostram que o carro blindado mais barato atualmente disponível no mercado nacional é o Ford Ka Sport 1.6. Seu preço original é de 33.500 reais, mas sua versão blindada custa 71.200 reais.

    >> GALERIA: os 10 carros blindados mais baratos do Brasil

    Assim como outras decisões de alto impacto financeiro, a blindagem também deve ser estudada com cuidado para que o investimento valha a pena. Veja a seguir o que é preciso saber antes de blindar o seu carro.

    Valor da blindagem

    De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Blindagem (Abrablin), Christian Conde, uma blindagem com o nível de proteção mais usado pelo mercado, o nível III-A, dificilmente terá um custo inferior a 40.000 reais. “Um valor menor que isso para esse nível pode indicar que a blindadora está tomando um prejuízo para fazer um preço menor ou que ela está repassando algum tipo de prejuízo ao consumidor”, afirma.

    Pela complexidade do processo, valores muito baixos podem ser suspeitos. Para ser blindado, o veículo é completamente desmontado, mantendo-se apenas a lataria, o motor e o painel. São retiradas a capa interna do teto e o forro das portas, os bancos, os vidros e as rodas para que os materiais com resistência balística sejam instalados. E depois ainda é preciso remontar o carro com extremo cuidado para preservar as características do veículo. Toda essa manobra se reverte em um alto custo.

    Segundo a Abrablin, atualmente o preço médio da blindagem no Brasil é de 47.000 reais. O valor depende do nível de blindagem (veja explicação na próxima página) e do modelo do carro. “Em carros maiores e mais sofisticados são usados mais materiais, e a mão de obra deve ser especializada, já que o maior volume de itens internos e equipamentos exige um detalhamento maior”, explica Fábio Rovedo de Mello, diretorda Concept Blindagens, empresa que atua há 10 anos no mercado.

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    Para mostrar de maneira mais concreta os valores das blindagens, Mello divide em três grupos os custos do processo para alguns dos carros mais comumente blindados. Os preços são referentes ao nível de proteção III-A, que é usado por 95% do mercado, segundo a Abrablin.

    Blindagem de menor custo: Nesta faixa de preço, alguns carros comumente blindados são as picapes, como a Saveiro Cross e o Fiat Strada, que são buscadas por um público que quer aliar um menor custo a uma proteção mais discreta, diz o diretor da Concept. O valor para esses modelos gira em torno de 40.000 a 41.000 reais.

    Blindagem de custo médio: Em um valor considerado médio para a blindagem se encaixam os sedãs médios, como o Honda Civic, o Toyota Corolla e o Volkswagen Jetta. A proteção desses carros custa entre de 42.000 a 45.000 reais.

    Blindagem de alto custo: As blindagens mais caras normalmente são dos carros mais sofisticados, que exigem maiores cuidados no serviço, e de grandes carros, como os utilitários esportivos SUVs. Nesta faixa, a blindagem supera os 48.000 reais e o céu é o limite. A blindagem de um Porsche Cayenne, que é um SUV mais sofisticado, por exemplo, custa cerca de 75.000 reais, segundo o diretor da Concept Blindagens.

    Os níveis de proteção I, II e II-A já possuem custos mais baixos, que podem partir de 20.000 reais. São níveis de proteção menos usados e disponibilizados por poucas empresas. Eles são mais comuns entre carros mais populares, cujos motoristas estão dispostos a gastar menos dinheiro e também entre carros menores e de baixa potência, que não suportam o peso da proteção III-A.

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    Custos de manutenção

    A blindagem também implica maiores custos de manutenção do carro. Fábio de Mello afirma que no caso de um acidente ou reparo, o custo do conserto fica pelo menos 20% maior. “Além do custo mais elevado, é necessário que uma empresa especializada, de preferência a própria blindadora, faça a reparação”, afirma Mello.

    Por causa do ganho de peso, o consumo de combustível também é maior entre os carros blindados. Mas, segundo Mello, o aumento do gasto em relação aos carros não blindados pode depender muito do modelo e do tipo de blindagem.

    As empresas de blindagem costumam oferecer garantias de, no mínimo, dois anos, que cobrem apenas defeitos da blindagem. Isso significa que se o carro passar por um acidente, a blindadora não cobre o reparo.

    Níveis de proteção

    No Brasil existem quatro níveis de proteção de blindagem: o I, II-A, II e III-A, sendo o nível I o menor, mais barato e de menor peso e o nível mais resistente, mais caro e de maior peso, o III-A. Eles seguem as normas americanas, que especificam a quais projéteis um determinado nível de blindagem deve resistir.

    Nível I: É a menor proteção disponível. Resiste a disparos de armas calibre 32 e 38, mas é vulnerável a calibres maiores. Com esta proteção, o motorista precisaria analisar o tipo de arma para saber se o carro resistiria à bala, uma decisão muito complexa em um momento tão crítico.

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    Níveis II e II-A: Esses níveis fazem parte de um único nível segundo a tabela americana. Eles resistem a armas de calibre 9 milímetros e à Magnum 357. Não seria uma proteção resistente, por exemplo, em sequestros, quando bandidos costumam usar armas de maior porte.

    Nível III-A: Segundo a Abrablin, o nível III-A tem uma resistência quatro vezes maior que o nível I e é a proteção usada por 95% mercado. É resistente a armas de mão de todos os calibres, inclusive a submetralhadoras (pistolas) 9 milímetros e à Magnum 44.

    Fábio de Mello defende que o nível III-A é o que possui melhor relação de custo e benefício. “O nível III-A tem a melhor relação entre proteção e preço. Ao buscar a blindagem, o consumidor já busca uma proteção maior, já tem isso em mente. Por isso, se o obejetivo for proteção, vale mais a pena abrir mão de um carro mais caro e comprar um carro mais barato para usar o maior nível de blindagem”, diz.

    Vale ressaltar que, mesmo com a maior proteção, o carro não será completamente resistente. Alguns pontos do carro como colunas e maçanetas podem impedir um perfeito ajuste dos materiais e os vidros também têm uma resistência limitada. Segundo a norma internacional, o veículo deve ser capaz de resistir a até cinco tiros numa área de 20 centímetros quadrados, o que significa que se houver uma sexta bala naquela área o veículo pode não resistir.

    O presidente da Abrablin explica que, com a tecnologia atualmente disponível, qualquer carro pode ser blindado, mas dependendo do caso a blindagem pode não fazer sentido. Segundo ele, pelo apelo comercial algumas empresas se dispõem a blindar qualquer modelo, mesmo que a blindagem afete o desempenho do carro, a sua estabilidade ou fique exageradamente cara.

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    “Algumas empresas forçam a barra em relação a isso. Tem gente que quer blindar até carro conversível. É até possível blindar, mas algumas partes da capotas vão ser mais vulneráveis. Carros muito grandes também ficam muito pesados e precisam de mudanças na suspensão. Eu não diria que há carros que não podem ser blindados, mas o custo do projeto pode ficar muito alto e não valer a pena”, diz Christian Conde.

    Segundo ele, não é possível indicar especificamente para quais carros não se recomenda a blindagem, mas é possível afirmar quais tipos de veículos são mais e menos indicados.

    Carros menos indicados para blindagem: Conversíveis e carros de teto solar, pela maior complexidade de instalação dos materiais e pelo alto valor; grandes vans, como a Chrysler Town e Country, carro que pelo alto peso exigirá também revisão da parte de suspensão e poderá gerar um custo muito elevado; carros com motores inferiores a 1.6, porque com a blindagem e o acréscimo de peso a potência é retirada de forma muito significativa.

    Carros mais recomendados: Carros com maior potência, pois suportam melhor o peso adicional da blindagem, e carros de médio porte, pela maior economia, já que acabam exigindo menos uso de material, como, por exemplo, os sedãs médios. Não há uma indicação mais específica sobre os melhores carros para se blindar, mas verificar quais foram os modelos mais blindados nos últimos anos pode ser uma boa pista para descobrir quais deles mais combinam com a proteção extra (Veja os carros mais blindados do Brasil de 2004 a 2012).

    Como escolher a empresa

    Ainda não existe nenhum tipo de teste de qualidade para as blindadoras, mas para fabricar materiais à prova de bala, as empresas precisam passar por testes balísticos realizados pelas Forças Armadas. Apenas as empresas que possuem o Título de Registro emitido pelo exército têm autorização para comercializar os produtos. E as blindadoras também precisam ser registradas no Exército e obter autorização para blindar e comercializar cada veículo (Certificado de Registro – CR). Verificar o Título de Registro e o CR é o primeiro passo para escolha da empresa.

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    Segundo a Abrablin, além de desconfiar de empresas com valores muito baixos, empresas que prometem blindagens muito leves também podem ser suspeitas. Segundo a associação, para fechar negócios, algumas empresas dizem que a cabine de um sedã fica protegida contra disparos de pistolas 9 milímetros ou revólveres Magnum 44 com acréscimo de apenas 100 quilos. Mas, apenas os vidros blindados de um Omega, por exemplo, pesam 164 quilos (nível III-A).

    O presidente da Abrablin ressalta que é imperativo visitar a empresa antes de fechar o negócio. “Muitas concessionárias fazem acordos com blindadoras, e os vendedores oferecem o veículo blindado na hora da compra do carro. Pela maior comodidade, os consumidores fecham então o negócio sem saber qual é a empresa e sem visitar a loja”, afirma.

    Fazer isso pode ser arriscado porque a concessionária pode estar interessada apenas em receber a comissão e fazer a indicação sem ter se certificado sobre a confiabilidade da empresa. E segundo Conde, em poucos casos a blindagem tem um respaldo da montadora, na maioria das vezes a compra e a blindagem são processos independentes.

    Para evitar ciladas, buscar referências sobre a empresa na internet ou com pessoas conhecidas também pode ajudar.

    Peso da blindagem e redução da potência

    O peso adicional da blindagem também varia muito de acordo com o modelo do carro e o nível de proteção. Para se ter uma medida, usando o nível I, no qual os materiais são mais leves, em um carro compacto como o Fiat Palio, o peso adicional é de 70 quilos. Já para um carro como o Vectra, usando a maior proteção, do nível III-A, podem ser somados mais 130 quilos ao automóvel.

    O peso adicionado, com consequente perda de potência, é uma das principais preocupações na hora de blindar o carro. Se o peso for superior ao que o veículo pode suportar, o carro pode sofrer danos em sua estrutura e passar a ter restrições sobre o volume de carga e de passageiros que podem ser transportados.

    Como não existe nenhuma referência que mostre exatamente quais carros suportam cada tipo de blindagem, para saber se a proteção é compatível, Christian Conde sugere que o motorista verifique no manual do veículo a carga máxima do carro e consulte com a blindadora o peso que a blindagem adicionaria.

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