Nissan pode compartilhar suas fábricas com a Dongfeng para enfrentar crise
Com o foco em eletrificação e inovação, parceria entre as montadoras asiáticas avança para uma nova etapa em meio a um mercado de transição.

Mesmo depois do anúncio do plano de reestruturação, que visa fechar 7 fábricas e a demissão de 20 mil funcionários no mundo inteiro, a Nissan anunciou um possível compartilhamento de suas fábricas, com o intuito de reduzir custos.
Em um intervalo de apenas dois dias, o CEO da montadora, Ivan Spinosa, admitiu que durante esse período de reorganização e contenção de gastos, é possível que a Dongfeng possa fazer uso de suas fábricas ao redor do mundo.

Nissan e Dongfeng têm parceria de longa data
Essa colaboração já existe há mais de 20 anos como uma joint venture destinada a fabricar, desenvolver e vender veículos para o mercado chinês. A união garantiu uma expansão da Nissan na China, o maior mercado automotivo do mundo, e beneficiou a Dongfeng com o know-how tecnológico e experiência da montadora japonesa.
O início foi marcado pela criação e desenvolvimento de carros de passeio a combustão interna, como o Nissan Tiida, Sentra (Sylphy) e outros modelos populares. Alguns anos depois, a parceria evoluiu e a Dongfeng Nissan começou a desenvolver infraestrutura local de pesquisa e desenvolvimento com centros técnicos e design voltados ao consumidor chinês.

Foi em 2020 que a pressão por eletrificação e a crescente ascensão das montadoras chinesas especializadas em carros elétricos causaram um redirecionamento dos esforços da Nissan e Dongfeng.
A joint venture passou a investir pesado em veículos mais sustentáveis, iniciando colaborações com empresas de tecnologia como Huawei e Momenta, à procura de integrar inteligência artificial e sistemas avançados de direção.
Entre o ano passado e este ano, a parceria ganhou mais destaque, já que o lançamento do Nissan N7 (um sedan elétrico) foi um sucesso, e superou 10 mil pedidos em menos de 3 semanas.

Para continuar o avanço, a Nissan anunciou um investimento de US$ 1,37 bilhão na China até 2026, com o objetivo de lançar mais 10 modelos elétricos até 2027.
Nesse cenário, o próprio CEO da Nissan reconheceu a possibilidade de ampliar a colaboração internacionalmente. Segundo ele, “tudo está em consideração”, principalmente neste momento de reestruturação. Diante disso, não seria uma surpresa caso a montadora japonesa optasse por liberar suas fábricas em outros países para que a Dongfeng as utilizasse.