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Mercedes-Benz W116: o primeiro da classe

Com elevado nível de luxo e a performance, o Mercedes W116 estabeleceu o padrão dos sedãs executivos de grande porte

Por Felipe Bitu
2 jan 2017, 19h24
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  • As rodas de alumínio forjado eram fornecidas pela Fuchs
    As rodas de alumínio forjado eram fornecidas pela Fuchs (Xico Bunny)

    Em muitas carreiras, ser o primeiro da classe o coloca em uma posição privilegiada no mundo corporativo. Os níveis mais altos da hierarquia, reservada a pessoas capazes de assumir grandes responsabilidades, são restritos.

    E sem dúvidas o Mercedes-Benz W116 faz parte desse círculo. É o primeiro modelo da marca a integrar oficialmente a atual Classe S (do alemão Sonderklasse, ou “classe especial”), em 1972.

    O maior e mais luxuoso sedã da casa de Stuttgart sucedeu os lendários W108 e W109. Sua enorme carroceria foi o último trabalho do designer Friedrich Geiger. Estava maior, mais largo e mais baixo, com a grade dianteira sustentando a estrela de três pontas e ladeada por faróis retangulares horizontais.

    As tradicionais lanternas traseiras caneladas também eram envolventes, seguindo o padrão dos para-choques com lâminas duplas. Atemporal, o estilo clássico e sóbrio seria maculado apenas pela legislação americana, que passou a exigir para-choques com absorvedor e faróis circulares do tipo sealed beam a partir de 1974.

    A versão 280 SEL trazia um seis cilindros em linha de 185 cv
    A versão 280 SEL trazia um seis cilindros em linha de 185 cv (Xico Bunny)
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    O redimensionamento da carroceria mantinha o foco na segurança: a célula de sobrevivência (presente desde 1959 no modelo W111) era mantida, bem com as zonas de deformação progressivas. Com o mesmo intuito, o tanque de combustível foi reposicionado acima do eixo traseiro, logo atrás do habitáculo.

    O espaço interno era mais que adequado para cinco ocupantes, com destaque para o enorme volante de quatro raios e o sistema de ar-condicionado integrado ao painel (com duas zonas). Não havia concorrentes diretos: o W116 disputava público com BMW New Six, Jaguar XJ12, Rolls-Royce Silver Shadow II e, a partir de 1976, com o Cadillac Seville.

    Volante com nada menos que 41 cm de diâmetro e controles de ventilação verticais
    Volante com nada menos que 41 cm de diâmetro e controles de ventilação verticais (Xico Bunny)

    O comportamento dinâmico era irrepreensível, considerando seu peso e porte. A suspensão dianteira de braços sobrepostos veio do carro-conceito C-111, com geometria antimergulho para frenagens. E a traseira aposentava o eixo oscilante em favor de braços arrastados, adotados nos sedãs médios W114 desde 1968. Os freios eram a disco nas quatro rodas.

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    Esse esquema mecânico era indispensável para que o W116 reinasse soberano nas Autobahns alemãs. As versões 280 S e 280 SEL traziam o motor M110 de seis cilindros em linha, com 2,8 litros e duplo comando de válvulas no cabeçote. A potência ia de 160 cv (com carburador duplo Solex) a 185 cv (com injeção eletrônica Bosch D-Jetronic).

    Para superar os 200 km/h havia o 350 SE, com o motor M116 V8 3,5 litros, comando simples nos cabeçotes, injeção e 200 cv, atributos que o levavam de 0 a 100 km/h em menos de 10 segundos. A transmissão era manual de quatro velocidades ou automática de três, com tração traseira.

    Qualidade de construção tem padrão quase eterno
    Qualidade de construção tem padrão quase eterno (Xico Bunny)

    Não havia limites para o luxo e a performance: em 1973 eram apresentados os modelos 450 SE e SEL, este último com maior espaço no banco traseiro em função de 10 cm a mais entre os eixos. A máxima saltava para 210 km/h com o V8 4.5 (M117 ) e 225 cv, exigindo pneus 205/70-14, mais baixos e largos que os 185/80-14.

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    Em 1975, enquanto o mundo sentia os efeitos da crise do petróleo, a Mercedes apresentou o 450 SEL 6.9 – dedicado a um público imune a crises. Eram nada menos que 286 cv extraídos do V8 M100 de 6,9 litros para impulsionar quase 2 toneladas, sustentadas por uma complexa suspensão hidropneumática que abolia molas e amortecedores.

    Exclusivo, o 450 SEL 6.9 custava o mesmo que dois 350 SE e era capaz de chegar a 225 km/h, com padrões inéditos de suavidade e silêncio. Entre os proprietários estavam os pilotos James Hunt e Niki Lauda e centenas de autoridades e chefes de Estado.

    O W116 recebeu freios ABS em 1978, sendo o primeiro carro de produção em larga escala a utilizar um sistema eletrônico. No mesmo ano surgiu a versão 300 SD, destinada aos EUA: tinha um cinco cilindros diesel de 115 cv para atender limites de consumo.

    A produção foi encerrada em 1980, com mais de 473.000 unidades vendidas deste que é considerado um dos melhores Mercedes já feitos. Estabeleceu parâmetros para as futuras gerações e até para os rivais, como o BMW Série 7 e Audi A8.

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    Mau exemplo

    Em 1976, Claude Lelouch chocou o mundo com o curta-metragem C’était un rendez-vous (Era um Encontro), onde uma Ferrari 275 GTB cruza Paris a 200 km/h antes do amanhecer. O filme é cercado de lendas, mas depois o cineasta confirmou que o carro usado era um Mercedes 450 SEL 6.9.

    Ficha Técnica: Mercedes-Benz 280 SEL 1978

    Motor 6 cilindros em linha de 2,8 litros; 185 cv a 5.800 rpm; 24,5 mkgf a 4500 rpm
    Câmbio manual de 4 marchas
    Dimensões comprimento, 496 cm; largura, 187 cm; altura, 142 cm; entre-eixos, 286 cm; peso, 1.610 kg
    Desempenho 0 a 100 km/h de 10,5 s; velocidade máxima de 200 km/h
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