Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Maio Amarelo: como o Japão reduziu 80% das mortes no trânsito

O país asiático já teve um índice de mortes no trânsito muito parecido com o que temos hoje no Brasil. Descubra como os japoneses conseguiram virar o jogo

Por Gustavo Henrique Ruffo
18 Maio 2018, 16h44
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Japão
    Trânsito no Japão: uma redução nas mortes de 80% nas últimas décadas (Divulgação/Internet)

    Talvez você não saiba, mas o Japão já teve uma taxa de mortalidade no trânsito parecida com a do Brasil.

    Em 1970, morreram 16.765 pessoas nas estradas japonesas.

    Em relação à população, na época de 103,72 milhões, isso dava 16,2 mortos para cada 100.000 habitantes.

    Em 2016, morreram no trânsito brasileiro 35.708 pessoas, segundo o Data SUS.

    Como nossa população há dois anos era de pouco mais de 206 milhões, isso daria uma taxa de 17,3 mortos por 100.000 habitantes.

    Hoje o Japão tem um cenário totalmente diferente: com 126 milhões de habitantes, morrem no trânsito cerca de 4.000 pessoas por ano, ou seja, 3,2 pessoas por 100.000 habitantes.

    Continua após a publicidade

    Afinal, como o país conseguiu reduzir tanto sua taxa de mortalidade no trânsito?

    marginal pinheiros
    No Japão, em 1970 morreram cerca de 16.765 pessoas nas estradas. Hoje não passam de 4.000. Já no Brasil morreram 35.708 pessoas em 2016 (Alexandre Battibugli/Quatro Rodas)

    Segundo estudo da International Association of Traffic and Safety Sciences (IATSS), isso se deve ao intenso esforço do governo japonês em três frentes.

    Primeiro, tiraram motoristas bêbados e mal preparados das estradas.

    Segundo, reforçaram sinalizações e elementos de facilitação de tráfego, como passarelas de pedestres.

    Continua após a publicidade

    Por último, fizeram com que essas sinalizações fossem respeitadas.

    Assim, o currículo das autoescolas foi padronizado e criaram um cursinho que todo motorista deveria fazer a cada três anos para renovar a habilitação – semelhante ao que previa a resolução 726/18 do Contran no Brasil, publicada em março e logo depois revogada.

    Bons motoristas, que não estiveram envolvidos em acidentes nem receberam multas, ganharam um período mais longo para renovação: cinco anos.

    Mais passarelas

    No campo das sinalizações e elementos de aumento de segurança no trânsito, houve um salto em quantidade. As placas pularam de 15.000 em 1970 para 95.000 em 1980.

    As passarelas para pedestres, de 1.000 em 1967 para 9.000 em 1980.

    Continua após a publicidade

    Nos seis primeiros meses de instalação das passarelas, a redução no número de acidentes com pedestres foi de 85%.

    Sinalização
    As pacas pularam de 15.000 em 1970 para 95.000 em 1980 (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Também houve melhoria no ambiente de tráfego, com grande ampliação de vias expressas em vez de estradas de mão dupla.

    Em 1983, um estudo mostrou que essas vias expressas eram 14 vezes mais seguras que as estradas comuns.

    Outro grupo de medidas envolveu reforços nos parâmetros de segurança dos veículos. Desde 1973, os automóveis japoneses devem atender a critérios ativos e passivos de segurança, assim como medidas de prevenção a incêndios.

    Continua após a publicidade

    Isso para modelos novos, mas os usados também são obrigados a passar por inspeções veiculares técnicas.

    Inspeção veicular
    No Japão, a primeira inspeção ocorre três anos após o primeiro emplacamento (Renato Pizzutto/Quatro Rodas)

    Como aquela instituída pelo Código de Trânsito Brasileiro em 1997 e regulamentada apenas com a já suspensa resolução 716/17, editada só depois de 20 anos.

    No Japão, a primeira inspeção ocorre três anos após o primeiro emplacamento e as demais são feitas a cada dois anos.

    O estudo da IATSS também aponta para reforços na fiscalização e o aumento de hospitais de emergência e de campanhas educativas, mas não teve como mensurar o efeito dessas medidas na diminuição de acidentes, ainda que isso pareça evidente diante da redução de fatalidades.

    Continua após a publicidade

    As seis medidas

    Outro levantamento sobre medidas de redução de acidentes foi elaborado pela PwC (PricewaterhouseCoopers).

    Com o nome A Guide for Policy Makers: On Reducing Road Fatalities (Um guia para legisladores sobre redução de mortes no trânsito), o estudo relata quase os mesmos fatores que a IATSS aponta.

    São, no total, seis elementos: comportamento seguro dos motoristas; programas governamentais de redução de acidentes; veículos e estradas mais seguros; proteção a pedestres e a outros usuários vulneráveis; programas de treinamento e educação; dados confiáveis.

    Este último critério requer uma coleta adequada desses dados.

    Se as informações forem corretas, é possível criar políticas eficientes de redução de acidentes, que atacarão questões de engenharia (tanto dos automóveis quanto das vias), de educação e treinamento e, por fim, de reforço no cumprimento das leis.

    É isso, segundo a consultoria, que leva a um trânsito mais seguro, seja em que país for aplicado.

    Os caminhos para o Brasil se equiparar ao Japão, pelo menos em termos de trânsito, são claros. Resta apenas serem seguidos adequadamente.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY
    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Quatro Rodas impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 10,99/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.