A GWM conseguiu a habilitação do programa Mover (Mobilidade Verde e Inovação) na última segunda-feira (19), anunciou o diretor de relações institucionais da GWM Brasil, Ricardo Bastos, durante o Fórum Direções Quatro Rodas 2024.
De acordo com o executivo, a GWM estava aguardando a homologação desde abril para iniciar a preparação da fábrica de Iracemápolis, no interior de São Paulo. A partir do “Ok” do governo brasileiro, todo o maquinário, que já está pronto na China, será enviado ao Brasil.
O carro escolhido para o início da produção nacional foi o Haval H6. Bastos confirmou, inclusive, que todas as opções de carroceria e de mecânica serão montadas no Brasil. Mas o motor flex ainda está em desenvolvimento e não estará nos primeiros carros nacionais.
A intenção é iniciar a pré-produção com os primeiros testes já no final deste ano, para no início de 2025 começar a montagem dos carros no regime CKD – sem estamparia no Brasil.
Embora inicialmente a ideia fosse produzir uma picape da marca Poer, os planos mudaram. O Haval H6 foi o híbrido mais vendido em julho e a GWM precisa de um bom volume para fechar as contas.
A fábrica de Iracemápolis começará com uma produção anual de 50 mil unidades, expandindo sua capacidade anterior — ainda nos tempos de Mercedes-Benz — de 20 mil, com o objetivo de chegar às 100 mil veículos “ao longo dos próximos anos”.
“Fazendo menos que isso (50 mil unidades) já temos dificuldade para chegar à equação de custo. Para isso, 20 mil não resolve. Ainda posso chegar a 100 mil, mas para isso precisaremos de investimento até em construção civil”, disse Bastos.
Para chegar aos 100 mil, também será necessário adicionar mais veículos à linha de produção. Entre os cotados está o Haval H4, que inclusive foi citado pelo executivo. Ele é considerado como o irmão menor do H6 e trazê-lo ao Brasil seria um modo de facilitar sua produção, afinal, os dois SUVs compartilham a mesma plataforma.
A picape da Poer não está totalmente descartada dos planos, mas pela concorrência do mercado, Bastos diz que ela precisa trazer algum diferencial para ter destaque em nosso país “picapeiro”.
A expansão da fábrica também passa pela nacionalização dos componentes. A GWM já tem uma lista de pelo menos 200 itens que podem ser nacionalizados, que vão desde bancos até componentes do trem de força. Chegando ao índice de 60%, a empresa poderá expandir seu negócio e começar a exportar a produção brasileira para países vizinhos.
Mas isso demandará um pouco de tempo. A tendência é que os primeiros kits cheguem com o carro completo, sendo realizada apenas a montagem na fábrica. Mas ainda em 2025, a GWM já começará a nacionalizar as primeiras peças do carro. “Se tivermos fornecedores de rodas, bancos e pneus, eles já vão ser retirados do kit automaticamente”.
Para um futuro mais distante, o objetivo é nacionalizar também componentes do sistema elétrico e até da bateria, mas para isso ainda é necessário uma cadeia de abastecimento mais robusta.
Por hora, os esforços da montadora estão voltados apenas na fabricação das mecânicas híbridas. A GWM pretende melhorar a linha com o desenvolvimento de uma motorização híbrida flex. Quanto aos elétricos, continuarão vindo por importação por um bom tempo.