Herói da Segunda Guerra, o Jeep tornou-se um desbravador de caminhos em tempos de paz, levando o progresso a regiões inóspitas. O sucesso da versão civil desenvolvida pela Willys deu origem a duas variantes, muito apreciadas por trabalhadores, fazendeiros e famílias com espírito aventureiro: a perua fechada Jeep Station Wagon e a caminhonete Jeep Truck.
Em 1946, chegaram ao país os primeiros Jeep, cujo sucesso resultou na fundação da Willys-Overland do Brasil, em 1952. Logo, a Station Wagon saía da fábrica de São Bernardo do Campo (SP), depois rebatizada de Rural Willys.
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A Rural ganhou personalidade em 1960: uma reestilização encomendada nos EUA pela filial brasileira lhe conferiu uma identidade própria, bem diferente das versões de outros países. O resultado final era tão bom que foi incorporado pela Pick-up Jeep: apresentada no Salão do Automóvel de 1960, nada mais era que a versão brasileira da Jeep Truck, ainda produzida em seu país de origem.
Seu índice de nacionalização chegava a 98%, graças à fundição do bloco do motor BF-161 em Taubaté. O B era de brasileiro e o F era devido ao esquema de válvulas de admissão no cabeçote e de escapamento no bloco. O numeral 161 descrevia a cilindrada em polegadas cúbicas: 2.638 cm3, que rendiam parcos 90 cv. Com seis cilindros em linha, foi o primeiro motor inteiramente fabricado no país.
Comparada à Rural, o entre-eixos era 34 cm maior e o eixo traseiro, 10 cm mais largo. Apoiavam uma generosa caçamba capaz de carregar 750 kg. Era a picape mais barata e versátil: a 4×2 competia com Ford F-100 e Chevrolet 3100, enquanto a 4×4 reinou até a chegada da picape Toyota Bandeirante. E foi a pioneira na oferta da primeira marcha sincronizada.
O sistema elétrico logo evoluiu de 6 para 12 volts e, pouco tempo depois, o dínamo deu lugar ao alternador. A versão 4×2 recebeu uma suspensão dianteira independente com molas helicoidais em 1965, baseada na do sedã Aero Willys. Outro avanço notável foi a nova transmissão manual de quatro marchas, com alavanca na coluna de direção – a tração 4×4 e a reduzida eram acionadas por uma outra alavanca embaixo do painel.
Rústica, sua direção tinha folga, era pesada e exigia muitas voltas de batente a batente. A instrumentação se resumia ao essencial: velocímetro, marcador de combustível e temperatura do motor. Não havia ventilação forçada: uma tomada de ar basculante captava ar fresco entre o capô e o para-brisa.
Mas nem mesmo essa falta de conforto foi capaz de minar seu sucesso. A liderança do segmento veio em 1966, com mais de 50% das vendas. Para reduzir o consumo, a calibração do carburador era revista e havia a opção da roda-livre para eliminar o arrasto desnecessário da tração dianteira.
Em 1968, surgiu o motor Willys 3000, com 3 litros de cilindrada e 132 cv. Nesse período, o controle acionário da Willys foi assumido pela Ford, que rebatizou o utilitário de acordo com a sua linhagem. O Pick-up Jeep se chamava agora F-75.
A Ford usou a planta de Taubaté para produzir novos motores para o mercado local e de exportação. Em 1975, o velho motor de seis cilindros em linha foi finalmente substituído por um menor e mais moderno, com quatro cilindros e comando de válvulas no cabeçote com fluxo cruzado. Com 2,3 litros de cilindrada, rendia 91 cv e chegou até a ter uma versão movida a álcool em 1980.
Decana, a valente picape deixou de ser produzida em 1983, para desgosto de seus entusiastas, como o empresário Pedro de Souza Neto, proprietário deste modelo 1965 que integra o acervo da PJS Restaurações Especiais. Para seus fãs, nenhuma outra picape apresentou tanto carisma e competência para as agruras do fora de estrada.
Motor | longitudinal, 6 cilindros em linha, |
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Cilindrada | 2 638 cm3, 2 válvulas por cilindro, comando de válvulas simples no bloco, alimentação por carburador de corpo simples |
Potência | 90 cv a 4 400 rpm |
Torque | 18,6 mkgf a 2 000 rpm |
Câmbio | manual de 3 marchas, tração nas 4 rodas |
Dimensões | comprimento, 486 cm; largura, 188 cm; altura, 184 cm; entre-eixos, 299 cm |
Peso | 1530 kg |
Pneus | 7.10 x 15, diagonais |