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Grandes Brasileiros: Dodge Charger R/T 1979, civilizado e fino

Completamente revisto, o Charger R/T abriu mão do caráter intimidador para ostentar um visual esporte fino

Por Felipe Bitu
Atualizado em 21 nov 2017, 20h48 - Publicado em 21 nov 2017, 20h47
Grandes Brasileiros: Dodge Charger R/T 1979
Na linha 1979, o R/T mudou com a grade “bicuda” de quatro faróis (Christian Castanho/Quatro Rodas)

A década de 1970 foi complicada para a indústria americana: controles de emissões e falta de combustível fizeram as montadoras mudarem o foco da esportividade para o requinte.

Um dos casos mais emblemáticos veio em 1975, quando o Dodge Charger deixou de ser muscle car para se tornar cupê de luxo.

Grandes Brasileiros: Dodge Charger R/T 1979
Frente do Charger R/T 1979 ficou mais refinado (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Algo semelhante ocorreu aqui: com quase dez anos, a família Dart havia perdido parte do apelo. Assolada pela crise, a matriz deixou a Chrysler do Brasil decidir o futuro dos Dodges nacionais, especialmente seu modelo mais carismático: o Charger R/T.

Lançado na linha 1971, o R/T nacional foi criado pelo chefe de estilo Celso Lamas e virou um dos carros mais cobiçados do país pelo desempenho e estilo agressivo: faróis ocultos pela grade cromada, teto revestido de vinil e colunas traseiras que se prolongavam sobre os para-lamas.

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Grandes Brasileiros: Dodge Charger R/T 1979
As persianas nas laterais simulavam as colunas B (Christian Castanho/Quatro Rodas)

A mudança radical veio no modelo 1979: a linha Dart se baseou no americano de 1974. O par de lanternas verticais deu lugar às quatro horizontais.

No Charger R/T, o estilo hardtop foi modificado sem os prolongamentos e com persianas laterais inspiradas no Dodge Aspen R/T 1978.

Grandes Brasileiros: Dodge Charger R/T 1979
Sai o banco de couro, entra o interior de veludo (Christian Castanho/Quatro Rodas)
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O teto de vinil foi eliminado: ficou exclusivo do Magnum, que substituiu o R/T na hierarquia de luxo da Dodge. Sem as faixas esportivas, veio a pintura em dois tons: a parte escura no capô e parte do teto e a clara no resto da carroceria.

Como nos EUA, o Charger R/T tornara-se exclusivamente num cupê de luxo. Última obra de Lamas, a dianteira ganhou quatro faróis numa grade bipartida de fibra de vidro. Como no Magnum, o centro da grade formava um bico, dando origem a um ressalto central por toda a extensão do capô.

Grandes Brasileiros: Dodge Charger R/T 1979
O câmbio é automático de 3 marchas (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Assim, a sigla R/T (Road and Track, estrada e pista) perdia todo o sentido, sensação reforçada pela supressão do conta-giros, substituído por um relógio. Os bancos de couro também se foram: o interior recebia veludo acrílico, cuja cor variava com a da lataria.

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Mesmo descaracterizado, o Charger R/T 1979 ainda era uma boa opção ao seleto público que não tinha mais acesso aos importados, proibidos em 1976.

Foi o primeiro nacional a adotar rodas de liga de alumínio como item de série. Comum à toda linha Dart, a suspensão foi recalibrada para o conforto, comprometendo a estabilidade em altas velocidades.

Grandes Brasileiros: Dodge Charger R/T 1979
Instrumentação no Charger é mais simples (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Apesar de indestrutível, o eixo traseiro exigia cautela em frenagens de emergência, pois provocava mudanças na trajetória. O melhor era esquecer a pretensão esportiva e aproveitar o conforto proporcionado pela direção hidráulica e opcionais como o ar-condicionado, câmbio automático e toca-fitas com antena elétrica.

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O importante ainda estava lá: o enorme V8 5.2 com 42 mkgf a só 2.400 rpm, garantindo retomadas rápidas em qualquer marcha. Na pista, foi de 0 a 100 km/h em 12,25 s e chegou a 171,83 km/h.

O consumo era proporcional à pisada no acelerador: de 3,8 a 9,2 km/l. O novo tanque de 107 litros garantia autonomia em época de posto fechado no fim de semana. Mas as vendas continuavam em declínio.

Grandes Brasileiros: Dodge Charger R/T 1979
Motor V8 com 5,2 litros de 208 cv (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Em 1979, a VW assumiu a Chrysler do Brasil e em maio o Charger R/T recebeu um novo câmbio automático. Em vão: no total, só 180 foram produzidos em 1979, como este exemplar, do colecionador Reinaldo Silveira.

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O “canto do Charger” foi na linha 1980: a decoração adotou um padrão mais discreto, com pintura em um único tom e o fim das persianas nas janelas. “Foram produzidas apenas 19 unidades”, conta Alexandre Badolato, fundador do Museu do Dodge.

Ficha técnica – Dodge Charger R/T 1979

  • Motor: longitudinal, V8, 5.212 cm³, comando de válvulas simples no bloco, carburador de corpo duplo; 208 cv a 4.400 rpm; 42 mkgf a 2.400 rpm
  • Câmbio: automático de 3 marchas, tração traseira
  • Dimensões: comprimento, 508 cm; largura, 183 cm;altura, 139 cm; entre-eixos, 282 cm; peso, 1.678 kg
  • Pneus: 185 SR 14

Teste QUATRO RODAS – fevereiro de 1979

  • Aceleração: 0 a 100 km/h em 12,25 s
  • Velocidade máxima: 171,83 km/h
  • Consumo: 6,35 km/l (média geral, gasolina)
  • Preço (fevereiro de 1979): CR$ 210.395
  • Preço (atualizado IGP-DI): R$ 127.700
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