Sucesso dos anos de 1970, os monopostos equipados com mecânica VW estão de volta às pistas. O nome da categoria se americanizou: FVee Brazil. Mas o conceito é o mesmo que consagrou a antiga Fórmula Vê, que é automobilismo com custos reduzidos.
Segundo os responsáveis pelo retorno dos monopostos, a FVee quer ser uma categoria para principiantes, pilotos de kart que pretendam seguir carreira ou mesmo para aqueles que cultivam o automobilismo como hobby.
A F/promo Racing, que é a administradora da FVee, organiza um campeonato de pilotos (com dez etapas), mas também promove cursos, sob coordenação do ex-piloto de F-1 Wilson Fittipaldi, para quem quer começar e eventos de Track Day para os que desejam viver a experiência das pistas por um dia.
Para participar das competições, é necessário ter carteira de piloto da Confederação Brasileira de Automobilismo. O custo de uma etapa em Interlagos (treinos, tomada de tempo e corrida, sexta e sábado) é de R$ 4.030 (inclui aluguel do carro, apoio de mecânicos, cronometragem, combustível e transporte do carro).
Para os amadores, o pacote de treinos livres (até seis sessões) custa R$ 2.000 (mesmo valor cobrado pelo curso de um dia). Isso inclui carro, combustível, locação e equipamento e a taxa do autódromo de Piracicaba (SP), onde são realizados os treinos.
Participamos de um dia de treinos livres. Devidamente paramentados, com macacão, sapatilha, luvas, capacete e Hans (protetor para coluna, pescoço e cabeça), passamos pelo briefing (sessão em que os organizadores dão alertas de segurança e sobre o comportamento na pista) e nos apresentamos para ajustar o assento e o cinto de cinco pontos.
Os momentos que antecedem a entrada na pista sempre são tensos, mesmo para quem já fez isso antes (um misto de ansiedade, curiosidade, prazer e medo). Saio do boxe com cautela. Na segunda volta, porém, já estou ambientando com o carro e com a pista. O cinto de segurança, que no boxe parecia me impedir de respirar de tão apertado, já não incomoda mais.
Vou pisando cada vez mais fundo, sentindo as reações do carro e ouvindo o ronco do motor, enquanto vejo as zebras chegando e ficando para trás. Ao final das retas, piso forte no freio e o Fvee desacelera com eficiência. A direção é direta. A cada movimento observo as rodas expostas à frente obedecendo meus comandos. Me sinto eufórico.
Os bólidos da FVee usam o conhecido EA111 1.6 (amplamente utilizado na linha Volks) de quatro cilindros e oito válvulas, refrigerado a água, e transmissão de quatro marchas do antigo Fusca, assim como a suspensão dianteira. O chassi é tubular.
Com cerca de 100 cv de potência e 500 kg de peso, a relação peso-potência, de 5 kg/cv, é garantia de adrenalina nas pistas. De acordo com o piloto de testes da categoria Zigomar Júnior, o monoposto é capaz de atingir 200 km/h no final da reta do Autódromo de Interlagos. Mas em Piracicaba, se cheguei a 150 km/h foi muito. O cockpit do FVee não tem velocímetro: só conta-giros, sensor de queima e indicador de temperatura.
A sensação de velocidade, porém, é bem maior que a de um carro de passeio: o piloto fica exposto ao vento, bem próximo do asfalto, e o barulho do motor perto dos ouvidos torna tudo mais empolgante. Mesmo com tração traseira, o comportamento em curvas é neutro, sem tendência exagerada ao sobresterço.
https://www.youtube.com/watch?v=SWMD9eqh0-c
Os gastos reduzidos atraem pilotos como o engenheiro mecânico César Gallagi, 33 anos, que corria de kart mas acabou aderindo à FVee – os pneus radiais convencionais, por exemplo, duram bem mais que um pneu específico de kart.
Os carros também podem ser adquiridos. O kit básico da categoria (chassi, caixa de direção, tanque de combustível e carenagem entre outros itens) sai por R$ 13.000. E o carro pronto custa R$ 45.000. Além desses custos, o piloto também fica responsável pelas despesas que eventualmente surgirem em razão de acidentes.
Se você se animou, acesse www.fvee.com.br.