O anúncio do fechamento das fábricas da Ford no Brasil deixou uma legião de proprietários dos modelos descontinuados preocupados. Nos últimos dois anos, Ka, Ka Sedan e EcoSport tiveram cerca de 307.000 unidades comercializadas no país.
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“Eu fiquei apavorada”, diz Erika Grigorevski (46), servidora pública fluminense que comprou um Ka zero-km pouco mais de um mês antes do anúncio e agora se preocupa com a desvalorização e o cumprimento da garantia.
Mesmo com a Ford se comprometendo com a manutenção dos serviços e o fornecimento de peças, a desconfiança predomina. “Isso não me dá segurança nenhuma”, afirma Erika. É natural a insegurança, uma vez que, depois do comunicado oficial, a Ford não deu mais nenhum esclarecimento ao consumidor, a não ser um acordo com o Procon-SP prometendo manter assistência no Brasil.
Procuramos as concessionárias para saber o que elas teriam a dizer neste momento, mas elas não quiseram se pronunciar. Em algumas, os funcionários disseram que não falariam com a imprensa seguindo orientação da própria Ford. O número de concessionárias pode ser reduzido a 1/4 das atuais 280 que compõem a rede.
Pela lei brasileira, a empresa tem o dever de prestar a garantia e a manutenção dos produtos; caso contrário, o cliente pode acionar os órgãos de defesa.
Peças de reposição também são uma preocupação. Mas o gerente da consultoria Jato Dynamics, Milad Neto, esclarece que a falta de peças não deverá ser um problema. Mesmo sem produção direta da Ford, ainda há um grande mercado paralelo para suprir a demanda.
Em relação à desvalorização, a empresa de pesquisas KBB Brasil recomenda cautela. A tendência é de que o impacto do anúncio e o alto número de proprietários vendendo seus carros cause uma desvalorização maior do que o normal, que já é observada nas prévias do mês de janeiro.
Para a instituição, vender agora só contribuirá para aumentar a depreciação. Passado o choque, a depreciação deve voltar a patamares normais, como a de qualquer veículo que saia de linha no país.
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