Demorou, mas finalmente a Ferrari entrou no segmento de SUVs. O modelo apresentado hoje, na Itália, é exageradamente esportivo e muito pouco utilitário, no entanto. A demora, segundo os executivos da marca, se deve ao fato de que eles não queriam fazer um SUV.
Segundo eles, SUVs não são automóveis verdadeiramente esportivos, de acordo com o que a Ferrari entende por esportividade.
Em momento algum, durante a apresentação do carro, os diretores da empresa pronunciaram a sigla SUV e nem sequer seu sinônimo atenuado Crossover. Ao contrário, eles destacaram características do projeto relacionadas ao universo dos superesportivos da marca. A começar pelo nome: Ferrari Purosangue.
O motor V12 6.5 aspirado foi outro elemento destacado. No caso da Purosangue ele desenvolve 725 cv de potência e 73 kgfm de torque. E a transmissão que trabalha no modo 4×4 somente nas primeiras quatro das oito machas do câmbio automatizado. Nas quatro finais, o tração se torna 4×2 traseira.
Segundo a fábrica, o Purosangue vai de 0 a 100 km/h em apenas 3,3 segundos e atinge cerca de 310 km/h de velocidade máxima.
Outros atributos? O centro de gravidade rebaixado, a posição de dirigir baixa, a divisão equilibrada do peso entre os eixos e elevada rigidez torcional da carroceria.
“A bordo do Purosangue as pessoas vão se sentir em um autêntico GT da Ferrari”, disse o diretor de marketing Enrico Galliera. Pessoas, no caso, são os quatro ocupantes da carro, que é a primeira Ferrari de quatro portas e quatro lugares de série, em 75 anos de existência da marca.
Nós conhecemos o Purosangue de perto em uma avant-premiere realizada seis dias atrás (8/9) na fábrica da Ferrari, em Maranello, na Itália. E pudemos conferir.
De fato, a posição de dirigir é mais alta que a dos esportivos de dois lugares ou mesmo dos GT 2+2. Mas bem mais baixa que a bordo de um Lamborghini Urus, por exemplo. E posição do motorista em relação a painel, volante, pedais e até mesmo diante do parabrisas, parece ter sido transplantada de um GT como a Ferrari Roma.
Nas demais posições, não existe volante e nem pedais, mas os bancos são iguais ao do motorista. E o passageiro dianteiro tem uma tela LCD a disposição, com todas as informações dos instrumentos usados pelo motorista.
Na avant-premiere para o pequeno grupo de jornalistas do mundo todo e na cerimônia oficial de hoje, a exposição do carro foi estática. As avaliações dinâmicas serão feitas posteriormente, ainda sem datas definidas.
Além do desempenho garantido pelo V12, construtivamente, a Purosangue tem recursos para fazer justiça ao DNA da marca. A suspensão é do tipo duplo A, na frente, e multilink, atrás, com assistência hidráulica. Os freios usam discos cerâmicos e os pneus são nas medidas 255/25 R22, na dianteira, e 315/30 R23, na traseira.
Como a Ferrari Purosangue é um carro para a família, podendo ser usado no dia-a-dia, há também bastante sofisticação e recursos a bordo. O acesso aos bancos traseiros, por exemplo, é feito por meio deu portas de abertura invertida. O sistema de som é da marca hi-end Burmester. E o porta-malas tem 473 litros de capacidade.
A Purosangue, começa a ser vendida nas concessionárias Ferrari no primeiro trimestre de 2023. As primeiras unidades serão comercializadas na Europa. Nas Américas do Norte e Latina, incluindo o Brasil, o carro chega no quarto trimestre. O preço estimado para uma versão padrão é de 390.000 euros, na Itália, já com impostos. Cerca de R$ 2 milhões em conversão direta.
Considerando que uma Ferrari F8 Spider custa 284.000 euros, na Itália, e no Brasil sai por R$ 5,3 milhões, pode-se estimar que a Ferarri Purosangue chegará ao Brasil por pelo menos R$ 7,3 milhões. Sempre falando de uma versão básica.
Mas a fábrica espera que 99% dos compradores configurem seus carros de modo a torná-los únicos, seja pela seleção das cores para a carroceria, materiais de acabamento ou diferentes acessórios.
Quem pensava em ter um típico SUV com o cavalinho rampante na grade talvez fique desapontado. O Purosangue, não tem rack no teto, para transporter bicicletas, pranchas ou paraglideres. E sua geometria de suspensão não encoraja enfrentar trilhas mais radicais do que uma estrada de terra batida.
Em 2018, quando a Ferrari anunciou que faria a Purosangue, houve quem ironizasse as declarações do falecido CEO Sergio Marchionne dizendo, dois anos antes, que a marca jamais teria um SUV. Pelo que se viu agora, de fato, a Purosangue, não é um SUV classico, nem nas formas, nem no uso.