Criado para atender às exigências do Exército Brasileiro para o transporte de carga, tropas e cisterna, o Volkswagen Worker 15.210 4×4 chegou a ser homologado para uso civil, sendo usado por mineradoras, usinas e para atender empresas de energia em locais remotos. Mas também se mostrou perfeito para dar uma volta ao mundo.
A missão é do brasileiro Sergio Plumari, de 55 anos, diretor comercial, que já realizou este feito anteriormente. Foi de São Paulo até a Ásia usando moto e 4×4 ao longo de dois anos, percorrendo mais de 50.000 km sozinho e com apenas três peças de roupa. Agora, porém, fará isso com um motorhome 4×4 com uma usina solar, parte da expedição batizada “50 mundos”.
Plumari conta que comprou o caminhão de um fazendeiro, que mantinha o veículo em um galpão com apenas 3.000 km rodados, ainda com plásticos nos bancos e que se negava a vender. “Quando eu contei minha historia, dizendo que queria aquele caminhão para construir minha casa e dar uma volta ao mundo, ele me disse “Toma, ele é seu. Não posso impedir uma historia linda como essa”.
O que este caminhão tem de tão especial é a simplicidade e robustez mecânica. Isso porque, embora seja um chassi 2014, seu motor é ainda um Euro 2, sem eletrônica (importante para trafegar por qualquer local off-road e para ter manutenção em locais remotos), que recebeu licença especial para ser vendido a atividades civis. Trata-se de um MWM 6.10 TCA, de 6 cilindros, que desenvolve potência de 206 cv a 2.600 rpm e torque de 67 kgfm a 1.700 rpm.
É um veículo para aplicações pesadas. Seu bloqueio de diferencial é um Meritor RS23-145 e, graças a classificação do motor Euro 2, ele pode trafegar por qualquer local off-road, pois sua manutenção é mais simples e barata. Os eixos e a caixa de transmissão são feitos pela americana Marmon Herrington e os amortecedores são hidráulicos, sendo o dianteiro de ação progressiva e o traseiro telescópico de dupla ação.
Os pneus também são especiais para uso de mineração, mas optaram por retirar o rodado duplo traseiro para melhorar a performance do veículo no off-road.
Sergio batizou seu caminhão de Iron e o enviou à Estrela Mobil para ser transformado em motorhome. A parte casa tem 5,4 m de comprimento, 2,4 m de largura e 2,2 m de altura, e foi pensada para rodar em qualquer lugar do mundo, com especificações usadas por veículos desse tipo na Europa. Ela é toda revestida por Divynicell de 60 mm, uma espuma de fibra de vidro e PVC que isola termicamente a cabine, junto com as janelas insuladas.
A parte interna feita em madeira compensado naval e pensada para o uso por uma pessoa, mas pode chegar a acomodar quatro pessoas. Há mesa de jantar, cozinha completa e banheiro.
Contudo, o grande diferencial deste motorhome é sua autossuficiência em energia elétrica e água por até 10 dias. Isso porque o teto da “casa” é ocupado por oito painéis solares que geram quase 2.000W e têm a energia captada acumulada em um banco de baterias de 670A. Essa energia é fundamental para alimentar os equipamentos internos e o consumo de cada equipamento pode ser monitorado pelo painel elétrico do veículo.
Para completar o conforto, a água quente do Iron pode vir do boiler elétrico de origem náutica ou mesmo de um sistema que usa o próprio motor do caminhão para aquecer a água. O sistema também é usado para fazer a calefação interna da cabine.
Sergio Plumari iniciará sua nova aventura de volta ao mundo em agosto e estima que dessa vez a jornada poderá superar os 70.000 km e durar até três anos.