Toda a expectativa gerada em torno do Volkswagen T-Cross parece ainda não ter se transformado em vendas. Entre fevereiro e maio, foram vendidas 5.050 unidades do SUV compacto no Brasil.
Um número ainda distante do Jeep Renegade, líder do segmento e que teve 5.574 unidades vendidas apenas em maio.
O T-Cross parece ainda estar conquistando seu espaço. Nas vendas parciais de junho, o Volkswagen já aparece em 18°, com 2.732 unidades, posição melhor que em maio, quando fechou o mês em 23° com 3.003 exemplares a mais nas ruas.
De toda forma, segue atrás de Renegade, Creta, Kicks e HR-V.
QUATRO RODAS investigou o que está acontecendo com o SUV compacto da Volkswagen.
Procuramos as concessionárias. A despeito do relativo sucesso que o T-Cross teve quando chegou às lojas, vendedores já reclamam de procura pelo modelo abaixo do que era esperado.
Isso só não vale para a versão Highline, que tem preço inicial de R$ 109.990 e é a única equipada com o motor 1.4 TSI de 150 cv. Levantamento da consultoria Jato Dynamics mostra que esta versão, sozinha, é responsável por 55% das vendas do modelo.
Na sequência vem a versão Comfortline, com 36% de participação. A versão 200 TSI, disponível com câmbio manual e automático, não representa nem 10% das vendas.
Volkswagen T-Cross | Versão | Motor | Fevereiro | Março | Abril | Maio | Total | Participação | |
200 TSI MT | 1.0 TSI | – | 5 | 3 | 127 | 135 | 3% | ||
200 TSI AT | 1.0 TSI | – | 5 | 84 | 218 | 307 | 6% | ||
COMFORTLINE | 1.0 TSI | – | 37 | 606 | 1182 | 1825 | 36% | ||
HIGHLINE | 1.4 TSI | 38 | 103 | 1166 | 1476 | 2783 | 55% | ||
Vendas totais em 2019 | 5050 |
Os estoques das concessionárias refletem isso.
Configurações do T-Cross topo de linha – em especial as com o pacote Tech & Beats, com faróis full-led, park assist e sistema de som Beats, que custa R$ 6.050 extras –, têm a algumas semanas de espera em praças do interior de São Paulo e no Rio de Janeiro.
Enquanto isso, as versões abaixo, 200 TSI e Comfortline, costumam estar disponíveis a pronta entrega em diversas cores e com diferentes pacotes de opcionais. Algumas lojas, inclusive, praticam descontos para algumas configurações.
Na Grande São Paulo, porém, há toda a sorte de T-Cross disponível a pronta entrega, mas não há qualquer desconto.
O que os vendedores dizem não existir é T-Cross Highline sem o Pacote Innovation, que inclui o quadro de instrumentos digital, a central Discover media e modos de condução, que custa R$ 4.000.
Os equipamentos de tecnologia exclusivos do T-Cross Highline são, também, o principal chamariz da versão. Julio Cesar Castro, do Rio de Janeiro (RJ), já chegou na concessionária certo de que trocaria seu Honda HR-V por um T-Cross 1.4.
“Faróis em led, quadro de instrumentos digital, a central Discover media, o Park Assist e o som Beats foram os equipamentos que me chamaram a atenção. O motor também foi importante, mas os equipamentos foram o ponto decisivo”, conta.
Já Gustavo de Carvalho Araújo, de Goiânia (GO), disse também ter olhado o Chevrolet Tracker (1.4 turbo de 153 cv) e o Hyundai New Tucson (1.6 turbo de 177 cv) para trocar seu antigo Nissan Kicks SL.
“Sinceramente, troquei mas pelo pelo carro e pelo motor. Optei pelo VW pela qualidade do carro e pelo pós-venda”, comenta. Mas Gustavo diz ter se impressionado com a versão 1.0 turbo, preterida por boa parte dos compradores.
“Usei o 1.0 por uma semana e o achei fantástico. Me amarraria ter ele, porém, na versão manual. Os itens da 1.0 Comfortline são praticamente os mesmos da Highline, mas sem o quadro de instrumentos digital.”
A diferença de desempenho entre os dois não é tão grande quanto pode ser presumido.
O zero a 100 km/h, por exemplo, é cumprido em 11,3 s pelo 1.0 e 9,7 s pelo 1.4. O consumo é quase igual, mas o 1.4, por ter start-stop, é um pouco melhor na cidade. Confira as fichas de teste:
Volkswagen T-Cross Highline 250 TSI | Volkswagen T-Cross Comfortline 200 TSI |
Aceleração | Aceleração |
0 a 100 km/h: 9,7 s | 0 a 100 km/h: 11,3 s |
0 a 1.000 m: 30,8 s – 171,3 km/h | 0 a 1.000 m: 32,7 s – 160,2 km/h |
Retomada | Retomada |
40 a 80 km/h (em D): 4,1 s | 40 a 80 km/h (em D): 5 s |
60 a 100 km/h (em D): 5,2 s | 60 a 100 km/h (em D): 6,3 s |
80 a 120 km/h (em D): 6,7 s | 80 a 120 km/h (em D): 7,6 s |
Frenagem | Frenagem |
60/80/120 km/h – 0 m: 13,7/24,6/54,3 m | 60/80/120 km/h – 0 m: 14,3/24,9/56,4 m |
Consumo | Consumo |
Urbano: 12,3 km/l | Urbano: 11,8 km/l |
Rodoviário: 15 km/l | Rodoviário: 14,7 km/l |
Ruído interno | Ruído interno |
Neutro/RPM máxima: 39,6/69,7 dBA | Neutro/RPM máxima: 37,5/68,3 dBA |
80/120 km/h: 61,3/66,7 dBA | 80/120 km/h: 60,5/66,4 dBA |
A diferença de preços, porém, não é tão pequena. Um T-Cross Comfortline parte de R$ 99.990 e chega a R$ 111.940 com bancos de couro, central Discover media, partida por botão, faróis full-led, park-assist e sistema de som Beats.
Já o T-Cross Highline de R$ 109.990 pode chegar aos R$ 120.040 com central Discover media, faróis full-led, park-assist, sistema de som Beats, além do quadro de instrumentos digital. Teto solar panorâmico somaria R$ 4.800 nas duas versões.
O resultado da demanda mais forte pela versão Highline é que, enquanto esta é negociada seguindo praticamente à risca a tabela oficial, as 1.0 já são oferecidas com descontos.
No exemplo abaixo, um T-Cross 200 TSI automático, que custa R$ 94.490, é vendido completo (com o pacote Pacote Interactive II, com câmera de ré e sensores de estacionamento, seu único opcional) por R$ 89.990 – desconto de R$ 7.490.
Será que o brasileiro ainda não está preparado para a ideia de ter um SUV 1.0 na garagem, ainda que com turbo e injeção direta?