Existem carros americanos clássicos – e existem algumas instituições sobre rodas criadas em Detroit. Dentre essas parece haver consenso, entre fãs e detratores, de que o Corvette é a maior delas. E esse caso de amor com a América já dura mais de 50 anos. Exibido como um carro-conceito na exposição Motorama em Nova York, em janeiro de 1953, ele destoava de tudo que era feito pelos grandes fabricantes americanos.
Era um roadster ao estilo europeu com a primeira carroceria de fibra de vidro produzida em série no mundo, o que mais tarde lhe renderia o apelido de “Plástico Fantástico”. Foi criado para diluir a popularidade dos Ford entre o público jovem e fã de personalizações. O entusiasmo na exibição foi tal que no segundo semestre o esportivo já estava em produção.
Com câmbio automático Powerglide de duas velocidades, seu motor Blue Flame de seis cilindros produzia só 150 cavalos brutos. Mas as vendas não foram animadoras. Para mudar a situação, agravada pelo sucesso do recém-lançado Ford Thunderbird, criaram um V8 opcional de 195 cavalos para 1955.
Injeção de combustível
A virada mesmo, nas vendas e na esportividade de fato, começou no modelo 1956, com remodelações na frente e na traseira, além de um V8 básico de 210 cavalos, passível de ganhar mais 15 com carburação dupla. Câmbio de três marchas era opcional. Outras melhorias que atraíram os 3467 compradores do Corvette naquele ano-modelo (contra 674 no ano anterior) foram a opção do teto rígido removível e os vidros rebaixáveis nas portas.
A potência e as vendas aumentariam nos anos seguintes. Em 1957, o motor partia de 250 cavalos, mas a injeção de combustível o fazia render 283 cavalos na versão top. Uma quarta marcha já estava disponível. Entradas de ar laterais e faróis duplos chegaram no ano seguinte e os instrumentos, antes espalhados no painel, estavam concentrados na frente do motorista.
A versão com injeção de combustível de 1960 já rendia 315 cavalos e, em 1961, a traseira adotou um estilo chamado “cauda de pato”. Foi o último ano em que o Corvette veio em duas cores. No ano seguinte, o V8 327 substituiu o 283. Em 1963, a Chevrolet surpreendia com a segunda geração.
O Corvette ganhava, pela primeira vez, uma versão cupê, o clássico Sting Ray split-window, com o vidro traseiro envolvente dividido ao meio. O V8 327 produzia de 250 a 360 cavalos, dependendo da versão. A suspensão traseira passou a ser independente. Mas foi o novo estilo anguloso que mais causou sensação.
Os faróis redondos duplos agora eram escamoteáveis, dando um ar futurista ao Corvette. O modelo respondeu por metade das 21513 unidades vendidas, mas o característico vidro traseiro perdeu a divisão que lhe rendeu o apelido em 1964. Isso fez do cupê 1963 talvez o mais disputado clássico entre os Corvette.
Na linha 1965, o V8 396 de 425 cavalos pegava carona na era dos muscle cars e ia de 0 a 96 km/h em 5,7 segundos. No último ano dessa geração, o motor V8 427 topo-de-linha contava com 435 cavalos.
Para 1968, a Chevrolet preparou a primeira das quatro gerações seguintes do Corvette, encerrando o que especialistas consideram a era clássica do modelo, mas garantindo muitos outros anos gloriosos de mercado.
Pai do Vette
Embora o primeiro Corvette tenha sido fruto da engenharia da Chevrolet e do designer Harley Earl, quem fez dele um mito americano foi o engenheiro Zora-Arkus Duntov, um belga descendente de russos. Após ver o Corvette em 1953, escreveu ao engenheiro-chefe Ed Cole sugerindo melhorias no desempenho. Cole gostou e o contratou. Na linha 1955, estreava o primeiro V8.
Ficha técnica
- Motor: V8, 5359 cm3 (327 pol3), 6490 cm3 (396 pol3), 6998 cm3 (427 pol3)
- Potência: 250 a 340 cv (327 Quadrijet) e 360 cavalos (327 fuel injection)
- Câmbio: manual de 3 ou 4 velocidades, automático de 2 velocidades
- Dimensões: comprimento, 445 cm; largura, 177 cm; altura, 127 cm; entreeixos, 249 cm
- Carroceria: cupê de 2 portas e conversível
- Velocidade máxima: 240 km/h e 0 a 100 km/h em 5,6 segundos (327 fuel injection)