A prioridade da população em relação à mobilidade urbana está em transformação. As novas gerações estão mais preocupadas com o meio ambiente, buscam mais qualidade de vida e valorizam o seu tempo. Essa mudança de comportamento provocou o desenvolvimento de soluções mais eficientes para o deslocamento diário, como o compartilhamento de carros, a compra de veículos mais tecnológicos e sustentáveis e o uso de bicicletas, entre outros meios de locomoção.
Há uma preocupação cada vez maior em facilitar os trajetos para otimizar o tempo, além de amenizar os impactos ambientais causados pelos combustíveis fósseis. O uso de automóveis compartilhados, tendência que se confirma em todo o mundo como uma alternativa para reduzir o trânsito intenso e as despesas com transporte, também ganha força no Brasil. Além das opções de carros com motorista, existem as caronas corporativas e o aluguel de veículos particulares e de empresas.
Outro modelo de mobilidade sustentável que cresce no país é o de bikes. A implantação de ciclovias por órgãos públicos e o oferecimento de frotas, por meio de parcerias público-privadas, em pontos de fácil acesso nos grandes centros, têm incentivado novos usuários. Entre as novidades, as bicicletas elétricas são mais democráticas e atendem quem não tem o hábito de fazer atividade física ou procura mais conforto. Os patinetes elétricos, também em alta, estão em fase de regulamentação. Especialistas afirmam que há espaço para recursos ainda mais inovadores e não há limite para o desenvolvimento de novos modelos de mobilidade sustentável.
“É fato que as novas gerações têm menor interesse em ter um carro próprio e estão mais preocupadas com a preservação ambiental. Para muitos, comprar um smartphone mais moderno, ter acesso a novas tecnologias, viajar e buscar viver outras experiências é mais importante do que tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), ao completar 18 anos. Isso é percebido especialmente nas gerações Y, também conhecida como millennium, e Z, que tiveram acesso mais cedo à tecnologia e têm um olhar diferenciado sobre economia compartilhada”, explica Guillermo Petzhold, especialista em mobilidade urbana no WRI Brasil (Instituto de Recursos Mundiais).
O engenheiro ainda destaca que esses jovens buscam um trabalho com horários mais flexíveis, que permitam fugir dos períodos de pico no trânsito e em transportes públicos, além da possibilidade de home office. Com isso, as empresas também estão mudando alguns conceitos e há uma preocupação maior com a mobilidade de seus colaboradores.
De acordo com Petzhold, hoje, 80% dos deslocamentos são para trabalho e estudo. Assim, as empresas e universidades também podem buscar contribuir para motivar outros tipos de mobilidade, adotando um plano abrangente para integrar modais, como o uso de bicicletas, caronas e até caminhadas. “Governos e organizações públicas e privadas devem compartilhar a responsabilidade na busca por soluções para os problemas de mobilidade urbana, permitindo uma melhora do clima organizacional, da produtividade e da qualidade de vida”, recomenda.
Para Ricardo Takahira, vice-coordenador do Comitê Técnico de Veículos Híbridos e Elétricos da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE), essa mudança de comportamento é irreversível e só tende a aumentar. “Agora, é preciso pensar na melhoria da integração dos diversos meios de transporte disponíveis e na criação de novos aplicativos que permitam ao usuário programar um deslocamento utilizando vários modais, de acordo com suas necessidades.” Outro ponto importante é a democratização para acesso à mobilidade urbana. “Poderíamos ter, por exemplo, painéis eletrônicos em áreas públicas, com informações sobre os transportes disponíveis na região e o tipo de serviço oferecido, sem a necessidade de usar um smartphone”, diz.
Energia limpa
A indústria automotiva tem buscado soluções mais eficientes, com veículos mais tecnológicos e sustentáveis movidos a combustíveis alternativos e com uso de energias limpas, como os automóveis elétricos e híbridos. “Os veículos elétricos oferecem o menor custo por quilômetro rodado, mas o valor de compra ainda é alto no mercado brasileiro. Por isso, acabam saindo do modelo de posse individual e se tornam uma opção mais eficiente para frotas, como o aluguel para pessoa física por períodos mais longos, de um a três anos, por exemplo. Além disso, já existem frotas de táxi e serviços de compartilhamento de carros elétricos, como é o caso do programa desenvolvido em Fortaleza (CE), por meio de uma parceria público-privada”, comenta Takahira.
Um ponto muito positivo, de acordo com o especialista, é que as soluções de mobilidade urbana estão sendo aplicadas em diversas cidades do país, saindo de grandes capitais como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. “Para o futuro, esperamos uma grande evolução das soluções que já temos, com maior integração dos modais e o compartilhamento de veículos autônomos elétricos, sempre com foco em buscar uma mobilidade urbana sustentável e melhoria da qualidade de vida.”
[youtube=https://www.youtube.com/watch?v=RNLyQjBhwpk&w=560&h=315]