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Clássicos: VW SP2, a joia criativa da indústria automobilística brasileira

Mesmo sem um desempenho à altura, esportivo foi um retrato do talento e da capacidade criativa do desenho industrial nacional

Por Felipe Bitu
Atualizado em 26 jun 2022, 10h50 - Publicado em 5 Maio 2020, 12h36

Celebrado como um dos automóveis mais importantes da nossa indústria, o Volkswagen SP2 simboliza uma época em que o Brasil foi tomado por um forte ufanismo e um crescimento econômico inédito.

Foi essa bonança de prosperidade que incentivou Rudolf Leiding a criar um departamento de estilo na fábrica de São Bernardo do Campo (SP), o primeiro fora da matriz, em Wolfsburg.

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“Fui admitido na Volkswagen em 1968 e rapidamente abraçado pelo Marcio Piancastelli”, conta José Vicente “Jota” Novita Martins, mentor do esboço original do SP2.

“O Leiding havia acabado de assumir a presidência da VW do Brasil e, após o estrondoso sucesso do cupê 1600 TL, ele nos deu autonomia total para o desenvolvimento do SP2.”

A primeira aparição pública do protótipo, ainda sem nome, ocorreu na exposição A Alemanha e Sua Indústria, realizada no Pavilhão Bienal do Parque Ibirapuera entre março e abril de 1971.

Clássicos: VW SP2, a joia criativa da indústria automobilística brasileira
Quatro faróis: identidade VW nos anos 70 (Christian Castanho/Quatro Rodas)

A grande aceitação do público impressionou um dos mais importantes organizadores do evento: Kurt Lotz, então presidente mundial da VW. O nome de batismo só veio depois: SP1 para a versão com motor de 65 cv e SP2 para a versão com motor de 75 cv.

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“O SP2 fez tanto sucesso que, em outubro de 1971, o Leiding sucedeu o Kurt Lotz na presidência do conselho da Volkswagen em Wolfsburg”, lembra Jota.

A produção do esportivo teve início em 1972 e a cerimônia oficial de apresentação foi prestigiada pelo próprio Leiding, que tempos depois levou uma unidade do SP2 para seu uso pessoal na Alemanha.

A produção envolvia um caro e complexo vaivém logístico: as chapas de aço eram estampadas na VW e depois viajavam 4 km até a fábrica da Karmann-Ghia para armação das carrocerias.

A pintura era realizada na VW, a finalização da montagem na Karmann e o controle final de qualidade em uma última escala na VW.

Clássicos: VW SP2, a joia criativa da indústria automobilística brasileira
Instrumentação completa e acabamento com detalhes de madeira (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Sua qualidade de construção era realmente impressionante, realçada pelo bom nível de acabamento interno e pelos bancos esportivos revestidos de couro (com apoios de cabeça que o moderno Passat esqueceria de apresentar dois anos depois).

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Console entre os bancos, luzes de leitura para mapas, alça de apoio para o passageiro, amperímetro e termômetro eram itens exclusivos que o diferenciavam do raro e espartano SP1.

A plataforma do SP2 era a mesma da perua Variant, penalizada pela arcaica suspensão traseira por semieixos oscilantes.

Pneus radiais montados em largas rodas de aço estampado ajudavam a contornar a limitação técnica, mas não faziam milagres: havia tendência ao sobresterço no limite da aderência e travamento das rodas dianteiras durante frenagens em altas velocidades.

Clássicos: VW SP2, a joia criativa da indústria automobilística brasileira
O motor 1.7 ficava sob o porta-malas traseiro, como na Variant (Christian Castanho/Quatro Rodas)

E olha que nem eram velocidades tão altas assim, pois ele mal passava dos 153 km/h. Seu inédito motor trazia circuito de lubrificação redimensionado, pistões com 88 mm de diâmetro para elevar a cilindrada a 1,7 litro e leve aumento na taxa de compressão (de 7,2:1 para 7,5:1).

Tudo para render pacatos 75 cv a 5.000 rpm. O torque também deixava a desejar: 13 mkgf a 3.400 rpm, evidenciados pela relação de diferencial alongada de 4,21:1 para 3,87:1.

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O SP2 pesava quase 200 kg a mais que um Puma GTE, situação que comprometia sua agilidade: o 0 a 100 km/h era realizado em eternos 17,4 segundos, uma decepção para o público seduzido pelo estilo que conquistou até a imprensa especializada internacional.

Clássicos: VW SP2, a joia criativa da indústria automobilística brasileira
(Christian Castanho/Quatro Rodas)

Daí que veio a piada do nome, que seria das iniciais de “Sem Potência” – nunca se soube a verdadeira origem, cujas versões variam de “Special Project”, “Sport Prototype” e até “São Paulo”.

O carro das fotos é um modelo 1974, que pertence ao colecionador Carlos Alberto Rodrigues, presidente do VW SP2 Club. Foi adquirido em 2006 e submetido a um meticuloso processo de restauração que durou dez anos.

“Desde criança sempre fui apaixonado pelo SP2. O meu já foi premiado em vários eventos e recentemente estrelou uma campanha publicitária da própria VW do Brasil”, conta.

Mesmo sem oferecer o desempenho evocado por suas linhas, o SP2 fez sucesso em função do estilo arrojado e do bom acabamento, sendo notável o esmero da Volkswagen com a qualidade de construção.

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Manteve um público fiel e saiu de cena em 1976 com 10.205 unidades produzidas: o caráter esportivo da VW passou a ser representado pelo ágil Passat TS.

Clássicos: VW SP2, a joia criativa da indústria automobilística brasileira
(Acervo/Quatro Rodas)

Ficha Técnica – VW SP2 1974

Motor: longitudinal, 4 cilindros opostos, 1.678 cm3, 2 válvulas por cilindro, comando simples no bloco, dois carburadores de corpo duplo; 75 cv a 5.000 rpm; 13 mkgf a 3.400 rpm
Câmbio: manual de 4 marchas, tração traseira
Dimensões: comprimento, 421,2 cm; largura, 161 cm; altura, 115,8 cm; entre-eixos, 240 cm; peso, 890 kg
Pneus: 185 SR 14

Teste – Julho de 1972

0 a 100 km/h: 17,4 s;
Velocidade Máxima: 153,053 km/h;
Consumo: não aferido;
Preço: Cr$ 29.700 (julho de 1972); R$ 141.800 (atualizado, IGP-DI/FGV)

sp2
Volkswagen SP2: Pouca gente conhece, mas além do SP2, com motor 1700, a família tinha outro membro. Era o SP1, com motor 1600, que obviamente não fez tanto sucesso – e teve só 88 unidades produzidas (Divulgação/Volkswagen)
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