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Clássicos: Maserati Ghibli, o furacão italiano

Automóvel de nobres e magnatas, o Ghibli representava o que havia de melhor em requinte, conforto e desempenho

Por Felipe Bitu
21 mar 2018, 20h40
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  • Maserati Ghibli
    Um dos desenhos mais famosos de Giugiaro, o Ghibli tem nome de vento (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    A história do Maserati Ghibli começa na última edição da Mille Miglia, em 1957. Seis adultos e cinco crianças morreram quando Alfonso de Portago perdeu o controle da sua Ferrari 335 S, evento que ficou conhecido como a Tragédia de Guidizzolo.

    Com a Itália em luto, a Maserati encerrou sua atividade nas pistas. A empresa comandada por Adolfo Orsi concentrou seus recursos na produção de cupês grã-turismo como o 3500GT, o 5000GT e Sebring.

    Batizado em alusão a um vento quente que sopra no deserto do Saara, o Ghibli foi apresentado no Salão de Turim de 1966. Era um carro de luxo e alto desempenho para percorrer longas distâncias entre as capitais da Europa e outros aprazíveis destinos.

    Maserati Ghibli
    O bocal atrás da janela lateral indica a posição dos dois tanques (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Grande (4,7 metros), pesado (1.625 kg) e veloz, tinha conforto de sobra para um casal de abastados e toda a bagagem que pudessem carregar.

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    Nomeado Tipo AM 115, ele manteve o tradicional chassi tubular Maserati apoiado em suspensão dianteira de braços duplos com molas helicoidais e traseira com eixo rígido e molas semielípticas.

    Projetado nos anos 50 para o Maserati 450S, o V8 de alumínio de 4,7 litros rendia 315 cv. Trazia duplo comando de válvulas nos cabeçotes, câmaras hemisféricas e quatro carburadores Weber 40 DCNF.

    Maserati Ghibli
    No interior, há espaço de sobra para dois ocupantes (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    O cárter seco permitiu montar o motor numa posição bem baixa, indispensável às linhas do jovem Giorgetto Giugiaro em um de seus primeiros trabalhos para o estúdio Ghia.

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    Um desenho aerodinamicamente correto e harmônico em todas as proporções. Capô longo, para-brisa radicalmente inclinado e teto em queda suave sobre o terceiro volume, com o ponto mais alto da carroceria a apenas 1,16 metro do solo.

    A produção teve início em 1967. Ar–condicionado e a transmissão ZF de cinco marchas eram de série, mas não demorou para que o câmbio automático BorgWarner de três velocidades fosse oferecido.

    Maserati Ghibli
    O volante com três raios é da marca Hellebore e instrumentos, da Veglia (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    A lista de opcionais incluía também a direção hidráulica ZF, escapamentos quádruplos, cinto de segurança, espelhos retrovisores externos, rodas raiadas Borrani, toca–fitas de cartucho e faróis de neblina.

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    O V8 de baixa rotação agradou clientes de todos os tipos, como o todo-poderoso Henry Ford II. Ia de 0 a 100 km/h em 7 s, com máxima de 274,8 km/h. Mas o que realmente importava era seu refinamento: o Ghibli rodava por horas a 200 km/h sem esforço, a apenas 4.500 rpm.

    Os freios eram a disco nas quatro rodas e a autonomia era garantida por dois tanques laterais instalados atrás do eixo traseiro, totalizando 100 litros.

    Maserati Ghibli
    O motor é um V8 de baixa rotação, bem ao gosto dos americanos (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Por mais diferentes que fossem, as comparações com o Lamborghini Miura eram inevitáveis. A imprensa especializada enaltecia o V12 central e as suspensões independentes do esportivo de Sant’Agata Bolognese, ignorando o minúsculo porta-malas e os sérios problemas de ergonomia.

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    Seu concorrente direto era a Ferrari 365 GTB / 4 Daytona, um legítimo grã-turismo de motor V12 dianteiro apresentado em 1968.

    Duas variantes surgiram em 1969. A primeira foi o conversível Spyder, com apenas 125 unidades produzidas, menos da metade com a opção do teto rígido.

    Maserati Ghibli
    Faróis escamoteáveis melhoram a aerodinâmica. Rodas de Campagnolo (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    A outra foi o Ghibli SS, que teve a cilindrada aumentada para 4,9 litros graças ao maior curso do virabrequim. A potência subia para 335 cv, com 0 a 100 km/h de 6,2 s e a máxima declarada de 280 km/h.

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    No total, 1.170 Ghibli foram produzidos até 1973. A aquisição da Maserati pela Citroën deu aos italianos mais recursos e tecnologia para desenvolver dois novos grã-turismo, também batizados com nomes de vento: o Bora (Tipo AM 117) e o Khamsin (Tipo AM 120).

    O nome Ghibli seria utilizado novamente pela casa de Modena em outras duas ocasiões: no cupê Tipo AM336 dos anos 90 e no sedã executivo Tipo M157 produzido desde 2013.

    Ficha técnica – Maserati Ghibli

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