Carros cinza são os que mais valorizaram em 2023, aponta estudo
Carros seminovos pintados na cor cinza tiveram valorização de 0,37% em 2023 enquanto todas as outras cores desvalorizaram neste período
Existe um consenso de que comprar carros cinza, preto ou branco ajuda na revenda e até na valorização do veículo. Essas cores representaram 82% dos modelos comercializados no mundo em 2022, de acordo com a 70ª edição do Relatório Global de Popularidade de Cores Automotivas.
Mas, segundo estudo da Mobiauto, startup de classificados de automóveis, investir em carros pintados de cinza é a melhor escolha. Quem aderiu à moda dos carros “cinza Durepoxi” pode ter se dado bem.
Os proprietários de carros pintados em cinza praticamente não viram seus veículos se desvalorizarem no período de janeiro a junho de 2023, com variação ligeiramente positiva de 0,37% na comparação com o mesmo período do ano passado.
A média de desvalorização de todo o mercado foi de -7,45%. Carros pretos e de “outras” cores , como amarelo, verde, azul ou marrom, ficaram em um patamar um pouco acima da média como é possível observar no ranking abaixo.
COR | VARIAÇÃO |
CINZA | 0,37% |
OUTROS | -4,62% |
PRETO | -7,11% |
BRANCO | -9,58% |
VERMELHO | -11,46% |
PRATA | -12,27% |
O preto, inclusive, havia sido vice-campeã na pesquisa que a startup promoveu em 2021 e o vermelho foi a cor mais valorizada daquele ano. E os carros prata, tão genéricos, na verdade desvalorizaram mais.
“Esperávamos que o branco fosse liderar a pesquisa, embora seu predomínio ocorra mais nos grandes centros urbanos; e a pesquisa foi nacional”, explica o economista Sant Clair de Castro Jr., consultor automotivo e CEO da Mobiauto.
O ótimo desempenho dos seminovos na cor cinza está atrelado, principalmente, ao fato de que a cor é mais comum em alguns nichos de mercado, o que ajudou a valorizá-la. “Você vê muitos SUVs e, principalmente, picapes desta cor. E esses carros são naturalmente muito procurados, o que pode ter ajudado no aumento de preços do cinza”, explica Castro Jr.
Outro fenômeno que ajuda a explicar essa valorização do cinza surgiu com uma tonalidade que virou febre no Brasil nos últimos anos. O cinza sólido surgiu com a Audi (Cinza Quantum) em 2018 ou 2019 e logo foi transferida para o VW Jetta GLI. Mas se massificou mesmo com o VW Nivus, rebatizada como Cinza Moonstone. Fiat, Jeep e outras marcas também incorporaram tonalidades semelhantes e o cinza voltou a bombar no país.
Na contramão dessa tendência, a Fiat anunciou recentemente que não irá mais produzir carros cinza na Europa como forma de enaltecer cores mais vivas e vibrantes. Lembrando que essa decisão não envolve a marca no Brasil.
Na outra extremidade, a cor prata também é referência tradicional dos modelos mais baratos, como hatches e sedãs de entrada, o que levaria à depreciação mais acentuada.
Segundo o executivo, em relação a boa performance das cores mais raras, como amarelo, azul e verde, geralmente são modelos esportivos ou importados de alto luxo, onde essa quase exclusividade é mais bem aceita.
O estado de conservação, documentação, origem e até quilometragem do veículo continuarão sendo argumentos mais relevantes na formação dos preços de seminovos, mas esse recorte de cores reafirma que os tons mais tradicionais, como cinza e preto, continuam em alta.