Já imaginou ir a um cinema onde você pode conversar, atender o celular, namorar e até fumar? Ele existe: é o Cine Drive-in, em Brasília, o último cinema ao ar livre do país. Lá cada veículo funciona como se fosse um sala particular, com direito a mordomias impensáveis nas salas tradicionais: atendimento de garçom com uma piscada da lanterna e som no volume desejado – é só sintonizar o rádio do carro na frequência do filme. A única proibição é acender o farol, para não apagar a imagem da tela. “Cada cliente tem uma forma de assistir ao filme. Alguns trazem cadeiras e assistem de fora do carro, outros preferem o conforto do assento reclinado”, explica a proprietária Marta Fagundes, 54 anos. Ela trabalha no Cine Drive-in desde 1975 e, em 1988, tornou-se dona do negócio. “O antigo proprietário queria fechar o cinema e eu decidi comprá-lo para evitar isso.”
Inaugurado em agosto de 1973 em uma área de 15 000 m² dentro do Autódromo Nelson Piquet, o espaço conta com uma tela de 14 x 22 metros, anunciada como a maior do país, e capacidade para abrigar até 500 veículos. Os filmes são exibidos todos os dias, com ingressos de R$ 9 a R$ 20 por pessoa, e é comum ver na plateia carros antigos. “Chegam a organizar encontros de clássicos aqui dentro”, diz Marta. Neste ano o drive-in correu o risco de ser demolido devido a uma reforma para a F-Indy 2015. Porém, graças a uma petição que alcançou 18 000 assinaturas, o governo de Brasília garantiu sua permanência.
Sua condição única já lhe rendeu o papel de protagonista em dois filmes: a comédia O Último Cine Drive-in, com Othon Bastos, e o documentário Cine Drive-in – Cinema Sob o Céu, que mostra as ameaças de demolição sofridas nos últimos anos.
Cine Drive-In
Autódromo Nelson Piquet, Centro Desportivo Presidente Médici, Asa Norte. www.cinedrivein.com.