Brasil precisa de etanol e não de carro elétrico, diz CEO da Stellantis
Carlos Tavares ainda afirmou que esteve em contato com cientistas brasileiros e que, mesmo assim, é inevitável não trazer elétricos para o país
![Carlos Tavares aposta forte no etanol brasileiro](https://quatrorodas.abril.com.br/wp-content/uploads/2023/02/Carlos-Tavares-CEO-da-Stellantis.jpg?quality=70&strip=info&w=1024&h=684&crop=1)
CEO da Stellantis, o conglomerado que reúne marcas como Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën, o português Carlos Tavares não fez questão de panos quentes: o consumidor brasileiro não precisa de carros elétricos, mas de etanol, afirmou nesta semana.
A declaração, reportada pelo Valor Econômico, foi dada em uma coletiva com jornalistas do mundo todo, no evento de divulgação dos resultados financeiros do grupo. A resposta foi dada após Tavares ser questionado sobre os impostos que incidem sobre carros elétricos no Brasil.
“Por que, então, as pessoas levariam carros elétricos para o Brasil? (…) o elétrico não faz sentido se comparado com o carro que pode rodar com 100% de etanol”, afirmou.
![Carlos Tavares destaca importância estratégica da América do Sul para a Stellantis_Foto_Leo_Lara (1) Carlos Tavares (ao centro) em visita ao Brasil no ano passado](https://quatrorodas.abril.com.br/wp-content/uploads/2023/02/Carlos-Tavares-destaca-importancia-estrategica-da-America-do-Sul-para-a-Stellantis_Foto_Leo_Lara-1.jpg?quality=70&strip=info&w=1024&crop=1)
A fala do CEO está alinhada ao que disse recentemente Antonio Filosa, o diretor operacional da Stellantis na América do Sul. “O Brasil tem hoje, por equivalência, a maior frota elétrica do mundo”, pontuou Filosa citando a captura de carbono promovida pelo plantio de cana, em apresentação com a presença de QUATRO RODAS.
Carlos Tavares, segundo o relato do Valor, se mostrou bem pragmático ao analisar os veículos elétricos. De acordo com o português, o elétrico não é melhor sob a perspectiva de emissões (o que, de fato, vem sendo corroborado por alguns estudos), ao mesmo tempo que é bem mais caro que modelos puramente a álcool.
![eletrificação stellantis 2 eletrificação stellantis](https://quatrorodas.abril.com.br/wp-content/uploads/2023/01/eletrificacao-stellantis-2.jpg?quality=70&strip=info&w=1024&crop=1)
Por outro lado, é inegável que a propulsão elétrica está relacionada, também, à ideia de carro moderno e atualizado. É algo que os modelos a 100% a etanol que a Stellantis pretende lançar jamais igualarão e, nesse caso, a solução é vender EVs também.
“Isso pode ser um nicho de mercado. Não pretendo deixá-lo para meu concorrente, então estarei lá também”. Levemente provocante, o executivo não quis detalhar lançamentos para o mercado brasileiro, mas deixou claro: “vamos levar carros elétricos para o Brasil também para lutar contra as pessoas que pensam que podem desestabilizar o líder do mercado que somos. (…) Sejam bem-vindos à competição”
![peugeot e-2008 gt peugeot e-2008 gt](https://quatrorodas.abril.com.br/wp-content/uploads/2022/11/1FLP3954-e1676676243866.jpg?quality=70&strip=info&w=1024&crop=1)
É muito provável que vejamos um carro a etanol da Stellantis ainda em 2023, mesmo que protótipo. Mas não se surpreenda caso a fabricante escolha algum de seus modelos para lançar uma versão movida apenas a etanol, servindo de laboratório para seu projeto.
A previsão para os próximos anos é ainda mais interessante, com a meta de adicionar a esses motores sistemas eletrificados e, em um futuro ideal, até mesmo a geração de hidrogênio a partir do altamente complexo processo de reforma a vapor.