78% dos veículos com GNV estão irregulares e correm risco em SP
Explosão que matou uma pessoa no Rio de Janeiro, enquanto o carro era abastecido com GNV, levantou o alerta para a fiscalização no país
As sucessivas altas dos preços dos combustíveis, desde 2020, estimularam um crescimento nas conversões de veículos para Gás Natural Veicular (GNV) no Brasil. Nesta semana, porém, uma explosão de um carro a GNV durante o abastecimento causou a morte de uma pessoa e deixou outra ferida, e a acendeu o alerta para a fiscalização das conversões no país.
Assine a Quatro Rodas a partir de R$ 9,90
Números divulgados pela Senatran (Secretaria Nacional de Trânsito), mostram que 67.487 veículos foram convertidos para GNV no país durante o primeiro semestre de 2022 – ou seja, um crescimento de 74,17% em relação a 2020, quando 38.747 conversões foram realizadas.
Em 2021, quando os combustíveis tiveram seus primeiros aumentos substanciais, a procura foi ainda maior e o crescimento foi de 86,65%, também em relação aos primeiros seis meses de 2020.
No entanto, a Associação Nacional dos Organismos de Inspeção (Angis) levantou dados que mostram grande fragilidade no sistema de fiscalização destas conversões, o que eleva o risco de graves acidentes aos ocupantes dos veículos, bem como quaisquer outras pessoas que estejam ao redor.
“A inspeção de segurança veicular é indispensável para a preservação das vidas no trânsito. Todos os acidentes em carros com sistemas GNV aconteceram, comprovadamente, em veículos que estavam em situação irregular e sem as inspeções periódicas em dia”, disse Aquiles Pisanelli, presidente da Angis.
No caso da explosão ocorrida na Zona Norte do Rio de Janeiro na última terça-feira (26), que matou um homem de 67 anos que tinha acabado de abrir o porta-malas do carro, trabalhadores do posto de combustíveis relataram que o cilindro de gás estava em mau estado de conservação e enferrujado. Ainda não se sabe, porém, sobre possíveis inspeções feitas neste caso.
Fiscalização deficiente
Uma pesquisa realizada pela associação e pelo Sindicato das Empresas de Inspeção Veicular do Estado de São Paulo (Sivesp) apontou que 78% dos veículos abastecidos com GNV na Grande São Paulo estavam irregulares. O estudo foi realizado com cerca de 3.000 automóveis em 37 postos diferentes.
70% dos veículos abordados não estavam sequer registrados como possuidores de GNV como combustível no Renavam – ou seja, nunca passaram pela fiscalização inicial obrigatória. Os outros 8% estavam com licenciamento ou inspeção atrasados há dois anos ou mais.
A inspeção de segurança é obrigatória e deve ser realizada logo após a conversão, para checagem da conformidade e segurança da conversão, além dos índices de poluentes emitidos pelo veículo. Outros sistemas, como suspensão, freios, direção, sinalização e iluminação também são inspecionados. Depois disso, a vistoria passa a ser anual, obrigatória, e o cilindro deve ser testado a cada cinco anos.
A não realização da inspeção veicular, além de gerar riscos de acidentes graves e fatais, também torna os proprietários sujeitos a multa grave de R$ 195,23 e apreensão do veículo para regularização, e a impossibilidade de realizar o licenciamento anual.