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ALTO PARAÍSO DE GOIÁS (GO)
O lugar fica popular de tempos em tempos, normalmente quando um novo fim do mundo é anunciado, como ocorreu na virada do milênio. A Chapada dos Veadeiros, que tem Alto Paraíso como “capital”, é considerada por holísticos, espiritualistas e apocalípticos como um dos poucos refúgios quando o grande cataclismo vier. Não se sabe se a razão disso é sua localização, no centro do país, sua altitude (acima dos 1 200 metros) ou o conjunto generosíssimo de cachoeiras da região. Alto Paraíso também se tornou um ponto de encontro de terapeutas holísticos das escolas mais diversas, do reiki ao alinhamento de chacras. As sessões de musicoterapia na Gota, uma construção de acústica impressionante, valem a visita. Relaxamento é coisa séria por lá.
BOIPEBA (BA)
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Próxima do Morro de São Paulo, Boipeba é a prima do interior. A prima linda e cobiçada. Boipeba leva a grande beleza do litoral baiano a um nível de excelência ainda maior, cortesia de praias como Bainema e Cueira, mantidas como vieram ao mundo sabe Deus até quando. Que Ele preserve o grande proprietário das terras da ilha, um empresário de origem italiana, sem grandes ambições pecuniárias. A beleza do lugar atraiu ainda mais estrangeiros, como o nova-iorquino Charles Levitan, que mantém uma pousada e um ótimo restaurante na Boca da Barra. Como no antigo slogan publicitário da Colômbia, o perigo é querer ficar para sempre. E as lagostas frescas servidas grelhadas com abacaxi do seu Guido também têm grande poder de persuasão.
CUNHA (SP)
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Embora esteja em um dos caminhos que levam à Rodovia Rio-Santos, estrada de grande movimento nas férias e nos fins de semana, Cunha, no Vale do Paraíba, está imune à muvuca. Se os motoristas quiserem ir dali a Paraty, a 50 quilômetros, encontrarão curvas e mais curvas – e cachoeiras e mais cachoeiras. Mas a meta de chegar a Paraty pode muito bem der deixada de lado. Cunha tem parque estadual (da Serra do Mar) com cachoeiras, pedra de 1 850 metros com vista para o mar, pousadas confortáveis e um interessante núcleo de ceramistas adeptos da técnica noborigama, em que queimam suas peças em fornos de alta temperatura e permitem que o acaso se misture ao processo, criando formas inusitadas para seus potes, vasos, bules e outras peças utilitárias.
GONÇALVES (MG)
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Difícil encontrar um lugar bucólico na Serra da Mantiqueira que não tenha sido explorado pela enxurrada de moradores das capitais que aparecem em fins de semana e no inverno, mas Gonçalves, em Minas Gerais, nos limites de Campos do Jordão, consegue manter um balanço saudável entre a vida pacata e as dores e delícias do turismo. Com lindas trilhas para 4×4, bikes e também para corredores cascudos, como a que atravessa a Serra da Balança, cachoeiras e pedras de cujos topos se veem mares de morros por todos os lados, a cidade também convida ao far niente em seus restaurantes de comida farta e pousadas românticas.
GOVERNADOR CELSO RAMOS (SC)
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Por alguma relação ainda não bem conhecida, meio mundo que vai a Santa Catarina no verão se divide entre Florianópolis e Balneário Camboriú. Celso Ramos, que fica entre as duas, consegue escapar ilesa, apesar de ter um litoral tão recortado quanto, além de um conjunto de praias que satisfaz o turista mais exigente, do surfista ao paizão barrigudo que prefere o mar estilo piscininha para curtir os filhos e a cerveja na areia. Há passeio de escuna até a ilha de Anhatomirim, onde fica a Fortaleza de Santa Cruz.
GUARAMIRANGA (CE)
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As coisas no Ceará são um pouco diferentes. Cachoeiras famosas como a Bica do Ipu, onde até Iracema, de José de Alencar, se banhava, não têm mais água. O preço da lagosta? Uma ninharia pros lados de Icapuí. Já o Carnaval em Guaramiranga, esse delicioso retiro na montanha a uma hora de Fortaleza, não tem samba, mas um badalado festival de jazz. Chega até a fazer frio nessa cidade do Maciço do Baturité que vale conhecer o ano todo, e não só pelos que odeiam Carnaval. Boa comida, um parque de aventuras e um antigo mosteiro dos jesuítas, além de pousadas de charme no entorno da cidade, justificam as muitas curvas a enfrentar na serra.
LUMIAR (RJ)
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“Estender o sol na varanda até queimar/ Só pra não ter mais nada a perder/ Pra perder o medo/ mudar de céu, mudar de ar/ Clarear de vez/ Lumiar.” Beto Guedes e Ronaldo Bastos acharam por bem fazer logo uma música em gratidão a Lumiar, o distrito de Nova Friburgo, na Serra Fluminense, que, a partir da canção, tornou-se um tanto mais conhecido. Cachoeiras, a formação rochosa Indiana Jones, o rafting do Rio Macaé, todas essas ótimas atrações de aventura podem até esperar, pois o conforto das pousadas românticas, os restaurantes da vila vizinha de São Pedro da Serra e até mesmo a produção de flores da região estarão lá para dizer: relaxa!
SÃO LOURENÇO (MG)
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Quando os cassinos ainda eram legais no país, as estâncias hidrominerais de Minas tiveram o seu momentum. Se muitas decaíram, São Lourenço ainda logrou manter certa dignidade. No seu Parque das Águas, as fontes minerais com água ferruginosa, sulfurosa e alcalina estão à disposição dos viajantes que queiram relaxar em banhos aromáticos, de sais, nos ofurôs. O parque é administrado por famosa multinacional suíça de alimentos, que explora a água naturalmente gasosa do local e que reconstruiu o balneário após uma grande enchente no ano 2000. Aproveite para fazer outro programa relaxante (no limite do soporífero): o passeio de maria-fumaça do Trem das Águas até Soledade de Minas (20 quilômetros de ida e volta).
SÃO MIGUEL DOS MILAGRES (AL)
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Costuma-se dizer que o Brasil tem uma natureza magnífica, mas de alguma forma malversada por uma hotelaria de segunda linha. A assertiva não vale para São Miguel dos Milagres, no litoral norte de Alagoas, onde algumas das praias mais bonitas do país encontram as pousadas mais charmosas senão do Brasil, certamente do Nordeste. Nas belíssimas praias do Toque, do Patacho e da Lage, estão estabelecimentos que “reinicializaram” o conceito de conforto à beira-mar do Brasil. Duas duchas enormes por banheiro, spa com sauna, cozinha de autor (e, às vezes, uma cozinha para o próprio hóspede brincar de Masterchef), silêncio e outros itens do que se convencionou chamar luxo marcam esse pedaço da maravilhosa Rota Ecológica. Mas prepare o cartão de crédito.
TIRADENTES (MG)
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Das famosas cidades históricas de Minas Gerais, Tiradentes foi a que melhor envelheceu. Quem sabe por ter suas principais atrações concentradas numa área bastante reduzida, essa gema do ciclo do ouro é escolha certeira para dias muito tranquilos. O lugar encanta por seus restaurantes, que vão dos generosos – vide o tamanho do mexidão da Estalagem do Sabor – aos sofisticados, pelas pousadas que tiram partido da linda vista da Serra de São José e pelos museus acima da média, como o da Liturgia, além de festivais de cinema e gastronomia. Encanta tanto que você nem pensa duas vezes em aceitar um clássico programa para turista: andar de charrete.