Os carros aceitos pela Uber no Brasil – e os estranhos critérios utilizados
Critérios de seleção de modelos autorizados são confusos, mas empresa diz analisar casos individualmente
Trabalhar na Uber (sim, a empresa se refere a si mesma no feminino, não no masculino) se tornou uma alternativa viável para quem deseja obter uma renda extra. São vários os casos de taxistas, motoristas particulares e até profissionais de outras áreas que abandonaram seus empregos para virar prestador de serviço na companhia – isso sem contar os desempregados que enxergam na empresa uma forma de ganhar dinheiro. Mas não basta apenas se cadastrar e botar o pé na rua.
Quem pretende se tornar um motorista na categoria Uber Black, por exemplo, precisa ter um veículo de quatro portas, com ar-condicionado e bancos de couro. Dependendo do modelo, são aceitos veículos nas cores prata e azul escuro, como alternativa aos carros pretos que popularizaram o serviço no país – carros com envelopagem fosca, aliás, não são aceitos.
Não é exagero dizer que a Uber fez uma pequena revolução no serviço de transporte privado urbano. Fundado em 2009, o serviço se enquadra no ramo de “carona remunerada”, permitindo que qualquer pessoa com carteira de habilitação profissional (ou seja, habilitado a exercer atividade remunerada) vire um “parceiro” da Uber, cadastrando seu próprio veículo para transportar passageiros. Segundo a empresa, “todos os candidatos passam primeiro por uma checagem de antecedentes criminais nas esferas federal e estadual”, sendo que os documentos do veículo também são checados, bastando apresentar a Certidão de Registro e Licenciamento do Veículo, comprovante do DPVAT do ano corrente e apólice de seguro com cobertura APP (Acidentes Pessoais a Passageiros) a partir de R$ 50 mil por passageiro.
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Ao oferecer um serviço semelhante ao táxi convencional sem obrigar o condutor a passar por um curso de especialização e nem exigir uma licença para trabalhar, a Uber comprou briga com os taxistas, que a acusam de concorrência desleal. Protestos e até agressões contra motoristas da Uber acontecem em todos os países em que o aplicativo está presente – inclusive no Brasil.
Alguns critérios são inusitados. O Freemont é o único modelo elegível no leque da Fiat. O mesmo acontece com marcas como Chrysler (300C), Peugeot (408) e Renault (Fluence). A maioria dos SUVs compactos, como Jeep Renegade, Ford EcoSport e Renault Duster, não consta na lista divulgada pela Uber, com exceção do Honda HR-V e do finado Mitsubishi TR4, que não é lá muito espaçoso ou confortável.
As restrições são menores para quem deseja aderir à Uber X, serviço que se assemelha a um táxi convencional, com carros mais simples e preço mais em conta para o usuário. São aceitos qualquer veículo a partir do ano-modelo 2008, com carroceria de quatro portas, cinco lugares e ar-condicionado. Não são aceitas picapes e caminhonetes (como Fiat Strada e VW Saveiro), vans e minivans chinesas das marcas Changan, CN Auto e Effa, além das vans Ford Transit, Kia Besta e VW Kombi, e as multivans Peugeot Partner e Renault Kangoo. Em contrapartida, donos de Doblò, que pertence à mesma categoria de Partner e Kangoo, podem trabalhar na Uber X.
Se você deseja virar um parceiro da Uber, mas não encontrou seu carro na lista de modelos aceitos, nem tudo está perdido. Embora as informações acima tenham sido baseadas em uma lista divulgada pela própria Uber (clique aqui para acessá-la), a empresa garante que “mesmo que um determinado modelo não esteja necessariamente listado em um dos sites, ele pode vir a ser aceito na plataforma com base em uma análise individual”, sem especificar quais seriam os critérios adotados nesta avaliação.
Isso vale também para modelos mais luxuosos (e caros) do que os citados na lista: segundo a Uber, não há impedimento para que um proprietário de um Audi A6 não seja aceito, ainda que apenas o A4 figure no grupo de modelos elegíveis. Além da seleção “caso a caso”, a Uber informa que a avaliação dos usuários também determina quais modelos podem entrar e quais devem sair, já que a empresa também realiza a seleção com base na “percepção de qualidade por parte dos passageiros sobre a experiência em diferentes modelos de carros”.