Mesmo quem não acompanha o mundo dos carros sabe: não faltam marcas chinesas buscando invadir qualquer mercado automotivo disponível no mundo. Mas faltam, entretanto, lugares para todas as fabricantes, e naturalmente alguém tem que perder nessa guerra.
Em muitos casos, as marcas ocidentais levam a pior. Mas agora foi a GWM quem sentiu o peso de jogar fora de casa, tendo que reduzir drasticamente seus planos de expansão na Europa. Segundo a publicação alemã Manager Magazin, a Great Wall Motors irá fechar completamente sua sede europeia, localizada em Munique.
O escritório será devolvido em agosto e todos os 100 funcionários, aproximadamente, que trabalham no local já teriam recebido o aviso de dispensa. A sede comandava operações de venda, logística e Pesquisa & Desenvolvimento voltados, sob medida, para o consumidor dos países europeus. Inaugurado em 2021, o escritório deveria ter 300 colaboradores já no ano seguinte, mas o número reduzido de pessoal é outro indicativo de que o desempenho da GWM nunca foi como esperado na região.
Invasão problemática
Guardadas as diferenças, Brasil e Europa vêm sendo abordados de maneiras parecidas pelas marcas chinesas. Em ambos os mercados, a GWM adaptou sua estratégia de marketing e condensou suas submarcas sob um mesmo nome; aqui, Haval e ORA viraram modelos, enquanto, lá, o mesmo ocorreu com ORA e a WEY, que será lançada em nosso mercado.
Segundo fontes da Manager Magazin, alemães e chineses se desentenderam desde o princípio quanto às estratégias, e as vendas fracas só azedaram mais o caldo. Em 2023, a GWM vendeu 316.018 unidades fora da China, sendo que o mercado europeu correspondeu somente a míseros 2% disso. Foram 6.300 emplacamentos em Alemanha, Reino Unido, Irlanda, Suécia e Israel somados (o país judeu é atendido pela sucursal de Munique).
Daqui em diante, a ordem é tirar o pé do acelerador. Os lançamentos dos Ora 03 e WEY 05 e WEY 05 já estavam prestes a ocorrer na Áustria e na Suíça, com gerentes de vendas contratados e estratégias prontas, mas tudo foi cancelado. Planos de expansão para Espanha, Itália, Bélgica, Luxemburgo, Países Baixos, Dinamarca, Islândia e Bulgária, ainda em 2024, também não ocorrerão mais.
Com a esfriada nos planos, até o chefe da GWM na Europa, o ex-Kia Steffen Cost, foi demitido. As vendas no continente seguirão nos mercados onde já existem, a fim de honrar os compromissos firmados. Além disso, será um dos representantes de venda, o grupo Emil Frey, que comandará as atividades. Mas prestando contas diretamente à sede chinesa de Baoding daqui em diante.