A repercussão das limitações da garantia de 5 anos do BYD Dolphin rendeu mudanças nos termos da fabricante. A principal é o aumento da garantia da central multimídia para 3 anos ou 90.000 km, três vezes maior que antes: 1 ano ou 30.000 km, como mostramos no Longa Duração.
Outra mudança, que também já foi comunicada à rede de concessionárias é que o termo que limita as reclamações por barulhos ou ruídos aos primeiros 3 meses ou 5.000 km será excluído do manual da garantia.
“Isso não fazia sentido, porque esse barulho viria de algum lugar, algum componente que está coberto pela garantia”, explicou o diretor de vendas da BYD Brasil, Henrique Antunes. A questão é que esse termo da garantia poderia ser um argumento para as oficinas nem sequer investigarem a fonte dos barulhos.
Na prática, o que a BYD Brasil fez foi replicar os mesmos termos de garantia que estão em vigor para seus carros na China. A garantia de 1 ano para suspensão e direção, por exemplo, segue a mesma.
Essas mudanças valem para todos os carros da BYD, inclusive aqueles que já foram vendidos. “Nós estamos revendo os manuais e guias para fazer correções e esclarecer informações, como a questão da garantia menor para quem faz uso profissional”, explicou o executivo durante o lançamento do BYD Dolphin Mini.
A explicação mais clara já pode ser encontrada nos termos da pré-venda do Dolphin Mini: “O veículo conta com garantia de 5 anos, ou 500.000 km, e a bateria tem garantia de 8 anos, sem limite de quilometragem. Ambas as condições de garantia não são válidas para motoristas de aplicativo e/ou motoristas que exerçam atividade remunerada de direção de veículos de passeio para transporte de passageiros e para locadoras de veículos.”
No manual de garantia que veio com o BYD Dolphin que compramos para o teste de Longa Duração, a explicação se limita a “Uso comercial: veículos utilizados para fins comerciais, entre eles, táxis e locadoras”.
Não existe Dolphin Mini de cinco lugares
Ruído de comunicação é o que a BYD Brasil menos precisa a partir de agora. Desde que foi confirmado para o Brasil, o BYD Dolphin Mini foi tratado como “o carro elétrico de R$ 100.000”. Isso gerou uma expectativa, que veio sendo propagada pelos concessionários junto com informações que não se concretizaram, como uma versão com bateria menor para justificar o preço mais baixo.
A estratégia de pré-venda também contribuiu. Com o anúncio do desconto de R$ 10.000, no último domingo, teve gente acreditando na possibilidade da pré-venda garantir o carro por R$ 90.000.
Mas o preço de lançamento, de R$ 115.800, ou R$ 105.800 para quem garantir o carro na pré-venda, esfriou a expectativa toda aquela expectativa pelo carro elétrico que poderia ser o mais barato do Brasil e custar o mesmo que um hatch automático básico. Agora, tem preço de versões intermediárias e bem mais potentes.
A mudança na estratégia de preços foi de última hora: quando a pré-venda começou, o BYD Dolphin Mini não seria entregue com nenhum carregador, mas no lançamento decidiram que todos os proprietários receberão um wallbox de 7 kW, inclusive quem ficar de fora da pré-venda. O custo do aparelho foi embutido no preço.
Ainda há esperança por um Dolphin Mini de cinco lugares, o que também chegou a ser antecipado por executivos da empresa, por existir uma demanda do Brasil – e só do Brasil. Mas o carro de cinco lugares não existe: a BYD precisará desenvolver um novo banco traseiro para três ocupantes, com um terceiro encosto de cabeça e mais um cinto de três pontos.
Dando certo, ainda precisará fazer todo o processo de homologação – o que inclui testes de colisão. Os chineses são rápidos, mas isso é um esforço para alguns meses. A intenção da marca é lançar a opção de cinco lugares junto com um pacote ADAS, com assistentes autônomos de segurança como frenagem de emergência e piloto automático adaptativo.
Pneus e outras peças de reposição
O Dolphin Mini está estreando uma nova medida de pneus no Brasil: 175/55 R16. Até tentaram homologar os 185/55 R16 que existem no mercado (é usado no Honda Fit), mas há risco de raspar no carro em uso extremo e a China não autorizou. A solução foi negociar com a Linglong, fabricante dos pneus originais, a importação dessa medida para abastecer não apenas as concessionárias BYD, mas também os revendedores dos pneus da marca.
Outro ponto é que a BYD está revendo seus processos internos para garantir que peças que já estão no Brasil, no centro logístico da BYD em Cariacica (ES), cheguem às concessionárias em 48h.
Outra estratégia será descentralizar o estoque, criando estoques em praças onde há maior demanda, delegando o trâmite para as maiores redes de concessionárias da região. O objetivo é evitar as reclamações pela demora em receber peças de reposição.