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Tudo o que você precisa saber sobre os pneus run flat

Fabricação no país deve facilitar a pronta-entrega; entenda as vantagens e desvantagens

Por Ulisses Cavalcante Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 4 Maio 2021, 10h56 - Publicado em 9 Maio 2017, 16h40
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    Furo proposital para testar o Run Flat sem pressão (Ulisses Cavalcante/Quatro Rodas)

    A Pirelli começou a fabricar no Brasil pneus do tipo run flat. Com esse recurso, os pneumáticos podem rodar sem ar por até 80 quilômetros, ao limite de 80 km/h.

    Segundo avaliação da empresa, o mercado de automóveis e SUVs premium no Brasil é grande o suficiente para justificar a produção local. No entanto, a nova área na fábrica de Feira de Santana, na Bahia, também atenderá às exportações.

    Pirelli P7 Run Flat
    Pneus Run Flat podem rodar sem ar dentro da câmara (Ulisses Cavalcante/Quatro Rodas)

    Por aqui, a demanda atual de pneus run flat esbarra nas 60.000 unidades ao ano. Até então, 100% das peças dependiam exclusivamente de importações. Esta é uma das razões pelas quais dificilmente se encontra medidas específicas para pronta entrega – uma das principais reclamações dos usuários no país.

    Os run flat nacionais irão atender tanto às montadoras que produzem no Brasil quanto o pós-venda. Porém, a marca não confirma se haverá redução nos preços no varejo.

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    Pneus run flat têm reforços estruturais nos flancos, ombros e talões (a lateral e o aro de fixação na roda). Quando está totalmente sem ar pressurizado em seu interior, o peso do veículo fica apoiado nesta camada reforçada – as rodas não ficam diretamente em cima da banda de rodagem. Com isso é possível rodar em segurança sem que ocorra o detalonamento.

    Corte transversal em pneu convencional e Run Flat mostra as diferenças na estrutura. O de cima, Run Flat, tem mais camadas de borracha de diferentes densidades nos flancos e ombros (encontro entre a banda de rodagem e a lateral)
    Corte transversal em pneu convencional e Run Flat mostra as diferenças na estrutura. O de cima, Run Flat, tem mais camadas de borracha de diferentes densidades nos flancos e ombros (encontro entre a banda de rodagem e a lateral) (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Outra vantagem de segurança é a capacidade de manter o controle do veículo no caso de estouro do pneu em alta velocidade – ainda que esta ocorrência seja rara em pneus modernos.

    CAMINHO SEM VOLTA

    Hoje restritos a modelos premium, os Run Flat são comuns nos BMW, Mercedes-Benz, Audi e Porsche. Mas a tecnologia, como toda outra, deve ser adotada em modelos de categorias inferiores conforme ganha escala de utilização.

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    Pirelli P7 Run Flat
    Sem ar na câmara, o peso do carro fica apoiado no flanco do pneu Run Flat (Ulisses Cavalcante/Quatro Rodas)

    Tantos os fabricantes de automóveis quando de pneus tendem a migrar para o run flat. As montadoras ganham mais oportunidades de desenvolvimento, já que não precisaram projetar nichos para ferramentas e um grande compartimento para o quinto pneu.

    Do lado dos sistemistas, a vantagem é o maior controle sobre o reparo em pós-vendas e possibilidade de desenvolver produtos sob medida para modelos específicos. Os Run Flat têm características de peso e aplicação que requerem o desenvolvimento conjunto com as montadoras. É mais trabalhoso, mas pode render resultados mais eficientes.

    NA PRÁTICA

    QUATRO RODAS avaliou um Mercedes-Benz Classe C equipado com pneus Pirelli Cinturato P7 Run Flat na medida 225/50 R17. Foi realizado um percurso em condições normais de uso, e posteriormente o mesmo trajeto com um dos pneus propositalmente perfurado. A pressão de 39 libras foi a zero.

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    Pirelli P7 Run Flat
    Antes e depois – pressão normal; nenhuma pressão após o furo (Ulisses Cavalcante/Quatro Rodas)

    Ao volante, a diferença de comportamento era sensível, porém discreta. A direção “puxava” para a direita, mesmo lado em que o pneu sem pressão estava (dianteiro direito), e foi possível notar o aumento do ruído de rodagem.

    Pirelli P7 Run Flat
    Sensor de pressão (TPMS) acusa defeito após furo no pneu. Carros equipados com pneus Run Flat necessariamente precisam ter o recurso (Ulisses Cavalcante/Quatro Rodas)

    Mas valem algumas observações: o sistema de áudio do carro não estava ligado e o teste foi realizado para ressaltar essas diferenças. No dia-a-dia, a possibilidade de o motorista não perceber que há algum tipo de dano no pneu é plausível, sobretudo se o pneumático estiver no eixo traseiro.

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    Assista abaixo o vídeo de nosso teste:

    Aproveitamos a ocasião para tirar algumas dúvidas a respeito das características e do uso dos run flat. Confira:

    Pneus Run Flat são mais frágeis que seus equivalentes comuns?
    Segundo Roberto Falkenstein, diretor de desenvolvimento da Pirelli, não. “Os run flat são até mais resistentes, por terem reforços estruturais na banda de rodagem e no ombro do pneu”, diz. O executivo afirma que os pneus que podem rodar sem pressão também são afetados por buracos ou defeitos na via.

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    Grosso modo, se um pneu comum estourar a 60 km/h ao passar por um determinado obstáculo, é provável que o mesmo só ocorra com o run flat se o automóvel estiver a 100 km/h.

    Qualquer carro pode utilizar pneus Run Flat?
    Não. Falkenstein ressalta que o run flat precisa ser homologado para cada modelo. “É essencial que o veículo esteja equipado com sensor de pressão, pois o motorista pode não perceber que os pneus estão sem ar”, conta. Além desse recurso, o veículo precisa ter o projeto de suspensão adaptado aos pneumáticos desse tipo, que são mais pesados.

    Por fim, as rodas precisam ter o aro preparado para a tecnologia. Pode ocorrer o detalonamento no caso de o pneu run flat ser instalado em rodas comuns, de liga leve ou de aço.

    Run flat deixa o carro mais econômico, já que o estepe é dispensável?
    Não necessariamente. No Brasil é obrigatório carregar algum tipo de dispositivo de reparo quando não há o pneu sobressalente. Porém, os run flat são mais pesados que pneus convencionais. Dependendo da medida, ter entre 2 e 4 quilos a mais.

    Essa diferença de peso relativiza a economia pelo alívio de massa. A maior vantagem ao aposentar o estepe acaba sendo a liberação de espaço no porta-malas.

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