Nem sempre é possível fazer uma vistoria ou análise minuciosa antes de escolher um usado ou seminovo. Às vezes, a oportunidade de um bom negócio acaba deixando nas suas mãos um carro que você nem cogitava ter. Depois de alguns dias de convívio, começa a perceber pequenos problemas, que não chegam a diminuir o valor da compra, aos poucos vão minando o prazer de usufruir seu carro no dia a dia.
Muitas vezes os defeitos mais irritantes são simples de eliminar e baratos. É o que ocorre, por exemplo, com alguns barulhos na suspensão, especialmente as batidas secas que surgem quando o veículo trafega em pisos irregulares. Nesse caso, os primeiros suspeitos são as buchas e os batentes do sistema.
Feitas de borracha especial, as buchas ajudam a amortecer parte do impacto e das oscilações, enquanto os batentes isolam a suspensão da carroceria – sem eles, se a carroceria fosse fixada diretamente na suspensão, as vibrações dentro do veículo seriam insuportáveis. Essas peças nem chegam a pesar no bolso: podem variar de 20 reais para um simples Fusca a 100 para uma Chevrolet Meriva.
Normalmente isso já basta para eliminar os ruídos de suspensão. Mas, se persistirem, verifique três peças, seguindo esta ordem: bandeja da suspensão, bieletas (que ficam ligadas à barra estabilizadora) e, por último, molas e amortecedores. Esses itens apresentam variações de preço grandes de um carro para outro. A bandeja pode custar de 100 a 300 reais, considerando um modelo nacional.
Outra situação que também incomoda é quando o motor perde força em subidas ou começa a falhar. “Aqui, é preciso ir por exclusão, porque há vários defeitos que causam o mesmo sintoma”, diz Antônio Gaspar de Olivera, diretor técnico do Sindirepa-SP (sindicato das oficinas de São Paulo).
Verifique pela ordem: velas de ignição sujas, cabos de vela rachados, bobina, bicos injetores e, por fim, o módulo da injeção. A maioria dos casos se resolve com a troca de velas (que custa cerca de 70 reais num modelo popular) ou, no máximo, dos cabos de vela, que vão de 50 a 350 reais. Em carros mais rodados (acima dos 50.000 km), os injetores podem estar obstruídos, o que de fato é raro. O remédio pode estar em uma limpeza dos bicos, que sai por volta de 120 reais.
Ar renovado
Ultimamente seu carro está com um cheiro ruim? Não se preocupe, isso também pode ter solução fácil. Como no sistema elétrico, a descoberta da origem também deve ser feita por exclusão. Ao abrir todos os difusores de ar e ligar o ventilador ou o ar-condicionado, sinta o odor. Se for um leve bolor, ele pode ser eliminado com a troca do filtro de cabine, que custa entre 40 e 300 reais.
Outro teste é ficar atento ao fluxo de ar dos difusores. “Se o motorista está acostumado com intensidade do vento na posição 2 do ventilador e de repente precisa passar para a posição 3 ou 4 para ter o mesmo efeito, é um forte indício de que o filtro está saturado”, explica Rogério Marcos Rovella, dono da Ar Car, oficina especializada em ar-condicionado.
No entanto, saiba que em alguns modelos a troca do filtro pode ficar mais cara, pois exige a desmontagem de uma parte do interior pelo fato de alguns tipos de filtro ficarem dentro do painel.
Banho quentinho
Importante: alguns odores que o motorista acha que vêm do ar-condicionado podem estar, na verdade, impregnados no carpete do assoalho e nos bancos. A razão pode ser um veículo que no passado encarou uma enchente, mesmo algum produto químico, ou, ainda, líquido que foi derramado sobre o banco. Nessa situação, leve o automóvel a um lava-rápido especializado e peça para limpar tecidos e carpetes com água quente, serviço que custa a partir de 200 reais.
Já que estamos falando de bancos, aproveite para checar se a espuma do banco do motorista está mais baixa que o normal. Embora não se fale muito nisso, trata-se de um problema comum – e mais simples de reparar do que você imagina. Procure uma tapeçaria especializada em automóveis, que geralmente substitui a espuma por um valor que varia de 100 a 200 reais para cada banco.
Há também um pequeno defeito que ocorre com frequência, mas que ninguém percebe no momento da compra de um usado: acendedor de cigarros que não funciona. Quando ele está inoperante, o motorista só notará ao precisar usá-lo. E o problema não é ficar sem acender o cigarro, mas perder uma tomada de energia que serve para carregar o celular ou ligar o GPS.
Trata-se de mais uma dor de cabeça que é muito simples de resolver. Muitas vezes o acendedor está conectado a um fusível próprio. Assim, procure no manual para descobrir onde fica a caixa de fusíveis e qual é o responsável pela tomada de energia. Se ele estiver queimado, é só trocá-lo, ao custo de até 1 real. Porém você pode descobrir que o defeito está nos fios que se conectam ao acendedor. Aí é preciso passar em um autoelétrico e fazer o conserto.
Com essas providências, até o cheirinho de novo é capaz de voltar…