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Autorizadas em alta

Com preços fixos e melhor atendimento, elas vêm ganhando a preferência do público

Por Gustavo Henrique Ruffo
Atualizado em 22 abr 2021, 16h53 - Publicado em 2 dez 2013, 01h11
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    Antes objeto de desconfiança dos consumidores, as concessionárias estão mudando seu padrão de atendimento para atrair mais adeptos na hora de fazer a manutenção. Se no passado bastava o carro sair da garantia para o proprietário ir correndo atrás de uma oficina particular, hoje a história é outra. Mesmo sem ter números oficiais, as autorizadas dizem que já percebem uma mudança no comportamento do motorista. O que tem ajudado a diminuir o medo e a desconfiança do pós-venda das fábricas é a política de preços fixos e públicos das revisões – as tabelas hoje podem ser encontradas nos sites da maioria das montadoras quando não estão no próprio balcão de atendimento. Outros fatores decisivos nessa mudança gradual de comportamento são o aumento na complexidade da manutenção dos automóveis atuais e a melhoria no atendimento das autorizadas.

    “Logo que comprei meu Fit, eu o levei a uma loja para colocar vidros elétricos e alarme, mas isso deu um monte de problemas. O apoio de braço na porta foi quebrado e eu tive uma pane elétrica com ele. Levei o veículo à concessionária e eles arrumaram tudo para mim sem cobrar nada. Desde então, levo meu carro a eles sempre que preciso”, diz a dentista Priscila Yumi Hirata, 30 anos, dona de um Honda Fit LX 1.4 2005 com 144 000 km. No caso de Priscila, não é o preço fixo de revisões ou o gasto menor que a levaram à concessionária. “Tenho certeza de que o que faço lá é mais caro, mas eu economizo em tempo e em aborrecimentos. Quebraram a porta do meu Fit por desconhecimento. Como a concessionária lida apenas com carros da marca, a chance de eles errarem é muito menor”, explica ela.

    O mesmo raciocínio é usado pelo advogado Gino Brasil, 36 anos, dono de uma Toyota Fielder 2007. “O preço da revisão de 100 000 km da minha perua custou cerca de 500 reais e já incluiu todas as peças que devem ser substituídas. É mais ou menos o mesmo que eu gastaria em uma oficina comum, mas lá eu não teria uma inspeção geral do veículo”, diz Gino. “O custo da concessionária pode até ser um pouco mais alto, mas eu prefiro usar peças originais. Já troquei as pastilhas por paralelas e não duraram nem a metade. Foi o barato que saiu caro.” O preparo dos funcionários é outra vantagem que o advogado alega para recorrer à autorizada. “Os consultores técnicos são bem preparados. Sempre que você fala de um defeito, eles já sabem o que é.”

    No entanto, quem costuma levar seu automóvel à concessionária pode reclamar de uma prática que é comum há décadas e ainda não sumiu: a empurroterapia. O próprio Gino já passou por isso, quando levou para a revisão o carro dos pais, uma VW Jetta Variant 2010 de 40 000 km. “Eles me empurram um monte de serviços desnecessários, como limpeza de bico, higienização de ar-condicionado… Questiono a razão e o discurso é que ‘é recomendado’. Pergunto por quem e se está no manual, e isso logo encerra a conversa. Aí não autorizo.”

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    Alguns detratores das autorizadas reclamam do risco de má-fé ou do exagero na troca de peças defeituosas, como a aposentada Vera Lúcia de Azambuja, dona de um Chevrolet Corsa 1.0 2005. “Meu carro é quase novo, só tem 15 000 km, mas na última revisão disseram que ele tinha um monte de defeitos em freios e suspensão e que teria de trocar várias peças, que eu sei que ainda estão boas.” No entanto, os críticos reconhecem que a chance de ser enganado é a mesma num mecânico comum, senão maior, já que não ele passa por supervisão das montadoras. “Confesso que também tenho medo de levar meu carro a uma oficina particular”, diz Vera.

    Barato na rede

    Ainda que passem uma imagem mais confiável do que no passado, as concessionárias na média ainda cobram mais pela manutenção, apesar de ser mais barato hoje do que já foi no passado. Basta ver abaixo alguns valores para perceber como às vezes o serviço pode até sair por menos na autorizada. Seja como for, já se desenha uma tendência. Talvez no futuro a manutenção fique restrita à concessionária por questões técnicas – alguns Audi hoje não permitem nem a troca de pastilhas sem um scanner exclusivo. Se continuarem nesse ritmo de melhoria de atendimento e preço, o número de motoristas que preferem as concessionárias só tende a aumentar.

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