As pistas falsas que podem enganar os donos de carros
Ar-condicionado que não gela, pedal de freio baixo, bateria falhando? Cuidado, pois nem sempre o defeito é o que parece
Assim como ninguém questiona os benefícios do desembarque massivo de tecnologia nos carros, também não há dúvida sobre a elevação do nível de complexidade na hora de diagnosticar um eventual problema.
Alguns sintomas podem ser confundidos com avarias mais graves do que são de fato. Isso pode significar trocar uma peça, gastar mais dinheiro e ainda não ter o defeito solucionado.
Para evitar ser vítima desses falsos diagnósticos, consultamos especialistas e listamos os principais sintomas que podem causar confusão ao realizar a avaliação.
“A primeira dica é tentar lembrar se houve alguma anormalidade com o carro nos últimos dias”, diz Leandro Vanni, engenheiro de serviços da DPaschoal. E, na dúvida, lembre-se: antes de tomar alguma decisão, procure sempre seu mecânico de confiança.
Palhetas
Para dirigir com segurança na chuva, os limpadores de para-brisa precisam funcionar com perfeição, a fim de deixar o campo de visão do motorista totalmente desobstruído, reduzindo o risco de acidentes. Por isso qualquer trepidação no conjunto deve ser eliminada rapidamente.
Nessa hora, os suspeitos de sempre são as palhetas, que podem estar ressecadas. Mas cuidado: você pode trocá-las e o problema persistir. Assim, antes de condená-las, verifique se estão bem encaixadas ou se os braços dos limpadores estão tortos ou com folga, o que também provoca a trepidação.
Pneus
Quando parecem estar grudando no pavimento, fazendo um barulho como se houvesse um enorme chiclete grudado nos pneus, alguns acham que chegou o momento de trocá-los. Calma aí. Antes de procurar uma loja, passe num posto de combustível e cheque a calibragem.
“Quando estão com pressão abaixo do recomendado, é comum os pneus apresentarem comportamento mais grudento no asfalto”, diz Leandro Vanni. Dica importante: a calibragem deve ser feita sempre com os pneus frios, para não influenciar a medição.
Ar-condicionado
Em um país quente como o Brasil, o ar-condicionado é o item de conforto favorito dos motoristas. Com o tempo, é normal o sistema perder a eficiência de refrigeração. “Nessa hora, muita gente pensa que se deve fazer a recarga de gás.
Só que às vezes a solução está na substituição do filtro de cabine, que está saturado de sujeira”, diz Pedro Scopino, mecânico e consultor técnico do Sindirepa (sindicato das oficinas).
A confusão faz diferença no bolso. Enquanto a recarga do gás sai em média por 120 reais, a troca do filtro pode custar três vezes menos e até ser feita em casa.
Bateria
Com vida útil de dois a três anos, as baterias atuais dificilmente deixam de funcionar adequadamente antes de esse período acabar. Mesmo assim, quando um automóvel apresenta dificuldade na partida, a maioria logo associa o defeito à bateria.
Ao comprar uma nova, prepare-se para desembolsar pelo menos 250 reais. Mas não se precipite: procure um especialista, pois ela pode estar com dificuldade de ser carregada por outra razão. A origem da avaria pode estar no alternador.
Porém, nessa situação, vale uma ressalva. “Mesmo o defeito sendo no alternador, sempre é bom uma verificação no nível de carga da bateria. Ela pode estar precisando de uma recarga”, afirma Vanni. Nesse caso, o reparo leva em média 20 minutos e o custo para o motorista é menor.
Scopino lembra ainda outra situação que preocuparia o motorista sem necessidade. Em modelos de bateria mais antigos pode surgir uma acúmulo sólido esverdeado próximo aos polos. Não é motivo para condená-la.
“Esse tipo de resíduo é popularmente conhecido como zinabre ou azinhavre. Ele ocorre quando há oxidação do cobre do polo em contato com o ar, e resulta nesse acúmulo de aparência estranha.” A simples limpeza da superfície da bateria resolve o problema.
Suspensão
Responsável por filtrar as imperfeições do solo, a suspensão pode apresentar acertos voltados para a esportividade ou para o conforto, mas não pode em hipótese nenhuma emitir ruídos que incomodem os ocupantes do automóvel.
Nas situações em que a suspensão parece “reclamar” ao enfrentar lombadas, buracos ou outros obstáculos, a primeira coisa que muitos motoristas imaginam é que os amortecedores devem ser trocados. Vale a checagem, pois o problema pode ser bem menor.
“Dificilmente o amortecedor faz um barulho que possa ser perceptível ao ouvido comum. Portanto, a peça problemática pode ser um simples coxim, que exige menor tempo de reparo e custo infinitamente menor”, diz o engenheiro da DPaschoal.
Freios
Vitais para a segurança do carros, os freios precisam receber atenção especial na hora da manutenção. Mas eles não estão livres de uma confusão entre o sintoma e o verdadeiro problema. Quando o pedal está com curso mais longo e exige mais força para ter a eficiência de sempre, os culpados óbvios são pastilhas e discos, que precisariam ser trocados. Mas nem sempre.
“Quando há contaminação do fluido de freio com água, a mistura torna o pedal borrachudo e exige maior esforço do motorista para frear”, afirma Vanni. Assim, mantêm-se as pastilhas, que num Gol sai por 170 reais, e troca-se todo o fluido, que sai por 140 reais.