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Sistema de freios

O que acontece a partir do momento em que você decide que é hora de parar

Por Eduardo Viotti
Atualizado em 9 nov 2016, 11h58 - Publicado em 21 jun 2012, 12h31
Sistema de freios

Discos flutuantes, pinças radiais, pistões… A nomenclatura que envolve os freios parece complicar desnecessariamente o assunto, uma vez que os sistemas responsáveis pela frenagem da moto são compostos por equipamentos mecânicos e hidráulicos bem simples de entender.

Um bom conjunto de freios deve imobilizar a motocicleta no menor espaço possível, sem tendência excessiva ao travamento (ou seja, com ação firme, mas progressiva) e também sem apresentar perda de rendimento sob uso intenso.

Frear implica transformar energia cinética (o movimento) em calor ou energia térmica, exatamente o contrário do que faz o motor a explosão. Assim, dissipar esse calor é fundamental para a eficiência do sistema de freios.

A perda de eficiência causada pelo aquecimento excessivo chama-se fadiga (ou fading). Pode ocorrer por dois motivos básicos: o primeiro é o calor alterar as características dos materiais envolvidos no atrito entre o ferro dos tambores ou discos e a fibra composta das pastilhas ou lonas. Um sistema saturado, que não consegue mais absorver calor, tem diminuída sua capacidade de frear.

A outra razão é a alta temperatura provocar a ebulição do fluido, que fica cheio de borbulhas (cavitação) e não transmite a força necessária para o acionamento dos pistões – por esse motivo, é bom escolher o melhor fluido possível. Há um sistema de classificação dos fluidos, através da sigla Dot (Department of Transportation, equivalente ao Ministério dosTransportes dos Estados Unidos). Quanto mais alta a numeração, menor a tendência de o fluido reter água e então ferver. Os fluidos Dot 3 entram em ebulição acima de 205 °C ; os Dot 4, a partir de 230 °C e os Dot 5, ao passar de 260 °C.

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Tocando Tambor

Há dois tipos básicos de freios, o de tambor e o de disco. O sistema de tambores com sapatas de expansão interna é mais simples e muito mais barato para o fabricante. Hoje praticamente só é aplicado em motos populares. É o caso das Honda CG 125 e 150 Fan, as mais vendidas no país. Na traseira, mesmo nas motos grandes, o tambor ainda é bastante usado, especialmente nas custom.

Neles, um tambor metálico, geralmente o próprio cubo da roda, é pressionado internamente por patins ou sapatas (forradas com uma fibra mais macia que o metal) que se expandem quando afastadas por um eixo excêntrico (came). Nas motos, o acionamento é quase sempre mecânico, por meio de cabos e alavancas, enquanto nos carros ele é hidráulico. O tambor (também chamado panela) é mais difícil de ventilar e de secar, acumula mais resíduos e é mais propenso à fadiga que os sistemas a disco. Mesmo assim, na traseira, vai bem em motos, desde que bem dimensionado.

Os discos são em geral dotados de acionamento hidráulico, o que já multiplica a força aplicada no manete ou no pedal da direita – nos scooters e ciclomotores, o freio traseiro é acionado pelo manete esquerdo, como nas bicicletas.

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Toca-discos

Mais modernos e eficientes que os tambores, os discos predominam na maioria dos modelos. Também permitem o uso dos freios ABS, antibloqueio, de comando eletrônico, inexistentes para freios motociclísticos a tambor. Para evitar superaquecimento e perda de eficiência, os discos são ventilados, perfurados e recortados, o que acaba por criar uma área maior para a dissipação do calor.

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Um sistema de freio a disco deve ter algum movimento lateral, chamado flutuação, ainda que imperceptível. É claro que essa folga que permite a movimentação é apenas lateral, no sentido do eixo da roda, não giratória. Se a flutuação lateral não existisse, qualquer mínima torção ou outro movimento inesperado, como o provocado por uma pancada em uma lombada não sinalizada, poderia travar o sistema ou até quebrar o disco.

Em alguns casos os discos são flutuantes, e as pinças (ou cálipers), fixas. Os discos flutuantes são fáceis de identificar: são aqueles formados por duas peças concêntricas: um centro fixado à roda, chamado flange, e a área de atrito, o rotor, fixada à peça central por rebites ou coxins – são eles que permitem a tal movimentação lateral.

Na nomenclatura da engenharia, são chamadas de pinças flutuantes as que têm o pistão ou os pistões apenas de um lado, com a pastilha do lado oposto fixada em uma parede rígida da pinça. Como você pode imaginar, todo o conjunto se move quando o sistema hidráulico empurra o pistão contra o disco. Esse movimento é necessário para que a “mordida” ocorra de forma equivalente e simultânea em ambos os lados do rotor.

É justamente a ausência desse movimento lateral que caracteriza as pinças mais modernas e eficientes, aquelas que têm pistões móveis de ambos os lados. As pinças são, então, chamadas fixas. O número de pistões pode variar, depende do projeto e requisitos da moto: vão de dois a 12, opostos seis a seis. O normal são quatro ou, no máximo, seis.

Nas motos de alto desempenho, mais esportivas e sofisticadas, a combinação de pinças radiais fixas com vários pistões opostos e discos flutuantes é a mais aplicada – é o que há de melhor.

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Pinças Radiais

As pinças são os suportes dos pistões, peças metálicas fixadas às bengalas da suspensão dianteira. São chamadas monobloco quando são usinadas em um só bloco metálico. As motos que usam garfo invertido têm “cabeçotes” especiais para a fixação das pinças na ponta inferior dos amortecedores.

Os parafusos que prendem a pinça à bengala são então paralelos ao eixo da moto (a 90 graus do disco), e por isso esse sistema de fixação leva o nome de axial (axial significa aquilo que é paralelo ou acompanha a direção do eixo).

Um sistema derivado das pistas de competição chegou às motos de rua, em especial às esportivas. É a fixação radial das pinças de freios. Radial é aquilo que acompanha o sentido dos raios, a partir do centro em direção à circunferência – os talhos das fatias de pizza são radiais, por exemplo. E é mesmo essa a disposição dos parafusos que fixam a pinça radial ao terminal do amortecedor dianteiro: eles seguem a disposição dos raios da roda.

E que diferença faz isso? As pinças radiais têm suportes e parafusos de fixação paralelos aos raios da roda, que absorvem mais e melhor as torções e vibrações causadas pelas frenagens mais radicais, acarretando menos movimentação na suspensão dianteira e maior segurança na pilotagem no limite. Mas só pilotos experientes percebem.

Axial x Radial

Novos materiais e projetos permitem maior precisão na frenagem.

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As pinças de freio com fixação radial absorvem melhor as vibrações e torções das frenagens e transmitem segurança ao piloto em situações-limite: as melhores são monobloco. As pinças de fixação axial são mais comuns e baratas.

Disco Fixo

Em alguns casos, o que flutua é a pinça, não o disco de freio.

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Quando os discos não são flutuantes, as pinças é que são. Mais comuns hoje na traseira das motos grandes e na dianteira das motos pequenas ou mais simples tecnologicamente, as pinças flutuantes têm pistões de um lado só.

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