O Prius antecipa o futuro. Acredite: essa afirmação não tem a ver com as linhas fora do convencional nem com o clima high-tech da cabine. Aliás, para entender melhor a frase que abre esta reportagem, esqueça essa pegada futurista. “À exceção da carroceria, o novo Prius é basicamente o Corolla da próxima geração, que continuará apostando em um estilo mais clássico”, diz uma fonte ligada à marca.
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A gente explica: este novo Prius é montado sobre a novíssima plataforma TNGA (abreviação em inglês para nova arquitetura global da Toyota), que servirá de base para o futuro Corolla (previsto para 2020) e também para o SUV compacto da marca, o C-HR. A Toyota, aliás, já assume que a TNGA será a base de metade de seus modelos no mundo até 2020. O novo Prius emprestará ainda o seu conjunto de câmbio (CVT) e motores (elétrico e a combustão) ao Corolla e ao C-HR, o SUV rival do Honda HR-V, que chega a partir de 2018.
Teremos, então, versões híbridas dos futuros lançamentos? “É mais do que isso: o plano é que todo Corolla e C-HR sejam híbridos”, revela a nossa fonte da montadora. A informação é corroborada pela frase dita pelo CEO da Toyota na América Latina e Caribe, Steve St. Angelo, durante a apresentação do novo Prius: “O que estamos vivendo é algo muito maior do que o lançamento da nova geração do Prius. É o início da inserção da tecnologia híbrida na sociedade brasileira”.
https://www.youtube.com/watch?v=jwWvLbLNaR0
De cara, os planos de venda dessa quarta geração muito mais ambiciosos. “A ideia é fechar este ano com cerca de 700 unidades”, diz Miguel Fonseca, vice-presidente da Toyota. Se a previsão se concretizar, só nos sete meses de 2016 (as vendas começaram em junho), a marca terá colocado nas ruas uma quantidade de Prius maior do que o acumulado desde o fim de 2012, quando ele estreou no mercado brasileiro. Dada a missão, é hora de conhecer os detalhes da quarta geração do Prius.
O desenho fora do convencional é a marca registrada desde a primeira geração, de 1997. Mas nesta quarta (mostrada em 2015, como modelo 2016), a Toyota resolveu ousar de vez. Na área externa, não há um milímetro sequer criado sem atenção máxima no que diz respeito a aerodinâmica. Gosto não se discute, mas pessoalmente achei alguns pontos bastante, digamos, estranhos.
Na dianteira, os faróis (principais e de neblina) têm formas angulosas e recortadas. Até aí, tudo bem. O que causa impacto é o excesso de volumes do para-choque, sobretudo nas laterais. O capô com superfícies amplas e planas é bonito.
Apesar de evidenciar o estilo misto de hatch, sedã e cupê, o perfil é o ângulo mais atraente do Prius. Para suavizar a área na região da coluna C, a Toyota providenciou um aplique preto, um recurso semelhante ao visto no aposentado Chevrolet Agile.
Chegamos à polêmica traseira. Com o terceiro volume extremamente curto, a tampa do porta-malas e o vidro formam uma única peça, o que facilita a colocação e retirada de bagagem. O conjunto ainda incorpora um aerofólio com brake-light e uma segunda parte transparente logo abaixo, ligando a porção superior das lanternas com um vinco que invade a lateral e a porta traseira. As lanternas, assim como os faróis, têm iluminação por led, consumidores menos vorazes de energia elétrica.
Branco e azul
Na cabine do Prius, menos ousadia do que no exterior. O painel é central, mas de boa visualização, uma vez que é do tipo digital e com tela de alta definição e bem abrigada da luz solar. Sem se dar conta, você ficará bastante de olho nela: em tempo real, dá para acompanhar como anda sua tocada, econômica ou gastona.
No centro do painel, uma moldura em preto brilhante avança em direção às portas e à traseira, passando entre os bancos e ressaltando os apliques brancos dos porta-copos e do carregador de celular por indução, sem fio.
A central multimídia, da renomada JBL, tem tela e botões sensíveis ao toque e é uma espécie de evolução da que é aplicada atualmente no Corolla, com rádio, CD/DVD, GPS, câmera de ré e TV digital.
Chave presencial para acesso ao carro e partida do motor, ar-condicionado digital bizona, bancos de couro com aquecimento, retrovisores externos com rebatimento elétrico e interno eletrocrômico, sete airbags, rodas de liga leve aro 15 com calotas e controle de estabilidade e tração completam o pacote de equipamentos à disposição no Prius High, a única versão comercializada no Brasil, de R$ 123.950.
As revisões do Prius até os 60.000 km custam R$ 3.395. Isso antecipa que os futuros Toyota Corolla e C-HR poderão ter custo de manutenção mais baixo do que a concorrência – o dono de um HR-V, por exemplo, hoje desembolsaria R$ 4.070 nas revisões até os 60.000 km, mesmo com um conjunto mecânico convencional à combustão. No caso do Civic, o valor é de R$ 3.661.
Ao volante, o novo Prius lembra o anterior. Pudera: mecanicamente, pouca coisa foi alterada. Em nossos testes, ele cravou 12,1 segundos no 0 a 100 km/h. Imaginando um resultado semelhante no futuro Corolla, o número é pior do que o da maioria dos sedãs médios – o atual Corolla XEi fez em 10,3 s. Mas como desempenho esportivo nunca foi prioridade para os consumidores dessa categoria (especialmente para os donos de Corolla), a grande vantagem da tecnologia híbrida surge no consumo. Além do bom número de 18,2 km/l na estrada, o Prius registrou a espetacular média de 23,8 km/l na cidade.
Em pouco tempo, você se adapta – e até passa a curtir – as saídas mais lentas para evitar a ativação do motor a gasolina, um 1.8 de ciclo Atkinson. Este, aliás, só entra em ação em duas situações: alta demanda de aceleração e pouca carga da bateria. O funcionamento um tanto ruidoso do motor também estimula o motorista a dirigir de forma a mantê-lo em repouso quando possível. Mas um botão permite rodar só no modo elétrico.
Completo e econômico, o Prius tem planos mais ambiciosos no Brasil – ainda que no futuro ele venha vestido com uma roupa de Corolla.
VEREDICTO
A relevância do Prius transcende a importância até do lançamento dele próprio. Para quem gosta de carro, andar em um modelo que antecipa o futuro Corolla e o aguardado C-HR, conta muito.
Aceleração de 0 a 100 km/h | 12,1 s |
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Aceleração de 0 a 1.000 m | 33,4 s – 159,3 km/h |
Retomada de 40 a 80 km/h (em D) | 7,3 s |
Retomada de 60 a 100 km/h (em D) | 7,8 s |
Retomada de 80 a 120 km/h (em D) | 10,1 s |
Frenagens de 60 / 80 / 120 km/h a 0 | 16,2 / 28,8 / 66,2 m |
Consumo urbano | 23,8 km/l |
Consumo rodoviário | 18,2 km/l |
Motor | 4 cil., diant., transv., gas., ciclo Atkinson, 1.798 cm3; 16V, 98 cv. Elétrico de 72 cv. Potência combinada de 123 cv |
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Câmbio | automático, CVT, tração dianteira |
Suspensão | McPherson (diant.) e duplo A (tras.) |
Freios | discos ventilados (diant.) e sólidos (tras.) |
Direção | elétrica |
Rodas e pneus | liga leve e calotas, 195/65 R15 |
Dimensões | comprimento, 454 cm; altura, 149 cv; largura, 176 cm; entre-eixos, 270 cm; peso, 1.400 kg, porta-malas, 412 litros |