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Teste: Jeep Wrangler Unlimited, um pedaço de mau caminho

Como resistir a um ícone de 75 anos que enfrenta qualquer trilha e arranca sorrisos por onde passa?

Por Zeca Chaves
Atualizado em 12 dez 2016, 19h26 - Publicado em 12 dez 2016, 18h05
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  • No Jeep Wrangler os para-lamas são de plástico para não amassar no off-road
    No Jeep Wrangler os para-lamas são de plástico para não amassar no off-road (Pedro Bicudo)

    Um passeio no Jeep Wrangler é uma deliciosa volta ao passado. Nele, há um monte de coisas que você já não acha nos carros de hoje. A começar pelas portas, planas, com maçanetas em alça (e botão) e uma cinta de náilon para limitar sua abertura.

    O acanhado quadro de instrumentos parece que veio de um caminhão dos anos 70. Para engatar o 4×4 ou a reduzida, ainda se puxa uma pesada alavanca. Tem até uma antena fixa balançando do lado direito!

    Mas não se engane: é puro charme. Alguns minutos ao volante e vai ver que só o estilo ficou parado no tempo. Há modernidades como piloto automático, som com Bluetooth e comando de voz (ok, só atende em inglês), ar-condicionado automático, sensores de faróis e de chuva, ESP, assistente departida em rampa e um confortável câmbio automático sequencial de cinco marchas.

    Tão difícil de ler a velocidade nesse marcador apertadinho
    Tão difícil de ler a velocidade nesse marcador apertadinho (Pedro Bicudo)

    Nascido com outro nome em 1941 para enfrentar as duras condições da guerra, o Wrangler continua parrudo como antes (possivelmente até mais), embora esteja bem adaptado à vida civil. Duvida? Olhe sob a carroceria e se surpreenda: os diferenciais lembram aquelas bolas de demolição e as longarinas do chassi devem ter servido como viga para sustentar viaduto.

    Claro que tanta robustez tem seu preço: seus 4,75 metros pesam 1.860 kg. É o mesmo de uma Toyota Hilux cabine dupla, apesar de o Jeep ser 51 cm menor – estamos falando do Unlimited (quatro portas), pois o Sport (duas) é 447 kg mais leve.

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    Quem sofre com isso é o consumo: 6,5 km/l na cidade e 8,6 km/l na estrada no nosso teste, com gasolina. Vou contar um segredo: apesar do tanque de 85 litros, este foi o único carro em que eu consegui ver o marcador se mexer. Juro!

    O V6 anda bem, mas bebe muito
    O motor V6 a gasolina anda bem, mas bebe muito (Pedro Bicudo)

    É verdade que aerodinâmica e peso não ajudam, mas o motor V6 3.6 Pentastar de 284 cv instiga a pisar. E sabe o que é melhor? Ele responde muito bem. O grave e empolgante ronco faz os outros abrirem caminho e logo é acompanhado de uma aceleração que muito carro que se diz esportivo não tem – fez o 0 a 100 km/h em 9,4 segundos, mais veloz que o Renault Sandero R.S. (10 segundos, com gasolina).

    À esquerda do câmbio, alavanca engata 4x4 e reduzida
    À esquerda do câmbio, alavanca engata 4×4 e reduzida (Pedro Bicudo)

    A direção hidráulica até que responde rápido e sua estabilidade chega a surpreender, pois ele tem base larga e peso concentrado próximo ao chão. Dá para entrar forte numa curva sem que ele se incline demais, apenas com um pouco de derrapada na traseira. Mas faça o mesmo num asfalto ondulado e sentirá as rodas quicando com facilidade e escorregadas mais acentuadas, resultado de uma antiga suspensão de dois eixos rígidos com molas helicoidais.

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    A elevadíssima posição de dirigir também não é das melhores, pois o motorista viaja mais sentado do que reclinado. Quase como numa Kombi.

    Quer aumentar a curtição? Tente retirar o teto rígido. É fácil, fácil: solte seis travas e duas roscas e, em menos de 3 minutos, ele libera as duas metades dianteiras, como num targa. Já o resto é outra história, pois envolve vários parafusos e duas pessoas para erguer a pesada capota.

    Tirar a capota atrás dá trabalho
    Tirar a capota atrás dá trabalho (Pedro Bicudo)
    A parte dianteira do teto sai fácil, revelando o santoantônio que protege em capotagens
    A parte dianteira do teto sai fácil, revelando o santoantônio que protege em capotagens (Pedro Bicudo)

    Mesmo rodando em ambiente urbano, não falta diversão ao Wrangler: ele ignora buracos, valetas ou tartarugas. Com seus enormes pneus de perfil alto (245/75 R17), o Jeep não toma conhecimento de qualquer irregularidade – passa por cima sem o motorista precisar se preocupar em desviar nem reduzir a velocidade.

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    A alegria aumenta quando chega a hora de ir para a terra. Com um ângulo de35 graus de entrada e 28 de saída, ele sobe um barranco onde aquela Hilux (31/26 graus) ficaria entalada. Precisa cruzar um rio? Até 48,3 cm de água ele encara sem problema.

    Com este vão, engole uma pedra de até 24 cm
    Com este vão, engole uma pedra de até 24 cm (Pedro Bicudo)

    Esse Jeep é tão empolgante que você nem liga para uns defeitinhos aqui e ali, como os comandos dos vidros dianteiros longe da mão (bem no meio do painel) ou as portas que nunca fecham direito (mesmo batendo forte). Se resolver sentar no banco de trás, não lhe faltará espaço, mas o coitado vai viajar desconfortavelmente com os joelhos mais altos do que a cintura e pular bastante a cada lombada que aparecer pela frente.

    Além dos já fartos 498 litros de porta-malas, pode-se dobrar o banco de trás e chegar a 935 litros
    Além dos já fartos 498 litros de porta-malas, pode-se dobrar o banco de trás e chegar a 935 litros (Pedro Bicudo)

    Mas são só detalhes. Ao contrário do seu preço, que não dá para esquecer: R$ 184.900 no Unlimited ou R$ 229.900 no carro da foto, a nova versão 75 Anos, que celebra o aniversário da marca. Como toda série especial (só 30 unidades no Brasil), traz itens próprios, como rodas exclusivas, capô redesenhado, bancos com revestimento parcial de couro, acabamentos de bronze em detalhes como grade e logotipo, para-lamas na cor da carroceria e os emblemas comemorativos dentro e fora do veículo.

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    Na traseira, o vidro abre para cima e a porta, para o lado
    Na traseira, o vidro abre para cima e a porta, para o lado (Pedro Bicudo)

    O principal equipamento de série, porém, não achei na ficha técnica. Só descobri ao dirigi-lo: a capacidade que ele tem de arrancar largos sorrisos – e não são só do motorista. Expe­rimente passear com um Porsche e notará que muitos vão adorar, mas alguns torcerão o nariz, como se você fosse responsável pela miséria no mundo. Ande por aí com um Wran­gler e será recebido por acenos ou sorrisos. Fazia tempo que eu não sentia isso. Realmente esse Jeep traz algumas coisas que você já não acha nos carros de hoje…

    O DNA do Jipe

    Levar três soldados e metralhadora .30, carga mínima de 300 kg, 40 cv, peso máximo de 600 kg. Para atender a essas regras, nasceu em 23 de julho 1941 o mais célebre veículo da Segunda Guerra (1939-45), como Willys MA (depois MB). Após bater continência no front, aderiu à vida civil e fez mais fama ainda.

    Emblema do 75 Anos mostra o Willys MB
    Emblema do 75 Anos mostra o Willys MB (Pedro Bicudo)

    Tão icônico que seu nome vive cercado de lendas. Uma diz que é a pronúncia inglesa de GP (Government ou General Purpose). Outra alega: veio de Eugene, o Jeep, o amigo do Popeye com poderes mágicos. O fato é que já na Primeira Guerra (1914-19) os mecânicos do Exército americano chamavam de “jeep” qualquer máquina motorizada.

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    Veredicto

    Dizer que Wrangler é o máximo no off-road é chover no molhado. Mas o V6 forte, a suspensão parruda e alguns luxos modernos agradam até na cidade.

    Teste (com gasolina)

    Aceleração de 0 a 100 km/h: 9,4 s

    Aceleração de 0 a 1.000 m: 31 s – 171 km/h

    Velocidade máxima: 180 km/h (limitada)

    Retomada de 40 a 80 km/h: 4 s (em D)

    Retomada de 60 a 100 km/h: 5,7 s (em D) 

    Retomada de 80 a 120 km/h: 6,8 s (em D) 

    Frenagens de 60/80/120 km/h a 0: 16,8/31/72,7 m

    Consumo urbano: 6,5 km/l

    Consumo rodoviário: 8,6 km/l

     

    Ficha técnica – Jeep Wrangler Unlimited 75 anos

    Preço: R$ 229.000

    Motor: gas. diant., long., V6, 24 V, 3.605 cm3, 284 cv a 6.350 rpm, 35,4 mkgf a 4.300 rpm

    Câmbio: automático, 5 marchas, 4×4 com reduzida

    Suspensão: eixo rígido com molas helicoidais nas 4 rodas

    Freios: discos ventilados (diant.) e sólidos (tras.)

    Direção: hidráulica, 13,1 m (diâm. giro)

    Rodas e pneus: liga leve, 245/75 R17

    Dimensões: comprimento, 475,1 cm; altura, 184 cm; largura, 187,3 cm; entre-eixos, 294,7 cm; peso, 1.860 kg; tanque, 85,1 l; porta-malas, 498 l (934,5 com bancos tras. rebatidos)

    Equipamentos de série: piloto automático, som com Bluetooth,sensor de faróis, de chuva e pressão de pneu, teto removível

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