Honda HR-V Turbo 2023 tem espaço de médio e anda mais que SUVs compactos

O Honda HR-V passa longe de ser um SUV médio, pelo menos no que diz respeito às dimensões externas. Mas as versões com motor 1.5 turbo talvez tenham carisma suficiente para convencer o consumidor de que podem ser uma opção aos Jeep Compass, Toyota Corolla Cross e Volkswagen Taos, pelo menos nas versões mais bararas.

Se os novos HR-V EX e EXL, lançados dois meses antes, apostavam no baixo consumo após a troca do motor 1.8 de 140 cv pelo 1.5 com injeção direta de 126 cv, as novas versões Advance e Touring se sustentam no desempenho proporcionado pelo motor 1.5 turbo com injeção direta, que agora é flex.

Além de novos componentes que resistem ao poder corrosivo do álcool, agora são 177 cv (um ganho de 4 cv) e 24,5 kgfm (2,1 kgfm a mais). A montagem dele e do câmbio automático CVT agora é feita no Brasil, em uma nova instalação próxima ao Porto de Itajaí (SC).

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A distância de preços entre versões com cada uma das mecânicas é grande o suficiente para serem tratados como carros distintos. Há um degrau de R$ 26.900 entre o HR-V EXL (R$ 149.900) e o Advance (R$ 176.800). O SUV da Honda dá um salto sem escalas para além dos SUVs compactos mais completos e potentes e é mais caro até que o Toyota Corolla Cross XRE, de R$ 173.190.

Um Honda HR-V 1.5 turbo, porém, não é um carro tão diferente dos aspirados. Você pode distinguir os motores pela grade (quadriculada, em vez de filetada), pelas lanternas (cinza nas versões turbo) e observando se tem uma saída de escape (aspirado) ou duas (turbo). Os para-choques ainda têm apliques que inspiram esportividade e até um friso cromado com um discreto batimento cardíaco na grade inferior. Esses plásticos, assim como as molduras nas caixas de roda, têm pintura em preto brilhante na versão Touring.

Por dentro, apenas as versões turbo têm o quadro de instrumentos parcialmente digital, com tela colorida de 7 polegadas, ar-condicionado automático bizona, tilt-down no retrovisor direito, sensores de estacionamento também na dianteira e sensor de chuva.

Para chegar aos R$ 184.500, o HR-V Touring ainda recebe banco do motorista com ajuste elétrico, rodas aro 17” diamantadas, porta-malas com abertura elétrica e fechamento por afastamento e tweeters traseiros. O teto solar, que foi diferencial desta versão no passado, não existe mais, mas o interior bicolor permanece.

O pulo do gato

É preciso lembrar, porém, que desde a versão de entrada o HR-V tem o Honda Sensing, um pacote de itens de segurança mais avançados com assistente de permanência e centralização em faixa, alerta de colisão, frenagem autônoma de emergência, farol alto automático e piloto automático adaptativo com função stop and go.

Com exceção do Corolla Cross, que tem pacote semelhante de série, os demais SUVs médios só oferecem itens equivalentes em versões acima dos R$ 200.000. Esse é um dos segredos do Honda.

Para notar outro segredinho, só com rivais por perto. O espaço interno do HR-V com seus 2,61 m de entre-eixos é equivalente ao de médios. Na verdade, até maior para quem viaja no banco traseiro: são 98 cm de espaço para as pernas em medição padronizada, contra 90 cm no Compass, 92 cm no Corolla Cross e 95 cm no Taos, que também tem largura equivalente à do HR-V, enquanto os demais são até 2 cm mais estreitos. Todos os outros, com exceção do Compass, têm vão para a cabeça maior, porém.

Esse espaço traseiro extra estava guardado no porta-malas, que, aí sim, ficou realmente pequeno para se defender dos SUVs médios. São só 354 litros, enquanto um Taos tem 498 litros. O HR-V Touring, inclusive, tinha porta-malas menor que os demais (393 contra 437 litros) por conta do escapamento (que ainda pode ser visto pela lateral direita).

O outro segredo é o desempenho proporcionado pelo motor 1.5 turbo flex. Na pista de testes, em Limeira (SP), o HR-V Touring se mostrou um foguete, cumprindo a prova de aceleração de 0 a 100 km/h em apenas 8,9 s. O modelo antigo havia cravado 8,4 s, mas, mesmo tendo ficado meio segundo mais lento, o único SUV (compacto ou médio) mais rápido que ele é o Fiat Fastback 1.3 turbo (8,6 s).

As retomadas são igualmente empolgantes (veja a ficha com os resultados ao lado) e mais rápidas que as dos seus rivais. O bom é que o HR-V Touring tem todo esse desempenho e, ainda assim, mantém o consumo de combustível sob controle, com 11,1 km/l na cidade e 15,2 km/l na estrada, ficando entre as médias do Taos (11,4 km/l e 14,3 km/l) e do Corolla Cross (12 km/l e 15,2 km/l, respectivamemente).

Há um tempero exclusivo para o Honda HR-V, também. O câmbio com programação evoluída, capaz de reduzir as relações entre as sete marchas simuladas do câmbio CVT de acordo com a inclinação das ladeiras, é de uma versão que suporta mais torque. A suspensão também tem amortecedores com mais carga, que parecem deixar a carroceria com as reações na medida certa: os aspirados são molengas ao passar por ondulações e os turbo não têm esse comportamento.

É difícil assimilar uma etiqueta de R$ 184.500 em um Honda HR-V, mas é inegável que a marca japonesa tem público cativo. Quem optar pelas qualidades (e defeitos) do HR-V turbo estará bem servido assim como compradores dos médios tradicionais.

Veredicto: Espaço no porta-malas é o maior deslize. O novo HR-V turbo entrega equipamentos e o desempenho que, de fato, se esperava.

Galeria de fotos – Honda New HR-V Turbo 2023

Teste Quatro Rodas – Honda HR-V Touring 1.5T 2023

Aceleração
0 a 100 km/h: 8,9 s
0 a 1.000 m: 29,8 s – 180,5 km/h

Velocidade máxima: n/d

Retomadas
D 40 a 80 km/h: 3,8 s
D 60 a 100 km/h: 4,6 s
D 80 a 120 km/h: 5,7 s

Frenagens
60/80/120 km/h a 0: 13,7/23,8/56,3 m

Consumo
Urbano: 11,1 km/l
Rodoviário: 15,1 km/l

Ruído interno
Neutro/RPM máx.: 39,4/64,7 dBA
80/120 km/h: 62,6/68,8 dBA

Aferição
Velocidade real a 100 km/h: 98 km/h
Rotação do motor a 100 km/h: 1.800 rpm
Volante: 2,5 voltas

Seu Bolso
Preço básico: R$ 184.500
Garantia: 3 anos

Condições de teste: alt. 660 m; temp., 25,5 °C; umid. relat., 87%; press., 1.012,5 kPa. Realizado no TMT Campo de Provas

Ficha Técnica – Honda HR-V Touring 1.5T 2023

Motor: flex, diant., transv., 4 cil. em linha, turbo, 1.498 cm3; 16V, 177 cv a 6.600 rpm, 24,5 kgfm a 1.750 rpm
Câmbio: CVT, 7 marchas sim., tração dianteira
Suspensão: McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
Direção: elétrica
Freios: disco ventilado (diant. e tras.)
Pneus: 215/60 R17
Dimensões: comprimento, 438,5 cm; largura, 179 cm; altura, 159 cm; entre-eixos, 261 cm; peso, 1.422 kg; porta-malas, 354 litros; tanque, 50 litros; altura do solo, 18,5 cm, ângulo de ataque, 17,8°; ângulo de saída, 22°