Todo mundo tem direito a rever suas posições e, se for o caso, jogar tudo para o alto para se dedicar a uma atividade completamente diferente ou mesmo ter outro estilo de vida, seja ele mais pacato ou agitado.
Caso personificássemos o Mercedes GLA, poderíamos afirmar que ele passou por um momento assim na vida.
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O SUV em sua segunda geração mudou o foco. Na primeira fase, lançada em 2013, a intenção era atingir o público jovem com uma vocação urbana, tanto que muitas vezes ele era rotulado como “hatch avantajado”.
Mas, agora, além de assumir feições e dimensões de um SUV típico, o GLA definiu de forma clara sua veia esportiva, a começar pelo novo nome completo da versão mostrada aqui: GLA 200 AMG Line.
Essa menção à AMG é a indicação de que se trata do modelo com design esportivo, incluindo detalhes de acabamento de fibra de carbono. Mas essa virada de mesa teve seu um preço (que, no caso, quem paga é o cliente).
O GLA 200 AMG Line chega por R$ 325.900, ou seja, R$ 28.000 a mais que a versão mais apimentada da geração anterior, a 250 Sport – que, diga-se, era 48 cv mais potente que o atual – e R$ 25.000 mais caro que o GLB, SUV maior que conta com sete lugares.
A fábrica explica esse valor justamente pela mudança de vocação do SUV. Agora ele é um esportivo. Outra justificativa menos existencial é a variação cambial que fez toda a linha aumentar de forma significativa.
Porém, além do preço da primeira para a segunda geração, o GLA ganhou um novo motor, que tem gerado polêmicas. Começa que a antiga versão 250 Sport, equipada com motor 2.0 turbo, tinha 211 cv de potência, e a nova 200 AMG Sport tem 163 cv, ou seja, 48 cv a menos.
Depois, o fato de esse novo motor ter sido desenvolvido pela Renault, o que desagradou os fieis compradores da marca.
Isso acontece em segmentos em que carros representam muito mais do que meros meios de transporte. Mas, dirigindo o novo GLA livre desses preconceitos, chega-se à conclusão de que as reclamações são injustas ou pelo menos não se sustentam em fatos, já que o novo motor tem funcionamento suave, entrega acelerações progressivas e no kickdown (quando se pisa fundo no acelerador) empurra sem hesitação ou turbo lag.
Na pista de testes, o GLA vai da inércia aos 100 km/h em 9,7 segundos – não se trata de um desempenho próprio de um esportivo, mas o SUV é valente no dia a dia, virtude que fica mais nítida nos bons números de retomadas: de 40 a 80 km/h, o Mercedes acelera em 4,1 segundos e de 60 a 100 km/h, em 5 segundos.
O consumo também foi interessante, com as médias de 11,5 km/l, na cidade, e 14,7 km/l, na estrada. O novo motor tem tecnologia de corte de cilindros (dois dos quatro) e o coeficiente aerodinâmico (Cx) da nova geração baixou de 0,28 para 0,20.
O câmbio de dupla embreagem com sete marchas faz um bom casamento com o motor e faz as trocas no tempo certo, aproveitando bem a faixa de torque entre 1.620 e 4.000 rpm.
Examinando os outros sistemas, o GLA tem direção (elétrica) leve e suspensão (McPherson, na dianteira, e multilink, na traseira) que, apesar de firme, minimiza as vibrações transferidas à carroceria.
O espaço interno melhorou com o aumento das dimensões da carroceria, que cresceu 3 cm na largura e 10 cm na altura. O comprimento encolheu 1,4 cm, mas o entre-eixos aumentou 3 cm. Isso garantiu uma vida a bordo mais confortável para os passageiros do banco de trás. E o motorista ganhou uma posição de dirigir mais elevada, diferentemente da que havia no carro da geração anterior.
Além do tamanho, toda mudança de geração pede uma transformação no visual e ela ocorreu com os faróis mais afilados, a grade bipartida e a traseira com uma leve queda de teto.
Na cabine, o condutor é bem assistido com duas telas integradas equipadas com o sistema MBUX – que traz comando de voz acionado pelo “Hey Mercedes” e uma interface intuitiva e conectada a Android Auto e Apple CarPlay por cabo.
O GLA vem recheado de equipamentos, como assistente autônomo de estacionamento, piloto automático adaptativo, frenagem autônoma de emergência, assistente de direção, alerta de pontos cegos, sensor de manutenção de faixa e alerta de desembarque – que se mostrou muito útil, pois o sinal sonoro avisa se é possível abrir a porta com segurança.
Mesmo com os puristas torcendo o nariz por conta do motor, as mudanças fizeram bem ao GLA, que melhorou bastante, na comparação com sua geração anterior.
VEREDICTO: Caro como seus pares de marca, o GLA ficou maior e ganhou uma pegada de SUV que não havia na primeira geração.
Teste de desempenho – Mercedes GLA 200 AMG Line
- Aceleração:
0 a 100 km/h: 9,7 s
0 a 1.000 m:
31 s – 172,4 km/h - Retomada:
D 40 a 80 km/h: 4,1 s
D 60 a 100 km/h: 5 s
D 80 a 120 km/h: 6,4 s - Frenagens:
60/80/120 km/h – 0 m: 12,8/24,9/55 m - Consumo:
Urbano: 11,5 km/l
Rodoviário: 14,7 km/l
Ficha Técnica – Mercedes GLA 200 AMG Line
- Preço: R$ 325.900
- Motor: gas., diant., transv., 4 cil.; turbo, injeção direta, 16V, 1.332 cm3; 163 cv a 5.500 rpm, 25,5 kgfm a 1.620 rpm
- Câmbio: dupla embreagem, 7 marchas, tração dianteira
- Suspensão: McPherson (diant.) /multilink (tras.)
- Freios: disco ventilado (diant.)/ sólido (tras.)
- Direção: elétrica
- Rodas e pneus: liga leve, 235/45 R20
- Dimensões: comprimento, 441 cm; largura, 202 cm; altura, 161,1 cm; entre-eixos, 273 cm; peso, 1.485 kg; tanque, 43 l;
porta-malas, 435 l
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