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Livro conta as histórias do estagiário da Fiat que se tornou chefão da VW

Em sua autobiografia, o designer Walter De Silva conta sobre sua carreira e como criou de alguns dos carros mais desejados da atualidade

Por Paulo Campo Grande Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 15 out 2023, 19h48 - Publicado em 14 out 2023, 14h46

Acabei de ler Il codice De Silva – Behind the scenes of Car Design, obra autobiográfica do designer italiano Walter De Silva, que foi diretor da Alfa Romeo e chefe de todo o Grupo VW (cargo que ocupou depois de temporadas nas marcas Seat e Audi) e hoje tem sua própria empresa, a Walter De Silva & Partners.

A obra custou 66 euros (caro, melhor nem converter em reais, principalmente se for acrescentado o frete, porque não está à venda no Brasil). Mas eu mais que recomendo a quem ama carros, design e boas histórias sobre os bastidores da indústria, envolvendo nomes icônicos de personagens e marcas.

Livro De Silva
(Divulgação/Quatro Rodas)

Não é um livro de arte com fotos de estúdio coloridas. São 256 páginas, com texto em italiano e inglês, cheias de desenhos acabados e esboços de protótipos que mais tarde se tornaram carros que estão nas ruas hoje e outros que não passaram da fase experimental ou simplesmente não saíram do papel.

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De Silva conta passagens desde os tempos de estagiário no Centro Stile da Fiat, em Turim, na Itália, deslumbrado com as instalações e a habilidade dos modeladores em materializar ideias em maquetes de gesso [precursor da argila (clay)], até a criação de sua consultoria.

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156 1997
De Silva considera os Alfa Romeo 156, Audi A5 Coupé e VW Polo seus “filhos prediletos” (Divulgação/Quatro Rodas)

Este livro, para mim, tem um sabor especial porque tive o prazer de conhecer o autor pessoalmente e passar algumas horas conversando sobre carros, nos tempos em que ele estava na Alfa Romeo.

Era para ser uma visita à fábrica (que, na época, ficava em Arese, comuna de Milão, onde hoje está localizado o Museu Histórico Alfa Romeo). Virou a possibilidade de uma visita ao Centro Stile e, talvez, uma entrevista com o chefe de design. Acabou sendo uma conversa descontraída entre três amigos recém-conhecidos: Walter De Silva, o assessor de imprensa da Fiat na Itália, Fabrizio Hardouin, outro apaixonado por carros, e eu.

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Audi A5
(Divulgação/Quatro Rodas)

 

Lembro-me de várias passagens desse dia por conta dos assuntos e da forma sempre muito emocional como eram tratados, com ênfase e muitas risadas. Em dado momento, De Silva, para justificar que seus elogios à Alfa Romeo não se deviam ao fato de ele trabalhar na empresa, falou algo como: “Esta semana dirigi um Jaguar e foi ótimo. É una bella macchina, anda bem, tem qualidade, estilo. Mas e una Daewoo? (marca que chegou a vender no Brasil, nos anos 1990, mas encerrou suas atividades globais em 2000). Você compra una Daewoo e uma semana depois… se suicida! Porque não prova uma emoção”.

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Ao final do encontro, De Silva me levou até uma garagem, dentro do Centro Stile, onde ele guardava uma Alfa Giulietta Spider 1962 branca, seu carro de estimação, que é citado no livro.

O conversível entra na história quando o designer conta que seu projeto para o futuro sedã da marca, que seria o 156, corria o risco de perder a concorrência para outro proposto pela Italdesign, do “maestro Giugiaro”. De Silva disse que passou horas observando a Giulietta na garagem, buscando inspiração para fazer os ajustes necessários, que tornariam o projeto perfeito; “um verdadeiro Alfa Romeo”. Deu certo. Seu projeto foi o escolhido.

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Polo
(Divulgação/Quatro Rodas)

Ao longo do livro, há várias passagens, uma mais saborosa que a outra, como os convites que recebeu para substituir o lendário Bruno Sacco, na Mercedes, e para ser o chefe da GM nos Estados Unidos; o relacionamento difícil com o CEO da Fiat, Paolo Cantarella; e a admiração mútua que manteve com o todo-poderoso do Grupo VW, Ferdinand Piëch. De Silva conta também as histórias de projetos como Audi A5, Lamborghini Urus e VW Up!, entre outros, e os planos abortados pela crise advinda do escândalo que ficou conhecido como Diesel Gate, em 2015, entre eles o de um novo Bugatti 35 Stradale e o de um Golf 8 Vision (substituído por um “triste redesign do Golf 7”).

O designer termina o livro com reflexões sobre desenho industrial e o futuro da mobilidade.

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Paulo Campo Grande

Paulo Campo Grande
(Fernando Pires/Quatro Rodas)

Jornalista fala sobre diferentes assuntos, reflexões e memórias que considera interessantes de compartilhar com os leitores. 

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