Assine QUATRO RODAS por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Yutaka Fukuda, o encantador de carburadores

Ele já preparou carros de competição e deu treinamento para a implantação da Fiat no Brasil, mas hoje trabalha ajustando os motores de modelos clássicos

Por Fabio Black
Atualizado em 15 mar 2021, 22h00 - Publicado em 15 mar 2021, 21h57
Yutaka Fukuda
Em sua oficina, Yutaka cuida dos carburadores como um mestre relojoeiro (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Ferrari Berlinetta Boxer (1974), um dos carros mais cobiçados entre colecionadores do mundo todo, ficou parada muito tempo no Brasil e não ligava de jeito nenhum. Ninguém entendia o porquê. Foi nosso consultor técnico, o mecânico Yutaka Fukuda, da foto aí ao lado, que fez o modelo despertar do sono profundo.

Clique aqui e assine Quatro Rodas por apenas R$ 7,90

Ele tirou os quatro carburadores italianos Weber de corpo triplo do carro, desmontou e restaurou esses componentes e, em pouco mais de duas horas, pediu ao dono que desse a partida. O carro ligou na primeira e seu motor funcionou como se fosse um relógio suíço.

Continua após a publicidade

Yutaka, 72 anos, é sócio do filho, Fábio Fukuda, 47, na Fukuda Motorcenter, oficina que presta serviços para a QUATRO RODAS e trabalha praticamente de portas fechadas, atendendo casos como esse da Berlinetta.

É comum encontrar em sua garagem, que fica no bairro de Santana, na zona norte de São Paulo (SP), modelos de todas as épocas e origens, alguns até mais raros que a própria Ferrari Berlinetta.

A Brasilia Elfcar Fukuda de corrida, que venceu tudo em 1974
A Brasilia Elfcar Fukuda de corrida, que venceu tudo em 1974 (Yutaka Fukuda/Acervo pessoal)

Sempre de suspensórios e um sorriso no rosto, é ele quem dita o clima da oficina. Com uma piada nova todo dia, nem mesmo o motoboy que entrega peças passa sem deixar um sorriso. A Fukuda Motorcenter é também um ponto de encontro de amigos, colecionadores e amantes de carros em geral, onde se passam horas conversando em volta dos clássicos e dos problemas (quase) impossíveis de se resolver.

Yutaka hoje em dia só cuida dos carburadores e é como um mestre instruindo os mecânicos com a disciplina de um samurai. Sorte deles, seus discípulos, afinal de contas trabalhar ali equivale a cursar uma faculdade de mecânica ensinada por um especialista que traz o saber em seu DNA.

O primeiro mecânico na linhagem dos Fukuda foi o pai de Yutaka, Sunao Fukuda, que veio do Japão para o Brasil em 1924 e montou uma oficina em Marília (SP). Hoje, quem toca o negócio é o filho de Yutaka, Fábio.

De sua garagem saíram carros vitoriosos, com destaque para a VW Brasilia, feita para a temporada de 1974, que ganhou todas as provas da categoria Divisão 1 daquele ano.

O sucesso da perua lhe rendeu um convite para preparar modelos zero-km para uma rede de concessionárias Chevrolet, a Aerovesa, algo comum naquela época em que era possível comprar um Opala, por exemplo, já envenenado, como se dizia.

Continua após a publicidade
Fiat 147 82b
O grid lotado na etapa de Tarumã, da Copa Fiat 147 de 1982 (Yutaka Fukuda/Acervo pessoal)

Mas esse tempo durou pouco, pois, em 1976, surgiu um novo desafio: trabalhar na implantação da Fiat no Brasil. Sua tarefa: rodar pelo país para treinar os mecânicos da recém-formada rede Fiat. Numa dessas viagens, ao volante de um VW Fusca, uma vez que o hatch 147 ainda não estava em produção, Yutaka quase perdeu a vida em um acidente, na estrada.

Yutaka recebeu os primeiros ensinamentos de mecânica de seu pai quando ainda era criança. No final da adolescência, ele começou a desenvolver os próprios projetos, preparando carros para corridas. A atividade, que no início era um hobby, logo se transformou em profissão. Foi quando ele teve sua primeira oficina, que cuidava apenas das competições.

Continua após a publicidade

Assim como ele, a Fiat também tinha tradição nas corridas e logo que a fábrica criou sua divisão de competições, em 1979, Yutaka assumiu a missão de organizar aquela que se tornaria uma das maiores categorias do automobilismo da época, a Copa Fiat 147.

A experiência das pistas, por sua vez, abriu novas oportunidades para Yutaka, que se aproximou da engenharia da fábrica e acabou participando do desenvolvimento de modelos como as novas gerações do 147 e seus derivados, como o sedã Oggi e depois os novos produtos da linha Uno, Premio e Elba.

Continua após a publicidade

Mais tarde, depois de ter saído da Fiat, Yutaka chegou a pensar em se dedicar a outra de suas paixões, a fotografia, montando um estúdio em que pudesse clicar carros. Mas o Plano Collor (que confiscou por 18 meses o dinheiro dos brasileiros) fez com que ele mudasse de ideia e montasse uma nova oficina mecânica.

Não pode ir à banca comprar, mas não quer perder os conteúdos exclusivos da Quatro Rodas? Clique aqui e tenha o acesso digital.

QR - CAPA 742 - FEVEREIRO

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Quatro Rodas impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.