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Você é um gearhead?

Descubra se você, assim como nós da QUATRO RODAS, é um legítimo apaixonado por carro

Por Marcio Murta / fotos: Divulgação e ThinkStock
Atualizado em 9 nov 2016, 14h28 - Publicado em 5 Maio 2015, 20h30
geral

Não há, em português, uma expressão equivalente para gearhead. Literalmente, a tradução é “cabeça de engrenagem”, mas ela tem um significado bem mais amplo e serve para identificar pessoas fanáticas por automóveis, motores, corridas e máquinas de alto desempenho. Elas são inteiradas em histórias, personagens e na cultura automotiva em geral… Enfim, gente que só fala e pensa em carro.

Já que não existe tradução precisa do termo em inglês, a gente listou algumas características básicas para identificar um legítimo apaixonado por automóveis. Afivele os cintos, acelere sem limites na leitura e, depois, conte para a gente: quantos dos tópicos abaixo se enquadram no seu perfil?

Hora de estacionar

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Estacionar em shoppings, supermercado ou qualquer local público é uma tarefa que exige olhos atentos e planejamento, tudo para procurar as vagas mais isoladas e protegidas no recinto. Toda essa atenção é para diminuir o risco daqueles totós no para-choque durante manobras ou evitar aquelas batidas de porta (que doem até na alma) causada por eventuais vizinhos descuidados. E após deixar o seu carro na melhor vaga disponível no ambiente, você ainda dá aquela olhada para admirar seu veículo enquanto se afasta.

Cuidado na fase fria

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Um verdadeiro apaixonado por carros sabe que um motor deve ser tratado como um componente frágil nos primeiros minutos de funcionamento do dia, a chamada “fase fria”. Isso significa não submetê-lo a acelerações bruscas e altas rotações antes da temperatura de trabalho ser atingida.

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Nos primeiros momentos de funcionamento, quando o calor gerado na câmara de combustão ainda começa a ser distribuído entre todas as partes internas do motor, há uma dilatação desigual entre peças. Esse desequilíbrio térmico gera mais atrito e desgaste entre as partes móveis. Portanto, exigir alto desempenho de um motor que acabou de ser ligado pela primeira vez ao dia é uma receita certeira para reduzir aceleradamente a sua vida útil.

E como saber que a fase fria já foi superada? Simples, diria um gearhead: espere a ventoinha do motor ser acionada pela segunda vez consecutiva. Aí sim o motor do seu carro está pronto para ser exigido ao máximo.

Peças de decoração

As manutenções do veículo invariavelmente exigem trocas de peças. A maior parte das pessoas as deixa no mecânico ou na concessionária e boa parte delas, danificadas ou não, podem ser recicladas. Mas… para um gearhead, elas voltam para casa no porta-malas e ganham nobre função de objeto de decoração. Uma mola vira peso de porta, a válvulas de admissão/escape se torna um peso de papel. Pistões dão ótimos cinzeiros, um volante antigo é perfeito para montar um relógio de parede… A lista é ampla e varia de acordo com a criatividade de cada um!

Siglas e termos

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Para um aficionado por carros não basta apenas saber identificar se um motor está posicionado na forma longitudinal ou transversal, ou o número e disposição dos cilindros. Ele tem na ponta da língua o significado e exemplos para siglas, abreviações, termos específicos, e precisa saber realizar procedimentos padrões. Confira alguns deles abaixo:

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– AWD ou 4WD: “All wheel drive” ou “Four wheel drive”, uma abreviação para “tração nas quatro rodas”. Exemplos: Subaru WRX, Mitsubish Lancer Evolution X.

– FWD: “Front wheel drive”, abreviação para “tração dianteira”. Exemplos: VW Golf GTI, Honda Civic Si

– RWD: “Rear wheel drive”, sinônimo para “tração traseira” em inglês. Mercedes-Benz C 63 AMG, BMW M4

– RMR ou MR: “Rear Mid-engine, Rear wheel drive”: motor central-traseiro. Honda NSX, McLaren F1

– RR: “Rear-engine, rear wheel drive”: motor traseiro, tração traseira. Exemplo: Porsche 911, VW Fusca antigo

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– Sabe sempre em qual categoria das nomenclaturas acima o seu automóvel se enquadra.

– Conhece a diferença entre os motores OHV (comando de válvulas no bloco do motor), SOHC (comando de válvulas no cabeçote) e DOHC (duplo comando de válvulas no cabeçote).

Conhecimentos gerais

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Claro, conhecimentos gerais sobre automóveis e tudo que orbita ao seu redor.

– Sabe verificar o nível de óleo lubrificante e da direção hidráulica (quando aplicável), fluído de freio e água do radiador em seu veículo.

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– Está sempre apto e disposto a trocar um pneu. De qualquer carro.

– Consegue identificar se o motor é 4, 5, 6, 8, 10 ou 12 cilindros pelo ronco produzido.

– Segue renomados especialistas do setor automotivo como Jeremy Clarckson, Jay Leno, Chris Harrys, Adrian Newey, Roger Penske, Sebastién Loeb, Robert Kubica, no Intagram, Twitter e Facebook. Alguns autódromos, como Nürburgring, também tem conta em mídias sociais.

– Sabe de datas importantes, como, por exemplo, que Nelson Piquet conseguiu foi campeão mundial da F1 em 1981, 1983 e 1987, enquanto Ayrton Senna conseguiu os mesmos feitos em 1988, 1990 e 1991. Que Niki Lauda sofreu seu marcante acidente em 1976 em Nürburgring Nordschleif (Alemanha). Que em 1983 a Audi mudou o nível de competição do World Rally Championship (WRC) ao introduzir quattro, com tração integral, entre outros fatos marcantes.

– Conta, com a maior naturalidade, que o McLaren F1 ainda é o mais rápido veículo do mundo equipado com motor aspirado, já que nenhum outro motor sem sobrealimentação ultrapassou os seus 386 km/h.

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Cuidado com o piso

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A preocupação com a preservação de seu veículo é parte fundamental da índole de todo gearhead. Por isso, você jamais o verá acelerando bruscamente em vias com ondulações ou buracos. A situação em que o veículo “patina” nas imperfeições na pista — fazendo com que os pneus de tração percam e voltem a ter contato com o solo intermitentemente, gerando “trancos” — são muito prejudiciais para todos os componentes da suspensão e transmissão.

O momento em que o motor produz o máximo de sua força, seguido das “quicadas” do pneus no asfalto, é um dos maiores causadores de quebra em caixas de marcha de veículos que foram turbinados por preparadoras independentes. Nesse quadro, os momentos de súbitas elevações de giro, seguidos da brusca perda de velocidade por conta da tração, podem, invariavelmente, quebrar as engrenagens do câmbio. E os custos de reparo são altos.

Manutenção sagrada

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“Não existe almoço grátis”, lhe dirá todo apaixonado por carro se você perguntar se pode postergar uma troca de óleo ou usar uma peça de reposição de qualidade duvidosa. Os cuidados com o veículo vão desde itens básicos, como manter a calibragem dos pneus em dia e abastecê-lo com combustível de boa qualidade, passando pela troca de óleo (sempre utilizando as especificações recomendadas pela marca) no período adequado, até todas as manutenções preventivas periódicas.

Não menos importante do que manter as manutenções em dia, é realizar todos os processos revisão com um mecânico de confiança ou nas concessionárias da marca, de modo a ter certeza de que o veículo está sendo tratado com o cuidado que merece.

Da família

Quer deixar um gearhead horrorizado? Diga a ele que carro é um simples objeto feito para “ir do ponto A para o ponto B”. Vai doer, pois para ele o carro é praticamente um membro da família, com quem tem um laço afetivo profundo. Um objeto no qual foi investido tempo, dinheiro, determinação e cuidados. O apaixonado por carros inclui o seu(s) veículo(s) na divisão do tempo com a família. E a namorada (ou namorado) que entenda isso e deixe de lado qualquer ciúme desnecessário, ganha inúmeros pontos na relação.

Sujeira nossa de cada dia

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Outra característica típica de em legítimo entusiasta por automóveis é a indiferença com que você olha para as mãos e roupas sujas após realizar uma pequena manutenção em seu próprio carro — ou ajudar alguém que precisava de auxílio. A situação deixa as pessoas próximas em choque, e o verdadeiro entusiasta dificilmente entende a desaprovação alheia. E o cheiro de gasolina impregnado na mão já é tão comum que você nem nota mais.

Acelerar só na pista

É verdade que ainda é limitada a existência de pistas e autódromos adequados, com custo acessível, para que as pessoas possam conhecer seus limites e os limites do próprio automóvel. Mas todo gearhead sabe que isso não muda o fato: lugar para acelerar é em um circuito fechado, onde o ambiente controlado não apenas oferece espaço e segurança para que erros possam ser cometidos, como também evita danos a terceiros que não tem qualquer ligação com o esporte.

Eventos automotivos amadores como Track Day, Hot Lap, Flying Lap — em que, mediante o pagamento de uma taxa, o interessado pode exigir o máximo de seu automóvel em um traçado adequado —, estão se desenvolvendo e se alastrando pelos estados do Brasil. Esses “dias de pista” ainda estão amadurecendo, mas começam a oferecer a oportunidade dos entusiastas vivenciarem ótimos momentos de emoção e adrenalina com seu carro. Portanto, não hesite: corra somente em lugar adequado e não coloque a vida de outras pessoas em risco. Vá para a pista.

Companheirismo

Emprestar uma ferramenta, dar um empurrãozinho no carro empacado ou simplesmente oferecer ajuda para o que for preciso. Não importa se você está em um encontro, evento em pista ou mesmo na garagem de casa: gearheads não vivem a paixão por seus carros sozinhos. Eles sempre querem ajudar, colaborar e ver também o sucesso do carro dos próximos, sejam conhecidos ou não. Para essas pessoas, carros são também um meio de formar novas amizades para a vida.

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