Limitação no fornecimento de peças, um recall de quase todas as unidades vendidas e a ausência de todas as versões logo após o lançamento prejudicaram as vendas iniciais do Volkswagen Polo e Fiat Argo.
Mas a dupla conseguiu resolver boa parte dos entraves para encerrar 2017 com números respeitáveis – a ponto de poder preocupar o Hyundai HB20.
O hatch de origem coreana feito em Piracicaba (SP) fechou o ano passado consolidado na vice-liderança do mercado, com 105.539 unidades emplacadas, segundo a Fenabrave. Bem distante dos 27.925 Argo e 9.521 Polo.
Mas os novos concorrentes não tiveram um ano cheio no mercado (o Argo foi lançado em junho, e o Polo em setembro). E o desempenho da dupla em dezembro indica um crescimento que pode aproximá-los do hatch da Hyundai.
A Fiat vendeu 5.590 unidades do Argo no último mês de 2017, enquanto a Volkswagen faturou 4.898 unidades do Polo. Os números não superaram o HB20 (8.770 unidades em dezembro), mas estão mais próximos do Hyundai do que do Renault Sandero, atual terceiro colocado da categoria.
Considerando apenas os meses de vendas efetivas, o Polo superou o Argo com uma boa margem. Mesmo com fila de espera para a versão Highline completa, o VW vendeu, em média, 4.760 unidades por mês. A explicativa para isso está na maior agilidade da Volkswagen para acelerar a produção do hatch em São Bernardo do Campo (SP).
Nos primeiros meses a Fiat sofreu com a alta demanda pelo Argo Drive 1.3 GSR e ainda precisou fazer um recall de quase todas as unidades vendidas. Isso ajuda a explicar a média mensal de 3.989 unidades.
Carente de novidades
Ainda é cedo para cravar como ficará o topo da tabela dos mais vendidos, mas o cenário favorece mais os novatos do que o Hyundai HB20. O hatch está na metade final de seu ciclo de vida e não tem novidades significativas em um horizonte próximo – podendo até perder até a versão 1.0 turbo.
O Argo também não deve ganhar novas opções de motor e câmbio tão cedo, mas pesa a seu favor a agilidade da Fiat em lançar séries especiais para manter seus produtos atrativos.
O Polo é o que tem mais potencial para crescer. A Volkswagen ainda não consegue produzir a versão de entrada e topo de linha do modelo no ritmo que as concessionárias fazem encomendas, e ainda há a nova versão esportiva GTS para ganhar a atenção de novos consumidores.
A única que não precisa se preocupar no segmento é a Chevrolet. A ausência de motores novos e a reprovação no teste de impacto do Latin NCAP não impactaram em nada as vendas do Onix.
O hatch se faz valer de sua ótima aceitação no mercado e da oferta de versões com carrocerias distintas – estratégia repetida pelo Gol, antigo líder histórico – para dominar o topo das vendas.
No segmento dos hatches compactos premium, o Ford Fiesta manteve um desempenho apenas regular: com 19.057 unidades emplacadas no acumulado do ano, ele já foi ultrapassado pelo Argo, mas se manteve à frente de Peugeot 208 (12.157) e Citroën C3 (9.881).