Antes de se despedir da Red Bull Racing, o lendário projetista Adrian Newey vai assinar seu último trabalho. E não é um novo bólido para a Fórmula 1. Na verdade, desde 2022 ele vem trabalhando no RB17, um hipercarro com mais de 1.200 cv e menos de 900 kg, que será capaz de fazer os mesmos tempos de volta de um F1.
Um protótipo foi revelado no Goodwood Festival of Speed, na Inglaterra, e já mostra os principais conceitos do RB17. O primeiro e principal deles é o motor, um V10 4.5 aspirado e híbrido. De acordo com Newey, ele foi escolhido por conta do seu ronco, sendo descrito como o “auge do barulho” dos F1.
A equipe de desenvolvimento, que além de Newey também contava com o divisão de Tecnologias Avançadas da Red Bull, até chegou a cogitar um V8 turbo no início do projeto. Mas não soava tão bem quanto o motor aspirado de alta rotação.
O V10 sozinho é capaz de desenvolver exatos 1.000 cv, mas com a ajuda de um motor elétrico montado no câmbio automático, ele chega aos 1.200 cv. Outro detalhe é que o motor pode girar em até 15.000 rpm.
A segunda maior preocupação de Newey era com o peso. Não há informações sobre um valor preciso, apenas que o peso total é inferior a 900 kg, o que já é bem surpreendente. Para isso, o chassi é feito de um composto de carbono e a transmissão não é de duas embreagens, por ser pesada demais.
A solução foi usar sensores e softwares que sabem exatamente onde estão cada engrenagem e anel de fixação, realizando mudanças de alta potência sem impedimentos ou danos. O sistema não é tão rápido quanto o de um F1, mas economiza peso.
A aerodinâmica foi outro ponto chave para o processo. A base do desenho foi toda feita por Newey a mão e, depois, foi para testes em CFD para testar sua resistência ao ar. Nesse ponto, a Red Bull contratou graduados em design automotivo da Royal Academy of Art para dar os últimos toque no projeto. O resultado é uma downforce de 1.700 kg quando o RB17 atinge a máxima de 350 km/h.
O projetista também teve liberdade para fazer coisas que não teria em um F1. Por exemplo, ele pode usar uma suspensão ativa, algo banido da Fórmula 1 desde 1994. Ela é essencial para o RB17, já que se adapta perfeitamente à configuração de rigidez mínima. Fora isso, ainda há freios de carbono e uma linha de pneus Michelin desenvolvidos exclusivamente para o modelo.
Como um carro para dois ocupantes, o RB17 ainda traz alguns benefícios, como pequeno porta-malas no capô, e espaço para guardar macacões e capacetes.
Apesar de parecer pronto, ainda faltam alguns detalhes a serem ajustados. Newey já falou que a versão final do carro será um pouco menor. A previsão é que os testes em pista comecem em 2025.
A Red Bull vai produzir apenas 50 unidades do RB17 na sua fábrica em Milton Keynes, na Inglaterra. O preço ainda não foi divulgado, mas especula-se que seja em torno de 5 milhões de libras, aproximadamente R$ 35,4 milhões. Vale ressaltar que esse é um carro exclusivo para pista e uma versão para as ruas está sendo cogitada.