Parecia a ideia perfeita: criar um carro superbarato na Índia, capaz de competir, em preço, com as motos que lotam o país, mas oferecendo mais conforto aos clientes. Lançado em 2008 pela Tata Motors, porém, o Nano não conseguiu engatar sequer a segunda. Na verdade, as vendas andam para trás.
De acordo com uma reportagem da agência Bloomberg, desde que começou a ser efetivamente vendido, em julho de 2009, apenas 229.157 unidades ganharam as ruas. Para se ter uma ideia, é menos do que a capacidade da fábrica montada pela Tata para produzir o Nano, em Gujarat, projetada para 250.000 carros por ano.
Apenas em março, a Tata vendeu 1.507 Nanos – uma queda de 86% sobre as 10.475 unidades do mesmo mês do ano passado. Nos 12 meses encerrados em março, as vendas recuaram 28%, para 53.848 carros.
Simples assim
Quando foi lançado, em 2008, o Nano atraiu a atenção mundial. Com um projeto simples, que buscava economia em tudo – até mesmo no número de parafusos que prendem a roda, reduzido de quatro para três -, o veículo sairia 2.000 dólares para o consumidor final. Mas o preço, que deveria ser seu maior atrativo, acabou se tornando o principal fator de rejeição.
Karl Slym, principal executivo da Tata Motors, resume o fracasso da iniciativa à agência Bloomberg, ao observar que o Nano não conseguiu cativar os pilotos de scooter. “Eles não pensam que vão comprar um carro; pensam que vão comprar algo entre uma moto e um carro”, afirmou à publicação.
Assim, a solução para fazer o Nano finalmente cair no gosto do público é simplesmente fazer um carro mais sofisticado, segundo Slym. O objetivo, agora, é incluir alguns acessórios e sofisticar o projeto, a fim de que os clientes percebam uma vantagem efetiva, além do preço, para trocar uma scooter por um Nano.
Exemplo
Um exemplo é o Pixel, apresentado no Salão de Genebra de 2011. Baseado no Nano, o Pixel tem design mais arrojado, com portas que giram para cima para abrir, transmissão automática e motor a diesel. Na ocasião, o preço do Pixel não foi divulgado pela Tata.
Há quem duvide que versões mais sofisticadas sejam o suficiente. Falando à Bloomberg, Haritha Saranga, professor do Instituto Indiano de Gestão, afirma que o principal é acabar com a imagem de carro barato do Nano – algo que era, em essência, o seu DNA.