Uma das marcas mais importantes dos EUA, a Oldsmobile viveu seu melhor momento entre os anos 40 e 70, quando se destacou pelas inovações tecnológicas. E nenhum outro modelo alcançou mais sucesso na marca que nasceu em 1897 que o Cutlass, que atravessou quatro décadas. Ele surgiu em 1961 como versão espor- tiva do F-85. Era um cupê compacto com um pequeno V8 3.5 de alumínio, o Rockette, com 185 cv. Mas sua estreia foi bem antes, em 1954, como conceito, com nome e estilo baseados no caça Chance Vought F7U Cutlass, usado pelos EUA na Segunda Guerra.
Em 1962, o Cutlass oferecia três novas carrocerias: cupê hardtop (sem coluna central), conversível e sedã de quatro portas – no mesmo ano, a potência subiu para 215 cv na versão Jetfire, primeiro automóvel no mundo com turbocompressor. Apesar da aura esportiva, ele era ruim de dirigir, resultado de suspensão macia demais, freios subdimensionados e direção lenta. Melhorias viriam só em 1964, quando foi promovido de compacto a intermediário: o monobloco deu lugar a um chassi de longarinas e o V8 passou a ser de ferro fundido, com 5,4 litros e 290 cv. Apesar do retrocesso tecnológico, estava ao gosto do mercado: maior, mais pesado e mais potente.
Agora um muscle car, ganhou a versão 442 (carburador de quatro corpos, câmbio de quatro marchas e escapamento duplo). O V8 subia a 310 cv e o conjunto melhorava: chassi mais rígido, pneus mais largos, freios e suspensão redimensionados faziam dele um dos melhores muscle cars de Detroit. Mas o consumidor fiel da Olds dava mais importância ao luxo: em 1966, o Cutlass sem coluna central recebeu o nome Holiday e o sedã, Supreme, com calotas integrais, interior próprio e teto de vinil – este deu tão certo que a opção foi estendida ao cupê.
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A terceira geração, de 1968, ficou maior, com entre-eixos de 2,80 (cupê) ou 2,90 metros (sedã e perua), e o 442 ganhou um enorme V8 7.4 de 380 cv em 1969. É dessa época o Cutlass Supreme Holiday 1971 das fotos. “Era um carro robusto, potente, macio e divertido: ele une o luxo de um Cadillac ao desempenho de um Camaro”, diz o dono do carro, André Sangiacomo.
Em 1973, a quarta geração, de estilo controverso e tamanho e peso (1 750 kg) excessivos, sofreu com a crise do petróleo, mas a marca soube trabalhar seu carro-chefe, que se tornou o automóvel mais vendido de 1976. A quinta, de 1978, encolheu e ganhou motores mais econômicos – incluindo dois inéditos V8 diesel (4,3 e 5,7 litros). A ousadia resultou na liderança de vendas de 1979 a 1981, até que a Olds fez do Cutlass uma submarca, dividida em Ciera e Supreme. O primeiro com tração dianteira e motores quatro-em-linha e V6, o outro com tração traseira e os V8.
Esse conflito foi acentuado com o terceiro Cutlass em 1985, o Calais, e só piorou em 1988, quando o Supreme aderiu à tração dianteira. Sem uma estratégia definida, o Cutlass foi vítima de um marketing que renegava a tradição Oldsmobile, para cativar o comprador mais novo. Desacreditado, ele acabou na sexta geração, em 1999, como uma mera versão travestida do Chevrolet Malibu. Assim como o Cutlass, a Oldsmobile foi incapaz de conter a própria derrocada e foi extinta em 2004.
Motor | V8 de 5,7 litros |
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Potência | 310 cv SAE a 4.800 rpm |
Torque | 53,9 mkgf a 3.200rpm |
Câmbio | automático de 3 marchas |
Carroceria | fechada, 2 portas, 6 lugares |
Dimensões | comprimento, 516 cm; largura, 193 cm; altura, 134 cm; entre- eixos, 284 cm |
Peso | 1.588kg |
0 a 100 km/h | em 12,8 segundos |
Velocidade máxima | 200 km/h |